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5 pontos para entender a crise na Venezuela

Da ascensão de Maduro ao poder em 2013 até os dias de hoje, entenda os fatores que deram origem e aprofundaram a crise Venezuela

Crise na Venezuela: Presidente Nicolás Maduro busca reforçar apoio dos militares para se manter no poder (Miraflores Palace/Reuters)

Crise na Venezuela: Presidente Nicolás Maduro busca reforçar apoio dos militares para se manter no poder (Miraflores Palace/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 13 de maio de 2017 às 07h00.

Última atualização em 17 de maio de 2019 às 16h08.

São Paulo – A cada semana, as crises política, econômica e humanitária que a Venezuela enfrenta parecem se agravar. Em janeiro, as turbulências ganharam ainda mais força depois de o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, se declarar presidente interino do país, ato que fez com que ganhasse o apoio de grande parte da comunidade internacional.

Essas instabilidades, no entanto, parecem longe do fim. Se por um lado Maduro permanece firme como presidente, classificando a tensão como tentativa de golpe dos Estados Unidos e apoiado pelas forças armadas do país, a oposição segue tentando desestabilizar a sua posição.

O clima de tensão no país não é de hoje e os próximos desdobramentos das crises são, por ora, imprevisíveis. Abaixo, EXAME.com reuniu alguns dos acontecimentos mais relevantes dos últimos anos para entender a crise na Venezuela.

Como Nicolás Maduro chegou ao poder na Venezuela?

Em 2013, o mundo observou os desdobramentos da morte de Hugo Chávez, que assumiu a presidência da Venezuela em 1999. Maduro era seu vice-presidente e chegou à liderança do país em caráter interino e então convocou eleições.

Acabou eleito para um mandato de seis anos em 15 de abril de 2013, num pleito apertado e cujo resultado foi contestado por Henrique Capriles, candidato derrotado e um dos líderes da oposição. Na época, a aprovação do seu jovem governo era robusta: 64% dos venezuelanos eram favoráveis de sua gestão.

Anos depois, em maio de 2018, Maduro foi reeleito em uma eleição geral permeada por denúncias de fraude. Aqui nascia mais um capítulo da crise da Venezuela, já que a legitimidade do pleito foi questionada não apenas pela oposição venezuelana, mas pela comunidade internacional. Desde então, o movimento por novas eleições gerais só ganhou força.

O que explica a crise econômica e humanitária?

Embora Maduro tivesse um bom índice de aprovação popular no início do primeiro mandato, o chavista herdou uma economia em frangalhos e uma das principais razões para isso foi a queda no preço dos barris de petróleo, principal produto de exportação da Venezuela e cujas receitas financiavam programas e serviços sociais.

Segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB per capita do país caiu mais de 35% entre 2013 e 2017 e a hiperinflação chegou em 1.350.000% no ano passado. Como resultado da crise, uma nova crise, essa de caráter humanitário, surgiu para assolar a população, que sofre com a escassez de itens essenciais como remédios e alimentos.

Era uma questão de tempo até que os problemas econômicos impactassem os índices. Hoje, 48% da população vive em condições de pobreza. A violência também estourou país afora, levando a capital Caracas ao topo do ranking das cidades mais violentas do planeta.

Qual o papel das eleições de 2015 e a oposição?

A crise econômica se agravou e a aprovação do governo começou a cair. A resposta da população aparece então no resultado das eleições legislativas, vencidas pela oposição, que vira maioria parlamentar pela primeira vez desde 1999. A coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUC) assume 112 cadeiras, contra 51 do Partido Socialista Unido da Venezuela de Maduro.

A pressão sobre Maduro cresce e, em 2016, a oposição dá início a um movimento para a convocação de novas eleições. Pelas leis do país, é possível abreviar o mandato da presidência a partir de um referendo popular que, por sua vez, depende da coleta de 20% de assinaturas do padrão eleitoral, que equivale a cerca de 4 milhões, para ser realizado.

O processo de realização dessa consulta foi, no entanto, suspenso pela autoridade eleitoral venezuelana sob a justificativa de que o processo estava irregular. Sem essa possibilidade, a oposição passou então a pleitear a antecipação das eleições, que aconteceram apenas em 2018, e a população passou a tomar as ruas em protestos contra e a favor do chavista.

Em janeiro de 2019, Maduro tomou posse para o segundo mandato e a resposta de Guaidó veio na autodeclaração como presidente interino na Venezuela. Agora, a oposição luta pela saída imediata de Maduro da presidência e a convocação de um novo pleito.

Como a Suprema Corte se posiciona

Acusada pela oposição de ser pró-Maduro, a Suprema Corte barrou várias leis, amargando ainda mais a relação entre governo e oposição. A situação se agravou em 2017, quando a corte retirou a imunidade dos parlamentares da Assembleia Nacional da Venezuela e tentou assumir as funções da casa, após acusar seus membros de estarem em desacato com uma decisão.

O episódio, no entanto, foi revertido dias depois, após recomendação do próprio Maduro e foi amplamente criticado pela comunidade internacional, que até então vinha se mantendo distante das turbulências internas no país.

Protestos na Venezuela

Desde a confusão entre Suprema Corte e Parlamento nos idos de 2017, a oposição intensificou seus esforços perante a população, que vem tomando as ruas de diferentes cidades em toda a Venezuela. Muitos grupos, contudo, se manifestam a favor de Maduro.

A resposta do governo aos protestos sempre foi dura. Em janeiro de 2019, uma nova onda de manifestações contra o chavista resultou na detenção de ao menos 77 menores, um fato que chocou o mundo. Segundo a ONU, mais de 850 pessoas foram colocadas em prisões pelo país no que seria o maior número de detenções em décadas no país . A organização também informou que o número de mortos nas repressões ocorridas na ocasião chegou a 40.

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