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3 anos após o Lehman Brothers, será que um ET entenderia a nossa crise?

Governo salva banco, que cobra juro maior para salvar governo, que pode salvar banco de novo

Lehman Brothers: a crise mundial continua três anos após a quebra do banco (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Lehman Brothers: a crise mundial continua três anos após a quebra do banco (Chung Sung-Jun/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2011 às 11h37.

São Paulo – Três anos após a quebra do Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, tente explicar a um extraterrestre as razões que alimentam a atual crise econômica. A reação de espanto será natural.

Em 2008, os governos socorreram os bancos que estavam quebrando, ou seja, transformaram uma dívida privada em um problema de todos os contribuintes. Não vamos entrar aqui no mérito se era melhor deixar as instituições quebrarem – até porque haveria consequências incalculáveis para a economia –, mas o fato é que os governos salvaram os mercados.

Três anos depois, a crise é fiscal – em parte porque os governos torraram dinheiro nessas instituições. Muitos países devem mais de 90% do seu Produto Interno Bruto (PIB) e a Grécia, na casa dos 150%, é a maior candidata a um calote. Os bancos, que no passado recente foram ajudados pelos governos, estão entupidos de títulos de países à beira do abismo e, por isso, pedem cada vez mais juros para continuar comprando esses papéis.

Quando um país está na iminência de um default, todos olham com desconfiança para os bancos e seus respectivos ativos podres e, ao menor sinal de quebradeira do sistema, lá estão os governos prontos para socorrer as instituições financeiras.

Para facilitar a vida do nosso amigo extraterrestre, vamos resumir: a crise bancária de 2008 virou fiscal porque os governos salvaram os bancos, que agora cobram juros maiores dos governos que, se derem um calote, quebram os bancos que serão socorridos pelos governos. Ufa!


Só mais um exemplo da confusão econômica em que vivemos. A Grécia está atolada em dívidas. Para ter direito à ajuda do bloco europeu, o governo grego se comprometeu a fazer um rigoroso ajuste fiscal. Na teoria, a solução parece perfeita. Na prática, porém, não está fácil atingir os objetivos.

O problema é que quanto mais os impostos são aumentados e os gastos públicos, reduzidos, maior é a recessão. O desemprego cresce, o consumo cai e a arrecadação do governo grego diminui, piorando a situação fiscal de um país que, para ter direito à ajuda do bloco europeu, se comprometeu a fazer um rigoroso ajuste fiscal...

Todo mundo sabe como a crise começou – juros baixos nos Estados Unidos durante muito tempo, falta de regulamentação no mercado financeiro, dinheiro jogado fora em guerras inventadas, gastos excessivos na Grécia, descumprimento das regras fiscais da zona do euro etc.

Falta descobrir como isso tudo vai terminar. Quem sabe o nosso amigo extraterrestre não tem a solução.

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