Repórter de Mercado Imobiliário
Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 12h09.
A prévia operacional do quarto trimestre da MRV (MRVE3) deu gás às ações da construtora. Nesta terça-feira, 14, os papéis subiam 5,49%, liderando as altas do Ibovespa.
Um dos destaques apresentados foi a geração de caixa, que foi de R$ 370 milhões no trimestre, resultado que o CFO da empresa, Ricardo Paixão, afirmou à EXAME ser bastante positivo. Os números foram divulgados ontem, 13, após o fechamento do mercado.
Foi a primeira vez que todas as subsidiárias da empresa geraram caixa no mesmo período. O CFO salientou que, no ano, foi gerado R$ 423 milhões de caixa apenas pela MRV Incorporação, o que supera o topo do guidance que a empresa havia informado ao mercado em março de 2024.
A empresa também reafirmou seu compromisso de vender US$ 800 milhões de ativos da Resia, a subsidiária da MRV nos Estados Unidos, entre projetos e terrenos nos próximos dois anos. Já foram vendidos US$ 46,5 milhões. Em 2025, segundo Paixão, haverá uma aceleração do ritmo em que isso vai acontecer.
Para analistas do Goldman Sachs, à primeira vista, foi um trimestre melhor que os recentes, mas a alavancagem "continua sendo um ponto de preocupação para a empresa". Por isso, o relatório do banco classifica o resultado de forma neutra.
Já analistas do Safra acreditam que os "números de fluxo de caixa melhorados na operação brasileira seriam bem recebidos pelos investidores". Na visão do banco, a MRV continua no caminho para implementar sua recuperação total, "mesmo que em um ritmo mais lento".
Ainda no relatório divulgado pelo Safra, embora a Resia tenha registrado uma geração de caixa trimestral positiva, ela não atingiu a queima de caixa zero ao longo do ano. Isso porque a subsidiária encerrou 2024 com uma queima de caixa consolidada de aproximadamente R$ 450 milhões. O banco, porém, manteve uma visão positiva para o papel, com recomendação de compra. Isso porque a ação está sendo negociada a um múltiplo atrativo.
Mais céticos, os analistas do Citi, ponderam que a inflação dos custos de construção, que afetou severamente as construtoras residenciais do Brasil, ainda deve se manter. Isso porque há pressão vindo especialmente do aumento do custo dos materiais. "Embora as pressões de custos possam se estabilizar, reiteramos que as margens para incorporadores de baixa renda devem ser particularmente sensíveis a uma maior inflação dos custos dos materiais e que o espaço para a transferência adicional de custos para os preços está quase saturado neste momento", afirmam.
Sobre a Resia, os analistas do Citi destacam que os riscos incluem as repercussões de uma crise imobiliária desencadeada por taxas hipotecárias elevadas e por uma recessão econômica mais ampla. "Devemos também apontar para os riscos de execução ao longo das perspectivas de crescimento agressivas da subsidiária, especialmente se esta se aventurar em geografias fora do seu domínio central do Cinturão do Sol", diz o relatório.
Por fim, analistas do Santander reforçaram o coro em torno dos riscos. Entre eles, a maior inflação na construção devido a um aumento significativo nos custos de materiais, a inclinação da curva de rendimento de longo prazo do Brasil devido à deterioração fiscal e a inclinação da curva de rendimento de longo prazo dos EUA, a falta de financiamento do programa MCMV causada por potenciais saques do FGTS e alterações nas regras do fundo, e discussões nos EUA sobre limites ao tratamento fiscal 1031.
Em 12 meses, a ação da MRV caiu 31,81%, para R$ 5,36.