Mundo

130 palestinos mortos e militar israelense sequestado

Ao menos 130 palestinos morreram nas operações do exército israelense neste domingo, o dia mais sangrento desde o início do conflito

Agente palestino: conflito é o 4º entre o Hamas e Israel em menos de uma década (Mohammed Abed/AFP)

Agente palestino: conflito é o 4º entre o Hamas e Israel em menos de uma década (Mohammed Abed/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2014 às 10h47.

Gaza - Ao menos 130 palestinos morreram nas operações do exército israelense neste domingo, o dia mais sangrento desde o início do conflito, quando 13 soldados israelenses também foram mortos e um militar hebreu, segundo o movimento Hamas, foi sequestrado.

Em função da escalada do conflito, o Conselho de Segurança das Nações Unidas convocaram uma reunião de emergência para a noite deste domingo a pedido do presidente palestino Mahmud Abbas.

Os líderes palestinos e a Liga Árabe acusaram Israel de cometer um "massacre atroz" no bairro de Shajaya, na periferia leste da cidade de Gaza, enquanto o secretário-geral da ONI Ban Ki-moon se prepara para um giro na região para tentar acabar com o conflito que deixou quase 500 mortods.

Para o Exército israelense este também é o dia mais mortal: treze soldados israelenses da Brigada Golani foram mortos na madrugada de domingo em combates na Faixa de Gaza, o que eleva a 18 o número de militares mortos.

O braço armado do movimento palestino Hamas também reivindicou o sequestro de um soldado israelense, desatando uma onda de comemorações nas ruas da Cidade de Gaza.

"O soldado israelense Shaul Aaron está nas mãos das Brigadas Ezzedine al-Qassam", o braço armado do movimento islamita, declarou o porta-voz Abu Obeida em anúncio feito pela televisão.

O exército israelense afirmou que a informação estava sendo investigada.

Dois civis israelenses morreram desde o lançamento, em 8 de julho, da operação Protective Edge, que tem o objetivo de neutralizar as capacidades militares do Hamas na Faixa de Gaza.

Massacre em Shajaya

Segundo os serviços de emergência, ao menos 62 pessoas foram mortas e mais de 200 ficaram feridas nos bombardeios contra o bairro de Shajaya, os mais mortais desde o conflito de 2008-2009 no território palestino.

E com 100 mortos em toda a Faixa de Gaza, este também é o dia mais sangrento desde o lançamento da nova ofensiva.

Em Shajaya, um jornalista da AFP descreveu cenas de carnificina e caos, como um homem que teve a cabeça arrancada. As ruas estavam cheias de carros queimados, incluindo uma ambulância, e vários corpos continuam a ser retirados dos escombros sem cessar.

"O bombardeio brutal e a ofensiva terrestre em Shajaya são crimes de guerra contra civis palestinos e representam uma escalada perigosa que poderá ter sérias consequências", denunciou a Liga Árabe.

O governo palestino também condenou "de maneira firme o massacre atroz cometido pelas forças de ocupação israelenses contra os civis inocentes de Shajaya", chamando a comunidade internacional a "reagir imediatamente contra este crime de guerra".

Frente ao número alarmante de mortos, o Exército israelense justificou sua ofensiva contra este bairro localizado perto da fronteira.

"Shajaya é uma área civil, onde o Hamas tem posicionado seus foguetes, os seus túneis, centros de comando", afirmou o Exército, ressaltando que "há dias temos avisado os civis de Shajaya para que deixem o local".

Uma frágil trégua humanitária, intermediada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), para evacuar de Shajaya os mortos e feridos foi rompida de forma intermitente.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu considerou que a operação militar visando a destruir os túneis utilizados pelo Hamas em Gaza poderá terminar "rapidamente", sem, contudo, fixar datas.

Também afirmou que a comunidade internacional apoia a operação israelense.

"Estamos realizando uma operação complexa, intensa e de profundidade dentro da Faixa de Gaza, que é apoiada pelo mundo. O apoio é muito forte dentro da comunidade internacional", garantiu.

A imprensa israelense ainda apoia em grande parte a ofensiva, mas alguns títulos questionam se o governo estava verdadeiramente preparado para todos os cenários.

Estratégia de saída

Na esperança de obter um cessar-fogo, Abbas, além de pedir uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, ficou de se reunir em Doha com o líder exilado do Hamas, que exige o levantamento completo do bloqueio a Faixa de Gaza, a abertura da fronteira de Rafah com o Egito e a libertação de prisioneiros.

Uma proposta egípcia para um cessar-fogo havia sido rejeitada pelo movimento islâmico palestino.

Na frente diplomática, Ban Ki-moon chegou neste domingo a Doah, onde pediu que Israel faça de tudo para não causar mais vítimas civis.

"Israel deve fazer muito mais para proteger os civis. Enquanto vinha para Doha, outros civis, entre eles crianças, morreram em bombardeios militares israelenses em Shajaya", lamentou o chefe da ONU, condenando "esta ação atroz".

Já presidente Barack Obama, preocupado com o número crescente de mortos no conflito de Gaza, anunciou que enviará a seu secretário de Estado, John Kerry, ao Cairo para tentar negociar um cessar-fogo.

Este conflito, o mais sangrento desde 2009 no enclave palestino sob cerco há anos, é o quarto entre o Hamas e Israel em menos de uma década.

Mais de 3.000 pessoas se manifestaram pacificante contra a ofensiva israelense em Amsterdã, na Holanda, assim como em Rabat, no Marrocos, depois dos violentos protestos pró-palestinos registrados na véspera na França.

Acompanhe tudo sobre:Conflito árabe-israelenseHamasIsraelOriente MédioPalestina

Mais de Mundo

Exportações da China devem bater recorde antes de guerra comercial com EUA

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"