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5 tentativas de matar ou derrubar Fidel que deram errado

Os EUA planejaram diversos atentados contra o líder da Revolução Cubana, mas nenhum deu certo. Castro ficou meio século no poder e faleceu aos 90 anos

Fidel Castro: líder cubano sobreviveu a dez presidentes americanos (Charles Platiau/Reuters)

Fidel Castro: líder cubano sobreviveu a dez presidentes americanos (Charles Platiau/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 06h00.

Última atualização em 6 de dezembro de 2016 às 10h36.

São Paulo – O ano era 1960. A jovem alemã Marita Lorenz é recrutada pela CIA para colocar fim a uma das mais preocupantes ameaças dos Estados Unidos do século XX. Sua missão? Matar Fidel Castro, seu amante durante oito meses e líder da Revolução Cubana de 1959.

Apesar das diversas tentativas de eliminar o político, Castro só faleceu há pouco mais de uma semana, aos 90 anos. Até agora não se sabe quais foram as causas da morte do "comandante", que sobreviveu a dez presidentes americanos.

Um desses planos está narrado na biografia de Marita “Eu fui a espiã que amou o comandante”, publicado no Brasil pela editora Planeta. Ela conta que a ideia era matar o cubano com pílulas envenenadas, mas que no trajeto entre Miami e Havana, elas se derreteram e Marita desistiu de concluir a ação.

As investidas foram diversas ao longo dos anos: 638, de acordo com o livro "638 maneiras de matar Castro", ainda não traduzido para o português. A obra foi escrita por Fabián Escalante, chefe do serviço de contrainformação cubano e responsável pela segurança do político.

De acordo com um documentário de mesmo nome, produzido pela televisão britânica Channel 4, todas as tentativas teriam sido arquitetadas pela CIA e outros serviços de inteligência dos EUA.

Esse número, no entanto, pode estar exagerado, como mostrou a Comissão Church – um inquérito criado pelo Senado dos EUA em 1975 para investigar atividades ilegais das agências de segurança do país. Segundo os documentos, muitas tentativas, de fato, existiram, enquanto outras não passaram de fases preparatórias.

Para professor de relações internacionais da FESPSP, Rodrigo Gallo, essas movimentações, ainda que polêmicas, são comuns quando se trata de líderes com o mesmo perfil do cubano. “Fidel Castro, concordando ou não com o que ele dizia, era um homem carismático. A movimentação para desestabilizá-lo é como um jogo de xadrez: basta derrotar o que comanda o grupo para desmoralizar o movimento todo”.

Exame.com compilou alguns desses episódios, segundo descritos na biografia de Marita, no livro e documentário de Escarlate, nos documentos da Comissão Church e em uma obra escrita por Tim Weiner, intitulada "Legado de Cinzas: uma história da CIA", que foi distribuída pela editora Record e ganhou o prêmio Pulitzer. Confira abaixo:

1. Invasão da Baía dos Porcos

O episódio mais importante do conflito entre Cuba e Estados Unidos foi a chamada invasão da Baía dos Porcos. No dia 17 de abril de 1961, mil e quinhentos exilados cubanos treinados pela CIA tentaram invadir a ilha caribenha, pelo sul do país. Aqui, a intenção não era necessariamente a de matar Fidel, mas sim desestabilizar a sua liderança.

Após três dias de conflito entre as tropas americanas e cubanas, o governo transformou quase todos os invasores em prisioneiros. A derrota resultou no rompimento total entre os dois países, que só começou a ser revertido nos últimos anos, e na aproximação de Cuba com a URSS.

Gallo explica que esse episódio foi uma tentativa dos EUA de impedir que uma influencia ideológica socialista estivesse tão perto geograficamente dos territórios americanos. "O governo que Castro construiu sempre foi uma ameaça para o capitalismo dos EUA e as chances desse modelo se espalhar pela América do Sul e Central eram muito altas e precisavam ser barradas".

2. Charuto envenenado

Esta é, sem dúvidas, a tentativa de eliminar Castro mais famosa do mundo, segundo o documentário da TV britânica. Na ocasião, idos de 1960, a CIA encarregou um de seus agentes de comprar uma caixa dos charutos preferidos do revolucionário e injetar nos cigarros um veneno fatal.

E uma das investigações da Comissão Church constatou a veracidade dessa estratégia. O relatório, no entanto, revelou que não houve indícios de que os charutos foram repassados para Castro. Há ainda um boato popular de que um outro ataque teria sido planejado com charutos explosivos, mas essa hipótese nunca foi comprovada.

3. Moluscos explosivos

Mergulho era um os hobbies preferidos de Castro. Com isso em mente, a CIA decidiu tentar colocar um explosivo dentro de um molusco que habitasse a costa da ilha caribenha.

Segundo a Comissão Church, isso quase aconteceu em 1973, quando um chefe da força de tarefa anti-Castro da CIA chamado Desmond Fitzgerald pediu para que seu assistente pesquisasse a possibilidade de se produzir uma concha que pudesse ser programada para explodir embaixo d'água.

4. Máfia

Outras tentativas de matar Castro estão descritas no livro de Weiner, especializado na cobertura das movimentações da CIA pelo consagrado jornal americano The New York Times. Nele, o jornalista narra episódios em que até membros de grupos mafiosos dos EUA foram contratados para tentar eliminar o líder cubano. 

Um deles aconteceu em agosto de 1960, o diretor de operações da agência americana, Dick Bissel, buscou o contato de um matador profissional para acabar com a vida de Castro, mas não conseguiu seguir em frente com o plano.

No ano seguinte, alguns mafiosos indicaram também para a CIA o nome do cubano Tony Varona. A ideia era a de que ele trabalhasse para a agência como infiltrado. Sua missão foi a de colocar cápsulas de veneno no sorvete de Fidel. A mirabolante estratégia também falhou, já que a inteligência de Cuba encontrou a substância em uma geladeira momentos antes de ir para a mesa do seu líder.

5. Queda de cabelos e barba

Outra estratégia para desestabilizar a influência de Fidel perante seus seguidores tinha como fundamento sabotar o carisma de seus discursos. Em uma das declarações do cubano, que aparece no documentário de Escarlate, o político diz que sua barba era o que cativava o povo, por isso, ele nunca a tirava. Dito e feito: a CIA cogitou colocar uma substância tóxica em seus sapatos, capaz de fazer com que seus cabelos e barba caíssem. A ideia, no entanto, tampouco foi para frente.

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