Maquete do Parque Global: apenas o estande de vendas custou R$ 40 milhões (Germano Lüders/Exame)
Marília Almeida
Publicado em 16 de abril de 2022 às 08h15.
Última atualização em 19 de abril de 2022 às 12h07.
Um projeto que começou há dez anos e passou metade desse tempo embargado por questões ambientais. Cinco torres com 46 andares em cada uma, em um terreno de mais de 200 mil metros quadrados que incluirá também um shopping center, uma universidade e um hospital na cidade de São Paulo.
Esse será o Parque Global, projeto em construção pelo grupo Bueno Netto no bairro do Morumbi, na zona sul da capital paulista, e comercializado pela incorporadora Benx. O empreendimento tem, entre seus sócios, a gigante americana Related, do bilionário Jorge Pérez (leia entrevista com o empresário: Rei dos condomínios de Miami revela planos no Brasil).
É um projeto que não será facilmente replicado no médio prazo na maior cidade do país dadas as suas dimensões. Veja abaixo os seus principais pontos:
A exemplo do Parque Cidade Jardim, da JHSF, os apartamentos residenciais terão vista para o rio Pinheiros, uma vez que as torres serão afastadas uma da outra graças ao tamanho do terreno. O projeto prevê uma área de 58 mil metros quadrados com 40 equipamentos de lazer, a maioria ao ar livre.
Haverá uma espécie de mini cidade, com acesso de moradores a serviços de educação, compras, alimentação e saúde, reduzindo a necessidade de deslocamentos para outras regiões da cidade.
É um conceito que, novamente, remete ao Parque Cidade Jardim, que conta com torres residenciais construídas em cima do shopping Cidade Jardim.
As características do Parque Global, em conjunto, geraram resultados em termos de vendas e valorização, segundo avaliação dos incorporadores. Em 18 meses, desde o momento em que a primeira torre foi lançada ao mercado, o preço do metro quadrado residencial saltou de R$ 13.000 para R$ 19.000.
É uma valorização considerada elevada em um período curto, mas pela qual passaram também prédios de alto padrão em outras regiões nobres da cidade, como Moema e Jardins. A razão? Segundo especialistas, a pressão dos custos de materiais para a obra, em conjunto com a oferta limitada de empreendimentos nesse segmento.
As três primeiras torres do Parque Global já foram totalmente vendidas. A quarta, lançada em setembro de 2021, já foi 80% comercializada. Os apartamentos custam de R$ 3 milhões a R$ 18 milhões. O Valor Geral de Vendas (VGV) alcança R$ 11,5 bilhões, incluindo empreendimentos comerciais e residenciais do complexo.
O fato de estar na outra margem do rio Pinheiros, oposta à linha de trem e ao eixo empresarial da região da Berrini e da Chucri Zaidan não parece ter reduzido o apetite pelo projeto. A Bueno Netto e a Related se comprometeram com a construção de uma ponte e de uma passarela para facilitar o acesso do Parque Global à estação de trem do outro lado do rio. Ao todo, o projeto prevê investimento de R$ 100 milhões para melhorias em seu entorno.
O empreendimento foi bem sucedido em vendas na parte residencial. Mas a segunda etapa, de edifícios comerciais, reserva mais desafios, pois irá depender de uma recuperação econômica mais forte do país no médio prazo.
É o que apontou João da Rocha Lima, coordenador do núcleo de Real Estate da USP (Universidade de São Paulo). "Atualmente, a região do empreendimento não tem mercado para um edifício comercial. E, consequentemente, é difícil viabilizar um hotel, que está no plano dos empreendedores."
"O Tangará não está performando bem. O Four Seasons fechou na pandemia e não reabriu, e todos estão na margem do rio. O sucesso desses empreendimentos vai depender muito da acessibilidade que pretendem dar para o outro lado do rio", disse o especialista.
Segundo Luciano Amaral, diretor-geral da Benx Incorporadora, já existe um pré-contrato assinado com um operador tanto para o shopping como para o hospital. "Até o final do mês de maio devemos assinar o contrato definitivo. Sobre o hotel e a universidade, temos bandeiras interessadas."