Jacinda Ardern: forma como a Nova Zelândia lidou com a pandemia foi considerada exemplo para o resto do mundo (Mark Mitchell - Pool/Reuters)
Felipe Giacomelli
Publicado em 18 de julho de 2020 às 11h00.
Quando colocamos o pé para fora de casa, mesmo em lugares que já estão vivendo o chamado "novo normal", todo cuidado é pouco. Afinal, o coronavírus é invisível, pode ficar em superfícies e cientistas argumentam que sua transmissão é possível até mesmo pelo ar.
Só dá para ficar mais tranquilo quando o país diminui drasticamente - ou até mesmo zera - o número de casos. Certo?
Os quatro países abaixo descobriram que a resposta não é bem assim, e a covid-19 pode voltar quando menos se espera.
No começo da pandemia, o país asiático foi considerado um exemplo de combate ao coronavírus usando técnicas que depois seriam adotadas por muitos países, como a testagem em massa da população e rastrear com quem as pessoas infectadas tiveram contato.
O resultado foram semanas registrando por volta de dez novos casos. Tudo mudou no começo de maio, quando o país reabriu bares e casas noturnas. De uma hora para a outra, a Coreia teve 34 novos doentes e começou a investigar um homem que, com covid-19, esteve em diversas casas noturnas em uma mesma noite, quando teve contato com cerca de 1.500 pessoas.
Para evitar a segunda onda, foi fim de festa. Ao todo, 2.100 bares e casas noturnas voltaram a ser fechados por lá.
Epicentro do coronavírus, o país asiático passou semanas só registrando casos do novo coronavírus de pessoas que tinham vindo de outro país, onde a doença estava a se espalhar.
Mas em junho, a China precisou reconfinar a cidade de Pequim - com mais de 21 milhões de habitantes - depois que um novo surto da doença foi registrado.
Foram 158 novas infecções que obrigaram o fechamento de escolas, bares e restaurantes, a readoção do home-office e o cancelamento de milhares de voos. Levou duas semanas, mas as autoridades chinesas disseram que o surto havia sido controlado.
E como o vírus tinha reaparecido na China? A suspeita é que o salmão importado por mercados atacadistas trouxe a doença de volta.
O paradisíaco arquipélago de menos de 1 milhão de habitantes, no começo de junho, se declarou livre do coronavírus. Depois de chegar a 18 casos, o local fechou suas fronteiras e impôs um isolamento rigoroso, sem se preocupar se o turismo - uma de suas principais atividades econômicas - seria afetado.
Sem o coronavírus, o país já estava começando a trabalhar para receber novamente visitantes - mas somente vindos de outros lugares onde a covid-19 também estava controlada.
Mas no começo de julho o país se viu novamente lidando com o coronavírus. As autoridades locais anunciaram que um 19º caso tinha sido descoberto: de um homem que acabara de voltar de viagem à Índia.
Também no começo de junho, a Nova Zelândia se declarou livre da covid-19, quando o último paciente da doença tinha recebido alta. Foi o fim das medidas de distanciamento social por lá.
Semanas de quarentena rígidas e um acompanhamento de perto da presidente Jacinda Ardern foram considerados medidas de sucesso no combate à covid-19, que causou 22 mortes (número muito baixo em comparação a outros países) e lições para o resto do mundo no enfrentamento à pandemia.
Mas, após 25 dias sem notificações da doença, o país voltou a ter mais duas pessoas com a covid-19: duas viajantes que retornavam do Reino Unido. E elas desencadearam uma crise interna. É que, na Nova Zelândia, quem chega de outro país precisa ficar de quarentena por 14 dias. E as duas receberam a permissão de deixar o isolamento mais cedo, daí foram diagnosticadas com a doença.
Segundo a agência de notícias Reuters, o governo neozelandês foi obrigado a explicar por que as duas mulheres foram liberadas sem os exames necessários e também se as instalações para a quarentena de estrangeiros eram adequadas. O governo recebeu duras críticas de opositores pelo episódio e respondeu reendurecendo a quarentena para pessoas vindas de outros países.