Casa ou apartamento? Pesquisa da ZAP+ revela preferências dos brasileiros quando o assunto é moradia | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
Marcelo Sakate
Publicado em 28 de janeiro de 2022 às 08h37.
Última atualização em 28 de janeiro de 2022 às 09h07.
Nos primeiros meses da pandemia, a partir de março de 2020, o mercado imobiliário começou a testemunhar mudanças de comportamento nas preferências dos brasileiros. Apartamentos e casas com espaços maiores passaram a ser mais valorizados, enquanto o peso da localização -- cuja referência era a proximidade com o trabalho -- diminuiu.
Com a pandemia prestes a completar dois anos e o avanço da vacinação oferecendo maior segurança para a população, como estão as preferências do brasileiro na hora de escolher um imóvel para compra ou aluguel?
Para responder essas perguntas, o DataZAP+, divisão de dados de um dos maiores e mais importantes grupos do mercado imobiliário do país, realizou mais de 800 entrevistas com usuários dos portais ZAP e Viva Real residentes em regiões metropolitanas do país no fim de novembro. Foi a quinta pesquisa sobre as preferências desde o início da pandemia.
"Os resultados consolidam um novo normal do que parecia ser a superação da pandemia, com o avanço da vacinação e a melhora do quadro sanitário, ainda que tenha sido realizada antes da Ômicron. As pessoas retomavam a rotina usando máscaras e tomando cuidados sanitários", disse Pedro Tenório, economista do DataZAP+, à EXAME Invest.
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Os resultados são divulgados em primeira mão pela EXAME Invest. Veja a seguir 5 destaques:
Quatro em cada dez entrevistados disseram que a busca por imóveis aumentou muito (21%) ou um pouco (outros 21%) em relação ao início da pandemia. Trata-se do maior percentual da série histórica (curta) dessa pesquisa. No momento da primeira onda, apenas uma pessoa em cada 25 demonstrava a mesma intenção, o que seria esperado.
Por outro lado, apenas 9% disseram que a procura por imóveis diminuiu muito em relação ao início da pandemia. Na pesquisa conduzida no momento da primeira onda da pandemia, esse contingente era de 60%.
"Os resultados indicam que as pessoas aprenderam a conviver com a pandemia e enxergam uma redução das incertezas, a ponto de voltar a tomar decisões cujos efeitos se alongam, como assumir um contrato de aluguel", disse Tenório.
Seis em cada dez brasileiros (58% do total) dizem que é muito importante que o imóvel alugado tenha um espaço dedicado para o home office, e cinco em cada dez (53%) no caso do imóvel adquirido.
Segundo o economista do DataZAP+, tal diferença se explica pelo fato de que, na procura por imóveis cuja permanência será em tese menor, as pessoas tendem a ter preferências mais específicas. O racional implícito é que, se a preferência do morador mudar, será menos trabalhoso trocar de imóvel do que se ele fosse comprado.
Na estratificação das preferências pelo corte de impacto da pandemia na renda, 50% dos entrevistados que passaram a ganhar mais disseram que é muito importante ter um imóvel com home office; para quem passou a ganhar menos, esse espaço foi considerado muito importante por apenas uma em cada três pessoas (34% do total).
Praticamente oito em cada dez entrevistados (76% do total) disseram que dispor de um imóvel com as características acima é muito importante, o que sinaliza a valorização de características quem passou a fica mais tempo em casa.
Logo a seguir, completando o top 5, as características mais citadas foram:
O terceiro item mais mencionado, a oferta de comércio e serviços nas próximidades, corrobora a tendência mais ampla de valorização da comodidade pelos brasileiros, que se reflete também no crescimento do delivery (entregas).
"Tanto o home office como o distanciamento social implicam mais tempo em casa. E isso valoriza ainda mais poder morar em um imóvel arejado, com vista desimpedida e varanda, como citado na pesquisa", afirmou Tenório.
A pesquisa da DataZAP+ traz uma revelação de certa forma surpreendente: apenas um em cada cinco brasileiros (18% do total) que estão na jornada de compra ou aluguel de imóveis considera muito importante ou importante que o condomínio disponha de serviços adicionais como lavanderia, mensageria, aplicativo do condomínio etc.
Pode ser considerado uma descoberta surpreendente porque, faz alguns anos, incorporadoras apostam e oferecem cada vez mais tais espaços ao lançar prédios residenciais novos. E isso tem um custo na construção e na manutenção mensal, aqui cobrada por meio de um condomínio de valor mais elevado, com funcionários etc.
Completam o top 5 invertido, dos itens menos valorizados:
O fato de que apenas um em cada três entrevistados diz que é muito importante ou importante que o imóvel tenha um ambiente para escritório sinaliza que parte dos que querem um home office no imóvel entende que basta um espaço para uma mesa com cadeira -- que não a mesa de jantar -- em algum canto da casa.
Um dos comportamentos fundamentais alterados no começo da pandemia havia sido a queda na valorização de morar perto do trabalho, diante do fato de que um número maior de pessoas passou a trabalhar de home office.
Uma dúvida importante do mercado, de incorporadoras e imobiliárias era -- e continua a ser -- até que ponto a localização havia perdido relevância na decisão de compra ou aluguel de imóvel.
A pesquisa do DataZAP+ sugere que essa mudança de comportamento começa a perder força, embora seja necessário analisar as respostas em um período mais prolongado para se chegar a conclusões mais sólidas.
Quatro em cada dez entrevistados (43% do total) disseram que morar perto do trabalho é muito importante ou importante.
Entre os que pretendem alugar um imóvel, esse percentual chega a 48%. Na pesquisa realizada na quarta onda, em março de 2021, esse item havia sido citado por 32% dos brasileiros. Por outro lado, para quem deseja comprar um imóvel -- leia-se decisão mais duradoura de vida --, o percentual é menor, de 34% que valorizam esse aspecto.