São Paulo – Com greve parcial no metrô (encerrada por volta das 17h) e rodízio suspenso, o trânsito de São Paulo parou nesta quarta-feira. Às 10h, a CET registrava 249 quilômetros de congestionamento nas vias monitoradas, recorde histórico. Mas ficar parado no transito não é um fato raro na vida do paulistano. A cidade, que tem um dos trânsitos mais caóticos do mundo (segundo um estudo da IBM, de 2010, o sexto pior do planeta), marca presença com frequência nas listas de congestionamento recorde. Clique nas fotos para relembrar alguns engarrafamentos históricos e veja como eles se comparam ao “trânsito nosso de cada dia” em São Paulo.
Em agosto de 2010, um congestionamento de 100 quilômetros paralisou uma estrada próxima a Pequim por nada menos que 12 dias. A “velocidade” média chegou a 3 quilômetros por dia em alguns trechos do percurso e alguns motoristas levaram três dias para conseguir sair do engarrafamento. O motivo da confusão foi o excesso de veículos comuns somados a um número muito acima da média de caminhões que, ironicamente, estavam transportando materiais que seriam usados em futuras obras de ampliação de estradas.
Em 2005, às vésperas da chegada do furacão Rita, todos os moradores de Houston decidiram deixar a cidade de uma vez. De uma hora para outra, 2,5 milhões de carros se amontoaram na rodovia I-45, rota oficial de evacuação. O congestionamento se estendeu por 160 quilômetros e durou dois dias inteiros. Os motoristas levaram 28 horas para fazer o percurso de Houston a Austin, que normalmente leva 3 horas.
O pior congestionamento da história do Japão aconteceu em 1990. A combinação de centenas de famílias japonesas voltado das férias com a ameaça de um tufão gerou o caos nas estradas que levam a Tóquio. Foram 135 quilômetros de engarrafamento, o que, para uma ilha de dimensões modestas, é bastante coisa. Apesar de ter colocado o Japão na história dos grandes engarrafamentos, o volume é apenas o dobro do congestionamento normal das estradas que ligam a capital a cidades adjacentes, que centenas de japoneses percorrem para chegar ao trabalho todos os dias.
A euforia com o fim da Guerra Fria e da divisão da Alemanha em duas metades levou milhões de carros às ruas e terminou em engarrafamento. Uma combinação de celebrações, com alto volume de turistas e os próprios alemães querendo cruzar a antigas fronteiras culminou em um engarrafamento de mais 18 milhões de carros nos limites entre as antigas partes Ocidental e Oriental.
Não é só em São Paulo que viajar nas férias pode terminar em roubada. Em fevereiro de 1980, milhares de franceses ficaram presos em um congestionamento de 175 quilômetros entre Lyon e Paris. O motivo? Todos foram esquiar nas férias de inverno e resolveram voltar no mesmo dia. O tempo ruim colocou o tempero adicional para entornar o caldo francês.
Acostumado a novos recordes de trânsito todos os anos, o paulistano enfrenta diariamente níveis de congestionamento equivalentes aos dos grandes engarrafamentos da história do mundo. Embora os números não sejam exatamente comparáveis – já que o congestionamento medido pela CET é referente a diversas vias, espalhadas por diferentes partes da cidade, e não a um engarrafamento “linear”, como nos casos citados anteriormente –, em um dia qualquer, o paulistano pode levar de duas a três horas para percorrer trechos que, fora dos horários de pico, levariam menos de 30 minutos para serem cobertos. E com mais de 5,2 milhões de carros em circulação na cidade e outros 300 por dia entrando para a frota (dados de 2011, do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), não há perspectiva de melhora no horizonte do motorista paulistano.
Megaporto de Chancay, projetado para ampliar rotas comerciais entre Ásia e América do Sul, recebeu investimentos chineses e deve atrair mais de US$ 3,5 bilhões em novos aportes nos próximos anos