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700 milhões de mulheres se casaram ainda crianças, diz ONU

Mais de 700 milhões de mulheres no mundo se casaram quando ainda eram crianças, denunciou a ONU

Jovem que fugiu de um casamento forçado depõe no Paquistão (Aamir Qureshi/AFP)

Jovem que fugiu de um casamento forçado depõe no Paquistão (Aamir Qureshi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2014 às 10h12.

Londres - Mais de 700 milhões de mulheres no mundo se casaram quando ainda eram crianças, denunciou nesta terça-feira o Unicef, que organiza em Londres uma conferência sobre a luta contra os casamentos forçados e a mutilação genital feminina.

A conferência, intitulada "Girl Summit 2014", é co-organizada pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, e é a primeira deste tipo, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, a Unicef.

Seu objetivo é conseguir apoios em todo o mundo para colocar fim aos casamentos forçados e à ablação de clitóris, que atinge mais de 130 milhões de mulheres e meninas nos 29 países da África e do Oriente Médio onde sua prática é mais frequente, segundo a Unicef.

A cúpula redigirá uma "Carta Internacional" pedindo o fim destas práticas e novos programas para prevenir os casamentos forçados e de meninas em 12 países em desenvolvimento.

Entre os participantes da conferência se encontra o pai de Malala Yousafzai, a menina paquistanesa que sobreviveu a um ataque dos talibãs e se converteu em militante a favor do acesso das meninas a escolas.

Segundo novos dados da agência da ONU, entre as 700 milhões de mulheres vítimas de casamentos forçados, mais de um terço (250 milhões) tinham menos de 15 anos quando se casaram.

Sobre as mutilações genitais, praticadas especialmente em 29 países da África e do Oriente Médio, a Unicef aponta uma melhora da situação, afirmando que o risco para uma adolescente sofrer mutilação genital diminuiu um terço em 30 anos.

"Mas sem ações imediatas muito mais intensas e apoiadas por parte de todos os atores sociais, centenas de milhares de meninas continuarão sofrendo ferimentos profundos, permanentes e totalmente inúteis", advertiu a Unicef.

"As meninas não são propriedade de ninguém, têm direito de escolher seu destino. Quando isso é feito, todos são beneficiados", declarou o diretor-geral da Unicef, Anthony Lake, em um comunicado.

O governo britânico anunciará durante o dia uma nova legislação que punirá no Reino Unido os pais que não impedirem a ablação do clitóris de sua filha.

"Todas as meninas têm o direito de viver livres de qualquer violência e coerção, sem serem forçadas ao casamento ou aos efeitos físicos e psicológicos vitalícios de uma mutilação genital feminina", indicou Cameron em um comunicado.

"Práticas chocantes como estas, por mais arraigadas que estejam na sociedade, violam os direitos das meninas e das mulheres em todo o mundo, inclusive aqui no Reino Unido", acrescentou.

"Quero construir um futuro melhor para todas as nossas meninas e acolho hoje o Girl Summit para que possamos dizer com uma só voz: vamos acabar com estas práticas de uma vez por todas".

No início de julho, um relatório do Parlamento britânico classificou de escândalo nacional o fracasso por parte das autoridades britânicas de acabar com a ablação do clitóris, que no Reino Unido envolve 170.000 mulheres.

As mutilações genitais femininas envolvem todas as intervenções que consistem em retirar totalmente ou parcialmente os órgãos genitais externos da mulher por motivos culturais ou religiosos.

Podem provocar graves hemorragias e problemas urinários, e com o tempo cistos, infecções, esterilidade e complicações durante o parto.

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