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1 em cada 3 latinos corre risco de voltar à pobreza, diz ONU

Segundo as Nações Unidas, nos últimos 15 anos a América Latina experimentou as maiores cotas de bem-estar de sua história, mas a recessão econômica preocupa


	Pobreza: segundo as Nações Unidas, nos últimos 15 anos a América Latina experimentou as maiores cotas de bem-estar de sua história, mas a recessão econômica preocupa
 (Getty Images)

Pobreza: segundo as Nações Unidas, nos últimos 15 anos a América Latina experimentou as maiores cotas de bem-estar de sua história, mas a recessão econômica preocupa (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2016 às 17h10.

Um em cada três latino-americanos corre o risco de retornar à pobreza devido à recessão econômica, depois de 15 anos de bonança, destaca relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

"Estimamos que existe uma população entre 25 e 30 milhões de cidadãos que se encontram hoje em vulnerabilidade de cair na pobreza", afirma George Gray, principal autor do estudo e economista-chefe do PNUD para América Latina e Caribe.

"Isso significa uma em cada três pessoas que saíram da pobreza nos últimos 15 anos. É um número enorme", lamentou Gray durante a apresentação à imprensa do relatório "Progresso multidimensional: bem-estar além da renda".

Segundo as Nações Unidas, nos últimos 15 anos a América Latina experimentou as maiores cotas de bem-estar de sua história, devido ao crescimento econômico, políticas públicas governamentais e vários subsídios para os mais necessitados.

Graças a estas políticas, 72 milhões de pessoas saíram da pobreza - a metade no Brasil - e 94 milhões entraram para a classe média, sobretudo em Brasil, Argentina, Colômbia, México e Peru, segundo a ONU.

No entanto, entre 2015 e 2016 aumentou o número absoluto de pobres pela primeira vez em 10 anos.

A América Latina mergulha em um período de retração econômica e aumento do desemprego que ameaça alguns dos êxitos alcançados em termos de bem-estar.

De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), a atividade econômica regional vai registrar contração pelo segundo ano consecutivo e cairá, em 2016, 0,6%, com diminuição do consumo, da demanda interna e dos preços das matérias-primas como petróleo e minerais.

Além disso, o desemprego aumentará 7% em 2016, depois de alcançar em 2015 a marca de 6,5%, o pior resultado em seis anos.

"Esta situação afeta a renda e o bem-estar dos lares vulneráveis", afirmou Gray.

"O progresso de milhões de pessoas se deveu a políticas dedicadas à redução da pobreza, combinadas com um momento de bonança e recursos, mas, com a desaceleração atual, obviamente haverá menos recursos para o investimento governamental para os menos favorecidos", afirmou Jessica Faieta, diretora do PNUD para a América Latina.

Adeus, Adam Smith

Apesar da contração econômica, o relatóro faz um apelo aos governos para continuarem investindo nos mais pobres, em um momento em que 220 milhões de pessoas (38%) correm o risco de voltar para uma situação de pobreza - e um em quatro latino-americanis vive com menos de quatro dólares por dia.

No entanto, avisa que "não é suficiente retornar ao crescimento, já que a extensão da proteção social e os sistemas de cuidados para crianças, idosos e deficientes físicos, o acesso a ativos financeiros e uma melhor qualidade do emprego são vitais" para proteger os êxitos alcançados.

"Muitos falam de como blindar o crescimento da economia, mas a pergunta mais importante é como proteger as conquistas e romper exclusões que afetam milhões de pessoas na região", afirmou Gray.

"Nenhuma das conquistas sociais e econômicas recentes alcançadas na região foi produto do 'laissez faire'", adverte o estudo em referência à teoria econômica liberal do escocês Adam Smith, segundo a qual o Estado deve deixar a economia para o livre mercado.

Continua a desigualdade

O PNUD também alerta em seu documento que alguns grupos sociais que permaneceram na pobreza e marginalidade.

De acordo com o texto, os indígenas, afrodescendentes, camponeses, jovens, mulheres e minorias sexuais não puderam alcançar o progresso em igualdade de condições, já que seu acesso ao mercado de trabalho se vê condicionado por vários fatores.

Por esse motivo, também são necessárias políticas "para atacar as exclusões que transcendem as linhas de pobreza", como as referentes à qualidade de gênero, ao combate à violência machista, ao cuidado com o meio ambiente, a segurança ou a proteção dos direitos das minorias.

"Continuamos sendo uma região desigual. Há grupos de população que não se beneficiaram deste progresso nos últimos 15 anos, independente da tendência política dos governos", afirmou Faieta.

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