Mercado imobiliário

Quintal nas alturas: coberturas são negociadas por até R$ 30 mi em meio à busca por espaço

Setor deve continuar aquecido entre alta renda após boom visto na pandemia, avalia incorporadora Nortis

Mercado imobiliário: coberturas devem continuar como tendência para alta renda (Leandro Fonseca/Exame)

Mercado imobiliário: coberturas devem continuar como tendência para alta renda (Leandro Fonseca/Exame)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 31 de julho de 2023 às 16h53.

Segurança, espaço e exclusividade são os ingredientes mais procurados pelos clientes de alta renda na busca por um imóvel. E, em uma cidade como São Paulo, com o horizonte repleto de prédios, nada melhor do que morar no alto de um deles. 

As coberturas são o grande objeto de desejo quando o assunto são imóveis de alto padrão. Na capital paulista, o valor médio desse tipo de propriedade subiu de R$3,5 milhões em 2019 para R$ 7 milhões no ano passado, segundo dados divulgados pela Nortis.

O ponto de virada foi a pandemia. Com o isolamento, os brasileiros foram forçados a passar mais tempo dentro de casa e aumentou a importância do espaço privado. Características associadas ao bem-estar, como iluminação natural, ganharam um peso maior na decisão dos compradores. 

As coberturas despontaram nesse contexto trazendo o melhor dos dois mundos: a segurança e a comodidade de uma vida de apartamento, aliada à privacidade e aos muitos metros quadrados de uma casa.

“Além de um espaço normalmente maior, as coberturas oferecem também o exclusivo. Existe uma sensação de liberdade com vista panorâmica, área de lazer ao ar livre, frequentemente uma piscina privativa. Isso atende simultaneamente a questão da amplitude e da privacidade”, avaliou Carlos Terepins, fundador da Nortis, incorporadora e construtora voltada para o alto padrão.

Grande parte dos clientes da Nortis que buscam coberturas moravam antes em casas. “Eles migram para uma cobertura porque não querem perder a possibilidade de ter uma área descoberta. Por outro lado, querem segurança – que, às vezes, demanda um investimento muito alto para se alcançar em uma casa”, disse.

E na visão do fundador da incorporadora, a tendência deve continuar mesmo com o fim da pandemia. A avaliação é que o desejo por espaço continua, e pode ganhar sair fortalecido da queda nos juros que o mercado projeta no horizonte. Com os rendimentos da renda fixa diminuindo, o capital volta à mesa para investir e comprar. “Os compradores vão ficar mais ansiosos para fechar negócio”, defendeu. 

Quanto custa, onde fica e quem compra?

As coberturas da Nortis contam com uma área de pelo menos 400m². Os valores variam dependendo da região, mas costumam ficar na faixa entre R$ 9 milhões e R$ 30 milhões. A cobertura de maior preço atualmente à venda pela Nortis está localizada no bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo, e custa R$ 14 milhões por 452m². Já a propriedade mais cara já vendida pela incorporadora neste modelo foi nos Jardins, na zona oeste: R$ 30 milhões por 663 m².

Os compradores normalmente fazem parte de um dos seguintes grupos: empresários, executivos, profissionais do mercado financeiro e profissionais liberais como médicos e advogados. 

A Nortis atua principalmente nas regiões Oeste e Sul de São Paulo. Existem bairros tradicionais que atraem os consumidores de alto padrão. Vila Nova Conceição, Jardins, Itaim Bibi, Alto de Pinheiros são alguns exemplos. Porém, existem outros locais despontando como novo foco do mercado imobiliário de alto padrão. Para Terepins, o Brooklin, na Zona Sul, é o bairro da vez na cidade.

“A região do Brooklin foi favorecida pelo zoneamento, que permitiu uma verticalidade. É um bairro plano, com boa infraestrutura de serviços, alto índice de arborização e muito próximo do centro financeiro de São Paulo, entre as avenidas Faria Lima e Berrini. Está se tornando uma importante zona de valor”, avaliou. O preço do m² no Brooklin está em R$ 11.022,22 segundo o Índice Preço Real Exame-Loft.

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