Rebeldes do Sudão do Sul: desde janeiro, “cerca de 16 mil crianças foram recrutadas e continuam todos [servindo] nas forças armadas e nos grupos” (Goran Tomasevic)
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2015 às 12h39.
Cerca de 16 mil crianças foram recrutadas à força em 2015 pelas diferentes partes em conflito no Sudão do Sul, revelou hoje (27) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
“A situação das crianças continua grave. Apesar da assinatura de um acordo de paz em agosto, há poucos sinais de melhorias”, declarou um porta-voz do Unicef, Christopher Boulierac, em uma coletiva de imprensa em Genebra.
“Graves violações dos direitos das crianças, como assassinatos, raptos e violência sexual, continuam a ocorrer em todo o país”, lamentou.
Boulierac explicou que a situação das crianças no Sudão do Sul “piorou desde o início de 2015 com o recrutamento e utilização constantes de crianças, essencialmente meninos, mas também meninas, pelas forças e grupos armados”.
Desde janeiro, “cerca de 16 mil crianças foram recrutadas e continuam todos [servindo] nas forças armadas e nos grupos”, adiantou.
Embora vulgarmente sejam chamadas de “crianças soldados”, elas não atuam apenas como combatentes e fazem serviços como o de mensageiro – sendo enviadas para zonas perigosas – ou são usadas, especialmente as meninas, com fins sexuais.
O Sudão do Sul proclamou sua independência em julho de 2011, antes de voltar à guerra em dezembro de 2013 devido a divergências políticas e étnicas, alimentadas pela rivalidade entre o presidente Salva Kiir e o seu antigo vice-presidente Riek Machar, líder dos rebeldes.
O conflito, marcado por atrocidades atribuíveis aos dois lados, causou dezenas de milhares de mortos e obrigou mais de 2,2 milhões a abandonarem suas casas. Cerca de 1,5 mil crianças foram mortas, segundo o Unicef.