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12 de abril é prazo máximo para fim de violência na Síria

Data foi estabelecida por Kofi Annan, com apoio do Conselho de Segurança das Nações Unidas

Annan: ''Solicito que o governo e os comandantes da oposição deem instruções claras de modo que a mensagem chegue a todo o país'' (Fabrice Coffrini/AFP)

Annan: ''Solicito que o governo e os comandantes da oposição deem instruções claras de modo que a mensagem chegue a todo o país'' (Fabrice Coffrini/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2012 às 21h40.

Nações Unidas - O enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, com o apoio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aumentou nesta quinta-feira a pressão para que Damasco cumpra seu plano de paz e colocou data e hora para o fim da violência no país: 5h GMT (2h hora de Brasília) de 12 de abril.

''Se a Síria cumprir o prazo de 10 de abril (para a plena implementação do plano de paz), todo tipo de violência terá que terminar às seis da manhã hora local de Damasco do dia 12'', disse Annan em discurso para a Assembleia Geral da ONU feito por meio de videoconferência em Genebra.

''Solicito que o governo e os comandantes da oposição deem instruções claras de modo que a mensagem chegue a todo o país, incluídos os combatentes e soldados'', afirmou.

Annan denunciou que a violência continua na Síria. ''Há níveis alarmantes de baixas e de outros abusos que são divulgados diariamente. As operações militares contra os centros civis não pararam. É preciso deter os assassinatos e começar um diálogo político sério, pelo bem dos sírios'', acrescentou.

Antes do discurso de Annan, o Conselho de Segurança pediu que a Síria cumpra ''com urgência e visibilidade'' seu compromisso de iniciar o plano de paz aceito.

Os quinze membros do conselho, que está sob a presidência dos Estados Unidos neste mês, solicitaram que Damasco aplique ''no máximo até 10 de abril'' o acordo de paz, que implica ''o fim dos movimentos de tropas para as cidades, do uso de armamento pesado e a retirada militar dos centros civis''.


O governo do presidente Bashar al Assad se comprometeu em 25 de março a realizar os pontos do plano de Annan e no domingo passado comunicou que faria isso antes de 10 de abril.

O acordo exige de todas as partes envolvidas no conflito o fim da violência e das violações dos direitos humanos, assim como determina o acesso de ajuda humanitára ao país. Além disso, pede o início da transição em direção à democracia, o início do diálogo político e a permissão do acesso da imprensa, entre vários outros pontos.

''Espero novos passos e informações completas, assim como um relatório sobre todas as ações planejadas e tomadas. Os plano de paz precisa ser cumprido de maneira total e urgente'', frisou Annan.

O enviado especial da ONU acrescentou que o governo sírio disse que suas tropas ''tinham se retirado das cidades rebeldes de Idleb, Zabadani e Deraa ''.

No entanto, a situação do país segue piorando. Nesta quinta-feira, segundo os opositores Comitês de Coordenação Local, pelo menos 27 pessoas morreram na Síria, entre elas três menores. Quatorze vítimas perderam a vida em em Homs, sete em Idleb, três em Hama e três em Duma, na periferia na capital.

''É preciso silenciar os tanques, os helicópteros, os disparos de morteiro, as armas e todo tipo de violência, incluindo a tortura, as execuções, os abusos sexuais, os sequestros e as violações dos direitos humanos'', advertiu Annan.

''Queremos ações e fatos, mais que palavras'', disse a atual presidente do Conselho de Segurança, Susan Rice, sobre as promessas do governo sírio de retirar as tropas de algumas zonas urbanas do país. Susan ressaltou que esta quarta-feira foi ''um dos dias mais violentos'' já vividos em muitas cidades sírias.

Por sua parte, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ressaltou que ''apesar da Síria ter aceitado o plano para resolver a crise, a violência e os ataques às zonas civis não pararam. A situação segue se deteriorando e as necessidades humanitárias aumentam''.

Na próxima semana, Kofi Annan comparecerá no Conselho de Segurança para relatar se o acordo foi cumprido por Damasco.

Segundo dados da ONU, desde o início dos protestos na Síria, em meados de março de 2011, mais de nove mil pessoas já morreram. Além disso, cerca de 200 mil pessoas se refugiaram dentro do país e 30 mil em nações próximas, especialmente na Turquia. Um milhão de pessoas precisam de ajuda humanitária urgente. 

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