República Centro-Africana: entre piores casos, Unicef destacou os da região (Mohamed Nureldin Abdallah/Files/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2014 às 16h47.
Nações Unidas - O ano de 2014 ficará marcado pelo horror, o medo e o desespero para 15 milhões de crianças envolvidas em conflitos ao redor do mundo, segundo denunciou o Unicef nesta segunda-feira.
"Este foi um ano devastador para milhões de crianças", lamentou o diretor-executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Anthony Lake.
Em um balanço dos últimos 12 meses, o Unicef afirmou que "nunca na história recente tantas crianças foram sujeitadas a uma brutalidade tão atroz".
"Crianças foram assassinadas enquanto estavam em sala de aula e enquanto dormiam em suas camas; ficaram órfãs, foram sequestradas, torturadas, recrutadas, violentadas e inclusive vendidas como escravos", denunciou Lake.
O Unicef calcula que há 15 milhões de crianças afetadas por guerras em diferentes pontos do mundo e que até 230 milhões vivem em países e áreas de conflitos.
Entre os piores casos, o organismo da ONU destacou os da República Centro-Africana, onde 2,3 milhões de crianças foram vítimas de algum modo da guerra e 10 mil recrutadas por grupos armados.
Na Síria, mais de 7,3 milhões de crianças sofreram o impacto do conflito e 1,7 milhão são refugiadas. Durante os primeiros nove meses do ano, foram registrados 35 ataques contra escolas, que mataram 105 estudantes e feriram quase 300.
Tanto na Síria como no Iraque - onde 2,7 milhões de pequenos sofreram as consequências da violência -, as crianças testemunharam em primeira mão a "crescente violência extrema" de alguns grupos, segundo o Unicef.
Em Gaza, 54 mil crianças perderam seus lares em consequência da ofensiva israelense, quando morreram 538 menores e mais de 3.370 ficaram feridos.
Em outros países, como o Sudão do Sul, além de deslocar centenas de milhares de crianças, a violência contribuiu para estender a fome. Segundo os cálculos do Unicef, 235 mil menores de cinco anos sofrem com a desnutrição extrema.
A agência da ONU destacou que todas essas crises contribuíram para deixar em segundo plano a difícil situação vivida pelas crianças em outros países, como Afeganistão, República Democrática do Congo, Nigéria, Paquistão, Somália, Sudão e Iêmen.
O ebola, além disso, deixou milhares de órfãos na Guiné, Libéria e Serra Leoa e cerca de cinco milhões sem ter como ir à escola.
"É tristemente irônico que no 25º aniversário da Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente, quando pudemos celebrar tanto progresso para as crianças globalmente, os direitos de tanto milhões tenham sido brutalmente violados", lamentou Lake.