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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 14h42.
Se não apurar com disposição inquestionável as irregularidades cometidas por membros do alto escalão partidário, o PT vai pagar um preço muito alto. Essa é opinião do deputado petista José Eduardo Cardozo, membro da CPI dos Correios, em teleconferência promovida pela Tendências Consultoria nesta segunda-feira (25/7).
"Se conseguirmos construir uma postura ativa na apuração dos fatos e fizermos isso de forma convincente, sem titubeios, saímos arranhados, mas ainda fortes", diz Cardozo. "Mas se formos diversionistas, teremos uma derrota brutal nas próximas eleições e seremos reduzidos a uma pequenez que jamais poderíamos imaginar."
Quanto ao governo, Cardozo considera o impeachment improvável, porque até o momento não surgiu fato ligando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos esquemas de corrupção. "O que pode pesar é sua eventual omissão, mas isso já está sendo explorado na arena política." Na avaliação do deputado petista, a utilização da crise para desgastar Lula, sem retirá-lo do poder, é a tática adotada pela oposição.
Além disso, o impeachment implicaria em perda de previsibilidade, que não interessa aos agentes econômicos. "O vice-presidente [José Alencar] não é uma figura que se identifique, por exemplo, com o mercado financeiro", afirma o deputado. A economia, assim, continua atuando como seguro contra acidentes para o governo federal. "Lula é um homem pragmático e sensível e sabe que se não fosse o momento econômico favorável, o processo de impeachment já estaria em curso."
Para o PSDB e o PFL, os dois maiores partidos de oposição, o pragmatismo fala mais alto e afasta a possibilidade de saída de Lula da presidência. "Hoje a oposição tem um antagonista conhecido. Se ele sair, pode surgir um novo antagonista mais difícil do que o presidente Lula", avalia o deputado.