Menino em frente a prédio destruído em Áden, no Iêmen: mais de 1,4 milhão de pessoas foram deslocadas pela guerra no Iêmen (AFP / Ahmed Farwan)
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2015 às 11h15.
Genebra - Mais de 500 crianças morreram desde o início do conflito no Iêmen, e 1,7 milhão estão expostas à desnutrição, denunciou nesta sexta-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Seis meses depois da intervenção de uma coalizão árabe dirigida pela Arábia Saudita para ajudar o governo iemenita em sua luta contra os rebeldes huthis, ao menos 505 crianças morreram e 702 ficaram feridas, indicou Christophe Boulierac, porta-voz da Unicef.
Além disso, lamentou que 606 crianças tenham sido recrutadas à força ou utilizados por todas as partes no conflito, o que equivale a "quatro vezes mais que em 2014".
"As crianças morrem nos bombardeios, mas também nos combates nas ruas", explicou Boulierac, que fez um apelo a todas as partes no conflito e àqueles que têm uma "influência sobre eles de acabar com esta violência".
Em um país onde 80% da população tem menos de 18 anos, cerca de 10 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária urgente, segundo este mesmo organismo.
No total, mais de 1,4 milhão de pessoas foram deslocadas pela guerra no Iêmen.
Desde o início do conflito, 2.355 civis morreram e 4.862 ficaram feridos, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, que pediu no início de setembro uma investigação internacional independente.
Mas nesta semana os países ocidentais deram uma guinada, segundo alguns sob pressão da Arábia Saudita, e retiraram seu apoio da Holanda, que queria apresentar no Conselho de Direitos Humanos da ONU uma resolução na qual pediria uma investigação internacional sobre crimes de guerra cometidos no Iêmen.
Esta mudança de posição obrigou a Holanda a retirar na noite de quarta-feira seu projeto, deixando o campo livre a outro texto, defendido por Riad, e que pede que a ONU apoie uma comissão de investigação nacional.
Este texto foi adotado nesta sexta-feira por consenso pelos 47 países membros do Conselho.