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300 migrantes seguem presos em centro alvo de ataque aéreo na Líbia

O ataque aéreo na capital da Líbia deixou 44 mortos e 130 feridos

Ataque em centro de imigrantes na Líbia deixa dezenas de mortos e mais de 100 feridos (Ismail Zitouny/Reuters)

Ataque em centro de imigrantes na Líbia deixa dezenas de mortos e mais de 100 feridos (Ismail Zitouny/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de julho de 2019 às 13h47.

Cerca de 300 migrantes continuavam detidos no centro de Tajura, perto da capital líbia, Trípoli, após um ataque aéreo que deixou 44 mortos e 130 feridos, informou nesta quinta-feira a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Entre os mais de 600 migrantes que estavam no centro, 300 seguem no local, recebendo assistência humanitária da OIM, declarou à AFP Safa Msehli, assessora de imprensa deste organismo na Líbia.

Msehli não pôde confirmar a informação segundo a qual dezenas de migrantes fugiram na noite de terça-feira após o ataque aéreo.

No entanto, em um comunicado nesta quinta, a OIM ressaltou que sua equipe "localizou" e transferiu para um hospital "um grupo de migrantes feridos nos bairros circundantes depois que eles deixaram Tajura por causa do bombardeio".

"O ataque de terça-feira matou pessoas inocentes, e todas as partes devem agir imediatamente", disse o chefe da missão da OIM na Líbia, Othman Belbeisi, citado no comunicado.

"Os sofrimentos dos migrantes na Líbia se tornaram intoleráveis. Deve ficar claro para todos que a Líbia não é um lugar seguro e que milhares de vidas permanecem em risco", acrescentou.

Este drama causou comoção internacional na quarta-feira, mas os Estados Unidos impediram o Conselho de Segurança da ONU de adotar, em reunião de emergência, uma condenação unânime deste ataque mortal.

De acordo com a OIM, entre os mais de 600 migrantes em Tajura, 187 estavam inscritos no seu programa de "retorno voluntário". E recorda que ainda existem cerca de 3.300 migrantes "em risco" nos arredores de Trípoli.

As agências da ONU e ONGs humanitárias expressaram em diversas ocasiões serem contra o envio de migrantes resgatados no mar para a Líbia, que está mergulhada no caos desde a queda de Muammar Khaddafi em 2011. Nesses casos, os migrantes são colocados em "detenção arbitrária" ou acabam à mercê das milícias.

A situação é ainda mais crítica desde o início da ofensiva, em 4 de abril, do marechal Khalifa Haftar, homem forte do leste da Líbia, para conquistar Trípoli, sede do Governo de União Nacional (GNA) reconhecido pela ONU.

Crime de guerra

O ataque contra o centro "pode claramente constituir um crime de guerra", disse na quarta-feira o enviado da ONU na Líbia, Ghassan Salamé.

O enviado da ONU apelou à comunidade internacional para "condenar este crime e impor sanções apropriadas aos autores desta operação em flagrante violação" dos direitos humanos.

O Conselho de Segurança se reuniu, mas não obteve um acordo para condenar o ataque, após os Estados Unidos decidirem não apoiar a declaração.

É a segunda vez que esse centro de migrantes de Tajura é atingido desde que o marechal Haftar lançou uma ofensiva em abril para controlar a capital.

Em um comunicado, o GNA, com sede em Trípoli e reconhecido pela ONU, denunciou o que chamou de "crime odioso" e o atribuiu "ao criminoso de guerra Khalifa Haftar".

As forças do marechal Khalifa Haftar negaram ter bombardeado o centro de imigrantes.

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