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Em abril, a humanidade bateu um recorde histórico perigoso

Pela primeira vez, a concentração de CO2 na atmosfera, vilão do aquecimento global, superou o nível de 400 partes por milhão (ppm) durante um mês inteiro


	Paquistão: queima de combustíveis fósseis outras atividades poluentes são vilões do efeito estufa
 (AFP/Arquivos)

Paquistão: queima de combustíveis fósseis outras atividades poluentes são vilões do efeito estufa (AFP/Arquivos)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 27 de maio de 2014 às 11h06.

São Paulo - Pela primeira vez, a concentração mensal de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera superou o nivel de 400 partes por milhão (ppm), no mês de abril, em todo o hemisfério norte, segundo dados da Organização Mundial de Meteorologia (OMM).

Este limiar é de importância simbólica e científica e reforça a evidência de que a queima de combustíveis fósseis e outras atividades humanas poluentes são responsáveis pelo contínuo aumento de gases do efeito estufa, vilões do aquecimento global.

Em abril, a concentração média mensal de dióxido de carbono na atmosfera passou de 401,3 ppm, conforme dados do centro de Mauna Loa, no Havaí, a mais antiga estação de medição de CO2 e referência mundial.

Em 2013, o limite dos 400 ppm só foi superado um par de dias, no hemisfério norte, que tem mais fontes antropogênicas de CO2 do que o hemisfério sul.

As estações que monitoram a atmosfera global registraram as concentrações de CO2 recordes durante o máximo sazonal, que ocorre no início da primavera do hemisfério norte, antes do crescimento de vegetação que absorve CO2.

"Isso deve servir como alerta sobre os aumentos dos níveis de gases de efeito estufa que conduzem à mudança climática. Se quisermos preservar o nosso planeta para as gerações futuras, precisamos travar novas emissões desses gases retentores de calor", advertiu o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. "O tempo está se esgotando."

Embora os valores máximos de primavera no hemisfério norte já tenham cruzado o nível de 400 ppm, a concentração de CO2 média anual global só deve deve cruzar este limiar entre 2015 e 2016.

O CO2 é o gás de efeito estufa mais importante emitido pelas atividades humanas. Ele permanece na atmosfera por centenas de anos. Sua expectativa de vida nos oceanos é ainda maior.

Segundo os cientistas, ele foi responsável por 85% do aumento no forçamento radiativo, indicador utilizado para avaliar o conjunto de fatores que causam alterações climáticas, ao longo da década 2002-2012.

Entre 1990 e 2013, houve um aumento de 34% no forçamento radiativo por causa de gases de efeito estufa, de acordo com os últimos números da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA).

Segundo o Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM, a quantidade de CO2 na atmosfera chegou a 393,1 partes por milhão em 2012, ou 141% do nível pré-industrial, de 278 partes por milhão.

A quantidade de CO2 na atmosfera tem aumentado, em média, 2 partes por milhão por ano nos últimos 10 anos.

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