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6 previsões para a zona do euro em 2012, segundo Ernst & Young

Probabilidade de recessão no 1º trimestre é maior, fim do bloco de moeda única não está descartado por economistas e desemprego não deve ficar abaixo de 10% até 2015

Contagem Regressiva para a Europa (Marcel Salim/EXAME.com)

Contagem Regressiva para a Europa (Marcel Salim/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2011 às 14h06.

São Paulo – A expectativa de que os países que integram a zona do euro vão entrar em recessão no primeiro trimestre de 2012 aumentou consideravelmente, revela estudo divulgado nesta quinta-feira pela empresa de auditoria e de consultoria Ernst & Young.

Um cenário não tão animador é esperado, apesar de os líderes da região terem concordado na ultima semana em adotar regras fiscais mais rígidas, com o objetivo de manter o orçamento dos países em equilíbrio durante os próximos anos.

“O acordo representa um passo na direção certa e foi bem recebido pelos investidores”, avaliou Marie Diron, economista da Ernst & Young. No entanto, “ainda há preocupações sobre a capacidade dos governos da zona do euro de aplicar de forma rápida os cortes nos orçamentos”, alerta.

Os detalhes sobre como o acordo será aplicado ainda permanecem “obscuros”, destaca o estudo, que ainda prevê por conta disso um ambiente volátil no futuro próximo, afetando gradualmente as perspectivas de crescimento da zona do euro por “pelo menos seis meses”.

PIB fraco até o fim de 2012

A Ernst & Young prevê que a zona do euro somente irá interromper o fraco crescimento no final de 2012, quando o Produto Interno Bruto (PIB) da região deverá ter expansão de 0,1%, aumentando entre 1,5% e 2% entre os anos de 2013 e 2015.

“O verdadeiro desafio para a região e para as economias avançadas é encontrar formas para elevar seu crescimento para além dos níveis históricos, pagando assim as dívidas e aprendendo a conviver com o orçamento equilibrado daqui pra frente”, declara Mark Otty, também economista da Ernst & Young.

Provável intervenção do BCE

A consultoria classificou como positiva a decisão recente do Banco Central Europeu (BCE) de reduzir a taxa básica de juros em 1% ao ano, além de anunciar medidas para elevar a liquidez do setor bancário.


A Ernst & Young acredita que as dificuldades de alguns países em implementar as reformas fiscais necessárias devem propagar o período de compra, por parte da autoridade monetária, de títulos de dívida soberana dos países mais afetados pela crise.

“Como a aplicação das reformas fiscais e estruturais levam tempo, o BCE poderá desempenhar um papel fundamental no curto prazo ao comprar bônus de países em dificuldade, evitando que os rendimentos destes títulos não cheguem ou fiquem em níveis insustentáveis”, destaca o estudo.

“Com a volatilidade nos mercados de títulos, as perspectivas de fraco crescimento e alta necessidade de financiamentos em 2012, o BCE deve considerar a opção de atuar como credor em última instância, para evitar assim problemas até mais profundos – como a possibilidade de divisão da zona do euro”, estima a economista Marie Diron.

Taxa de desemprego acima de 10% até 2015

Os países da zona do euro têm registrado uma alta taxa de desemprego desde que emergiu a crise de 2008, e os economistas da Ernst & Young não descartam uma piora neste cenário.

A perspectiva é de que a taxa de desemprego nos países de moeda única não deve ficar abaixo de 10% até 2015. “Possíveis reformas no mercado de trabalho da zona do euro ajudariam a garantir mais flexibilidade e redução de custos, fazendo com que os países saiam futuramente da crise sob uma base mais sólida”, sugere Marie.

“Fim da zona do euro ainda é possível”

Na avaliação da Ernst & Young, os últimos acontecimentos na Grécia, Itália e Espanha sugerem que reduziu o risco de fim da zona do euro.

“Essa ameaça continua”, principalmente caso em 2012 ocorra uma grande necessidade de refinanciamento da dívida soberana acompanhada por tensões, seja por conflitos políticos ou por manifestações e protestos da população.

“O custo da quebra da zona do euro seria, sem dúvida, muito alto e teria um impacto duradouro não apenas na Europa, mas também em toda a economia mundial. Acreditamos que as autoridades dos países mais ricos da região vão assegurar os esforços para manter em vigor a moeda única”, estima Marie Diron.


A economista também vê maior probabilidade de o BCE atuar como credor da região em última instância do que os países e o mundo arcarem com os custos no médio prazo da dissolução da zona do euro.

Liquidez no setor bancário

Com a concessão de empréstimos cada vez mais apertada na Europa, em especial por conta da percepção dos bancos de agravamento do cenário econômico, o investimento feito por empresas e a capacidade das companhias para elevarem a produção são reduzidos.

Para reverter este cenário, o BCE estendeu por três anos os empréstimos aos bancos e ampliou o leque de garantias fornecidas para as instituições financeiras para quitarem suas dívidas no futuro, não comprometendo assim a liquidez.

“Todas estas medidas visam aliviar a difícil situação de financiamento por parte do sistema bancário, permitindo aos bancos desempenhar assim um papel fundamental de fornecedor de empréstimos para a economia”, afirma a economista da Ernst & Young.

Inflação deve recuar em 2012

Diversos fatores devem provocar a desaceleração da inflação na zona do euro em 2012. Um deles está relacionado aos preços do petróleo, que já recuam após atingirem picos históricos em 2011. A expectativa da consultoria é de uma queda de até 10% na cotação do óleo cru no próximo ano.

O desaquecimento da inflação em nível global também irá colaborar para a redução dos preços na zona do euro em 2012. A Ernst & Young projeta que a inflação média na região ficará em 2,6% neste ano e 1,8% no próximo, permanecendo com taxas similares em 2013 e 2014.

“Embora as medidas (de austeridade) não sejam piores do que as adotadas em 2008, a situação atual não deixa de ser preocupante. Há agora questões maiores como o problema de liquidez dos bancos e a taxa de desemprego para serem resolvidos”, alerta.

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