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700 mil homenageiam vítimas de ataque neste sábado

De Toulouse (sul), onde 80 mil pessoas se reuniram para repudiar os atentados, a Nice (sudoeste), onde marcharam mais de 30 mil pessoas, as manifestações espontâneas se multiplicaram em várias cidades do país


	Protesto em Paris após ataque ao jornal Charlie Hebdo
 (Stephane Mahe/Reuters)

Protesto em Paris após ataque ao jornal Charlie Hebdo (Stephane Mahe/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2015 às 15h55.

A França manteve seu nível de alerta máximo e reforçou a segurança na véspera da manifestação maciça deste domingo, à qual assistirão vários líderes europeus, em repúdio aos ataques jihadistas, que deixaram 17 mortos esta semana.

Uma maré humana de 700 mil pessoas foi às ruas de várias cidades francesas neste sábado, anunciou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.

De Toulouse (sul), onde 80 mil pessoas se reuniram para repudiar os atentados, a Nice (sudoeste), onde marcharam mais de 30 mil pessoas, as manifestações espontâneas se multiplicaram em várias cidades do país.

Cazeneuve disse que a França adotou "todas as medidas" necessárias para garantir a segurança da passeata deste domingo na capital.

No total, serão mobilizados 5.500 homens, entre policiais e soldados, inclusive 2.200 agentes encarregados de proteger a manifestação diretamente e os militares encarregados do restante da aglomeração parisiense, no âmbito do plano antiterrorista Vigipirate.

Ao lado do presidente François Hollande, participarão da marcha a chanceler alemã, Angela Merkel, os chefes de governo italiano, Matteo Renzi, espanhol, Mariano Rajoy, e britânico, David Cameron. A presidente Dilma Rousseff será representada pelo embaixador do Brasil na França, José Bustani. O chanceler russo, Serguei Lavrov, e o primeiro-ministro turco, Ahmed Davutoglu, também anunciaram sua participação, entre outros.

"Foram adotadas todas as medidas para que esta manifestação possa transcorrer em um clima de recolhimento, respeito e segurança. Todos os dispositivos estão adotadas para garantir a segurança" da grande marcha convocada após o massacre no jornal Charlie Hebdo, disse Cazeneuve.

Fontes policiais disseram este sábado, à AFP, que Hayat Boumeddiene, a companheira do jihadista morto na sexta-feira após fazer reféns em um mercado de produtos judaicos, em Paris, e que era procurada intensamente pela polícia francesa, tinha viajado para a Turquia "há algum tempo".

Procurada pelo suposto envolvimento na troca de tiros praticada por Amédy Coulibaly, em Montrouge (sul de Paris), no qual uma policial foi morta, e pela suspeita de ajuda na tomada de reféns no mercado kasher (que deixou quatro mortos), Boumeddiene, muito provavelmente, já estava na Turquia no momento dos fatos, informou a fonte.

Os investigadores buscam verificar se, após viajar para a Turquia, ela estaria atualmente na Síria.

Tanto Coulibaly quanto a companheira tinham "vínculos constantes" com os irmãos Said e Chérif Kouachi, autores do massacre de 12 jornalistas, funcionários e policiais, na quarta-feira, em Paris, na sede do semanário satírico Charlie Hebdo e de ter executado um policial em uma rua próxima.

Os dois irmãos foram mortos pelas forças de segurança na localidade de Dammartin-en-Goele, a nordeste de Paris, quase ao mesmo tempo que Coulibaly.

Desde o atentado contra o semanário "Charlie Hebdo", na quarta-feira, até o fim da tomada de reféns, nesta sexta, morreram em diferentes ataques na França 17 pessoas, além dos três atacantes, e pelo menos 20 pessoas ficaram feridas.

A mulher mais procurada da França

A esposa de Chérif Koucahi, Izzana Hamyd, está detida desde a quarta-feira, enquanto a companheira de Coulibaly se tornou a mulher mais procurada da França.

Segundo a promotoria, Izzana Hamyd fez mais de 500 telefonemas em 2014 para a companheira de Coulibaly, Hayat Boumeddiene.

De cabelos pretos e longos e rosto infantil, Boumeddiene é muito religiosa e usa o véu integral, o que a obrigou a renunciar ao emprego de caixa, segundo a imprensa francesa.

Filha de um entregador, faz parte de uma família de sete irmãos. Ela se casou no religioso com Coulibaly em 2009. Sua mãe morreu em 1994, segundo a mesma fonte.

Coulibaly, cujos pais tinham origem maliense, justificou a tomada de reféns pela intervenção militar francesa no Mali e os bombardeios ocidentais na Síria, segundo conversa gravada pela rádio francesa RTL.

Além disto, este delinquente reincidente que se radicalizou na prisão, ligou durante a tomada de regéns para outras pessoas próximas pedindo que executassem mais atentados na "periferia parisiense", segundo uma fonte de segurança.

Os dois irmãos Kouachi, franceses de origem argelina, estavam há anos na lista negra americana do terrorismo. Said Kouachi tinha treinado no manejo de armas no Iêmen em 2011.

Ambos estavam na "No Fly List" americana, que proíbe as pessoas de voar de ou para os Estados Unidos.

Reunião antiterrorista Europa-EUA

Na reunião de crise, celebrada na manhã deste sábado, convocada pelo presidente François Hollande, dedicou-se a manter o máximo nível de alerta "de mobilização e vigilância" no país, indicou o ministro do Interior.

O chefe de Estado francês prestou homenagem na véspera à "coragem e à eficácia" das forças de segurança. Ele qualificou de "horrível ato antissemita" a tomada de reféns no supermercado kasher e alertou que a "França não terminou com as ameaças" que a cercam.

Neste contexto, uma conferência sobre terrorismo reunirá este domingo, em Paris, doze ministros do Interior dos Estados Unidos e da Europa.

Uma autoridade religiosa da rede Al Qaeda na Península Arábica (AQPA) ameaçou a França com novos ataques em um vídeo divulgado na sexta-feira, revelou o centro de vigilância americano de sites islamitas (SITE).

"Não estarão em segurança, enquanto combaterem Alá, seus mensageiros e seus fiéis", disse ao povo francês Narit al Nadari, autoridade da AQPA em matéria da sharia, a lei islâmica.

"Soldados que adoram Alá e seus mensageiros estão entre nós. Não temem a morte, buscar o martírio em nome de Alá", completou.

O balanço dos atos terroristas destes últimos três dias na França não tem precedentes nos últimos 50 anos e abre interrogações sobre os dispositivos de segurança.

"Há uma falha, é evidente. Quando há 17 mortos, é porque ocorreram falhas", reconheceu o premiê francês, Manuel Valls, lembrando que "centenas de indivíduos partem para a Síria ou o Iraque", onde recebem "formação terrorista".

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