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19 mil pessoas vivem acorrentadas na Indonésia, diz HRW

Estudo divulgado nessa segunda-feira pela Human Rights Watch revelou as condições deploráveis enfrentadas por pessoas com transtornos mentais no país

Homem acorrentado na Indonésia: ONG estima que 19 mil pessoas com transtornos mentais vivam hoje acorrentadas ou confinadas no país (Andrea Star Reese/Human Rights Watch)

Homem acorrentado na Indonésia: ONG estima que 19 mil pessoas com transtornos mentais vivam hoje acorrentadas ou confinadas no país (Andrea Star Reese/Human Rights Watch)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 21 de março de 2016 às 15h16.

São Paulo – 19 mil pessoas vivem hoje acorrentadas ou trancafiadas no isolamento na Indonésia. É o que mostra um estudo divulgado nessa segunda-feira pela Human Rights Watch (HRW), organização não governamental que monitora a situação dos direitos humanos no mundo, e no qual são relatados os abusos cometidos contra pessoas que sofrem de transtornos mentais.

Ao todo, 57 mil indonésios foram submetidos à chamada pasung em algum momento da vida. Embora tenha sido abolida pelo governo indonésio em 1977, essa a prática que envolve algemar e confinar portadores de transtornos mentais continua a ser exercida, especialmente por famílias carentes, hospitais e centros de habilitações incapazes de oferecer a assistência médica adequada e em comunidades religiosas.

Vivendo no inferno

O relatório ouviu 175 casos de pessoas portadoras desses tipos de distúrbios e que vivenciaram a pasung, foram há pouco tempo resgatadas daquelas condições ou sofreram outros tipos de abusos, que envolvem desde a violência física até a sexual. O caso mais longo encontrado pela equipe foi o de uma mulher que passou 15 anos isolada em um quarto.

Outro exemplo de pasung e abusos é de Rafi, de 29 anos, que vive em um centro de reabilitação em Bekasi, cidade próxima da capital Jacarta. Eu vivia em casa amarrado, contou à HRW, e vim para o centro porquê eu brigo muito com os outros. Na instituição, contudo, ele continua sendo preso à força, seja por um dia ou uma semana inteira. Se preciso ir ao banheiro, tenho que ir no ralo do quarto, relatou.

A forma como essas pessoas são tratadas em casa ou em hospitais é assustadora. A HRW ouviu casos em que familiares deixaram contatos falsos para conseguir se livrar de quem vive esses transtornos e o problema se agrava por conta de uma crença popular de que relaciona essas doenças à espiritualidade. Como consequência, primeiro se procura por um líder espiritual e, por último, um médico.

Quando finalmente se procura por atendimento médico, o obstáculo enfrentado pelas famílias passa a ser estrutural. Com uma população estimada em mais de 250 milhões de pessoas, a Indonésia conta com 48 hospitais psiquiátricos, sendo que metade deles estão localizados em quatro das 34 províncias e três sequer contam com psiquiatras. 

Abaixo, veja um vídeo produzido pela ONG e que mostra detalhes da realidade dessas pessoas.

https://youtube.com/watch?v=RBa-wwcakHM%3Frel%3D0%26showinfo%3D0

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