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Santander diz que começa 2025 menos otimista, mas cita Cyrela, Cury e Direcional como pontos positivos de atenção (Fernando Vivas/Exame.com/Exame)
Repórter de Mercado Imobiliário
Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 17h29.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2025 às 17h30.
Em relatório divulgado para clientes (e obtidos com exclusividade pela EXAME), o Santander coloca a Cyrela (CYRE3) como top pick e afirma que começa o ano menos otimista com o setor de construção do que em 2024. No entanto, apesar da deterioração no cenário de câmbio e dos juros, o banco ainda vê pontos positivos para seguir investido no setor, mesmo que de forma seletiva.
Entre os desafios no radar, estão o câmbio eventualmente pressionando custos de materiais e impactando o custo de construção, o financiamento mais caro devido a limitações dos recursos de poupança e aumento no custo para emissões de Letras de Crédito Imobiliário. Apesar de o segmento de LCI estar em ascensão, ele teve o ritmo reduzido depois de uma resolução emitida em fevereiro do ano passado.
Há, no entanto, pontos positivos para prestar atenção, afirma o Santander. Entre eles, o baixo estoque em São Paulo tanto em médio e alto padrão como baixa renda, o que sustenta os lançamentos.
Além disso, outros pontos são o alto nível de pré-pagamento da safra de 2025, a regulação mais restrita e o aumento de preços que minimizam os riscos de distratos. Tudo isso, unido à demanda ainda firma do programa Minha Casa, Minha Vida e à falta de recursos da poupança, deve fazer com que os bancos optem por focar no repasse e sejam mais seletivos ao fornecer o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo - SBPE) para Pessoa Jurídica. Isso coloca companhias com forte execução e balanço nos holofotes.
Apesar da desaceleração esperada no segmento de média e alta renda, a Cyrela conseguiu precificar um cenário altamente contracionista. No preço da ação da incorporadora já está descontado um cenário bastante conservador, que inclui queda de 50% nos lançamentos de 2025, desaceleração de vendas e margens brutas convergindo para 30% a longo prazo.
Mesmo neste cenário, a Cyrela ainda entregaria um lucro líquido de R$ 1,5 bilhão em 2025. De acordo com o relatório, a empresa também apresenta um forte momento de ganhos, com uma taxa de crescimento anual composta de lucro por ação de 11% entre 2024 e 2027.
Além disso, o Santander cita o portfólio diversificado de projeto da incorporadora, com grande exposição à baixa renda. Cerca de 45% a 50% dos lançamentos estimados da Cyrela para 2025 virão de unidades de baixa renda (Vivaz) e da segunda fase do projeto Armani Vista, com 30% do lucro operacional da empresa vindo do segmento de baixa renda em 2025, impulsionado pela participação na Cury (CURY3)
e Plano & Plano (PLPL3).
O Santander elevou as estimativas para a Cyrela após resultados melhores do que o esperado do terceiro trimestre de 2024 e o desempenho operacional do quarto trimestre de 2024. As estimativas de lançamentos e pré-vendas para 2025 e 2026 foram revisadas para cima, em 17% e 16%. Além disso, o Santander destaca que os projetos da incorporadora entregues em 2025 e 2026 já estão 90% e 75% vendidos, respectivamente, e 50% e 35% pagos pelos clientes, o que limita os riscos de cancelamentos de vendas.
Apesar de reconhecer a correlação entre o preço das ações e os rendimentos de longo prazo, o Santander acredita que a relação risco-retorno da Cyrela permanece favorável.
Na baixa renda, a preferência da instituição financeira continua por Cury e Direcional (DIRR3), devido ao valuation atrativo, um rendimento de dividendos robusto e balanços sólidos. E, apesar da gradual recuperação de lucro em MRV (MRVE3) e Tenda (TEND3), o Santander ainda opta pela Plano & Plano dado o balanço sólido e o rendimento de dividendo de 10,2% para 2025.