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2017: o ano em que desastres naturais arrasaram os Estados Unidos

No ano em que os EUA deixaram o Acordo de Paris e o presidente Trump minimizou o aquecimento global, país lembrou o quão perigoso é o aumento da temperatura

Destruição causada pelo furacão Harvey: fenômeno provocou 983 mililitros de chuva quando passou pelo litoral do Texas (ADREES LATIF/Reuters)

Destruição causada pelo furacão Harvey: fenômeno provocou 983 mililitros de chuva quando passou pelo litoral do Texas (ADREES LATIF/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 31 de dezembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 31 de dezembro de 2017 às 06h00.

No ano em que o presidente Donald Trump retirou os EUA do acordo de Paris e minimizou a ameaça do aquecimento global, os EUA receberam um duro lembrete dos perigos do aumento da temperatura no planeta: uma série arrasadora de furacões, incêndios e enchentes.

O país registrou 15 eventos meteorológicos que custaram US$ 1 bilhão ou mais cada até o começo de outubro, um a menos que o recorde de 16 em 2011, segundo os Centros Nacionais de Informação Ambiental em Asheville, Carolina do Norte. E a conta não inclui os recentes incêndios no sul da Califórnia.

Em muitos casos, o clima bateu recordes. Em outros, foi simplesmente estranho, como a onda de calor em fevereiro que elevou as temperaturas ao recorde de 22 graus Celsius em Burlington, Vermont, e gerou um tornado no Massachusetts.

“No fim das contas, este ano será um dos piores anos da história em termos de estragos para os EUA”, disse Antonio Busalacchi, presidente da University Corporation for Atmospheric Research em Boulder, Colorado.

Alguns dos acontecimentos mais devastadores foram os furacões Harvey, Irma e Maria e os incêndios no norte da Califórnia. As tempestades devastadoras provocaram mais de US$ 210 bilhões em perdas econômicas nos EUA e no Caribe e cerca de US$ 100 bilhões em sinistros, segundo Mark Bove, pesquisador sênior da Munich Reinsurance America em Princeton, Nova Jersey.

A lista não termina aí: caiu granizo destruidor no Colorado e em Minnesota, houve tornados no Centro-Oeste e no Sul, enchentes estragaram uma barragem enorme na Califórnia e provocaram evacuações rio abaixo.

Muitos desses acontecimentos podem ser explicados por padrões meteorológicos históricos. Contudo, os mais calamitosos evidenciaram sinais do aquecimento climático, como o furacão Harvey, que chegou a provocar 983 mililitros de chuva quando passou pelo litoral do Texas após ter chegado ao continente como a primeira das três tempestades de categoria 4 que atingiram os EUA neste ano.

Efeitos do aquecimento

O aquecimento piorou o impacto do Harvey ao aumentar a umidade na atmosfera e enfraquecer os ventos de altitude elevada, que normalmente empurrariam esse sistema, segundo Kerry Emanuel, professor de física atmosférica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge. O Harvey marcou o terceiro ano com grandes enchentes em Houston.

No Texas e em outros estados, “com certeza há indícios de que essas precipitações extremas estão ocorrendo com mais frequência”, disse Greg Carbin, chefe de divisão do Centro de Projeções Meteorológicas dos EUA em College Park, Maryland.

Outros países também sofreram com um clima intenso e sem precedentes em 2017, mas a quantidade e a variedade de incidentes registrados nos EUA não se comparam às de nenhum outro país, disse Bob Henson, meteorologista da Weather Underground em Boulder, Colorado. “Os EUA foram atingidos de modo desproporcional.”

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