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Obras cada vez mais rápidas aceleram entrega de imóveis: entenda

Construtoras e incorporadoras estão comprando o dobro de materiais de acabamento, como pisos cerâmicos e tintas: saiba o motivo

Os materiais de base, como cimento, tijolos e argamassa, tiveram um crescimento de 68% no mesmo período. (Leandro Fonseca/Exame)

Os materiais de base, como cimento, tijolos e argamassa, tiveram um crescimento de 68% no mesmo período. (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 27 de outubro de 2025 às 06h00.

O mercado de materiais de construção no Brasil viu uma recuperação significativa em 2025, com um crescimento notável nas compras de materiais de acabamento, segundo o Panorama de Consumo de Materiais de Construção por Construtoras e Incorporadoras, elaborado pelo Ecossistema Sienge em parceria com a Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção).

Entre janeiro de 2023 e julho de 2025, os materiais de acabamento, como pisos cerâmicos e tintas, registraram um aumento acumulado de 102% nas compras pelas construtoras e incorporadoras. Em paralelo, os materiais de base, como cimento, tijolos e argamassa, tiveram um crescimento de 68% no mesmo período.

Segundo a pesquisa, os materiais de acabamento já respondem 29% do total das compras, percentual acima da média histórica, que gira entre 23% e 26%. Embora os materiais de base ainda dominem as compras (representando entre 71% e 77% do valor gasto), a aceleração no consumo de acabamentos sugere uma maior dinâmica nas etapas finais das obras.

Gabriela Torres, gerente de inteligência estratégica do Ecossistema Sienge, destaca que essa tendência reflete uma retomada do ritmo das obras, com foco em prazos mais curtos e uma coordenação mais precisa entre as etapas de construção.

“Os dados não evidenciam, diretamente, uma redução no tempo total das obras, mas apontam um setor em transformação. A construção vem amadurecendo e incorporando cada vez mais tecnologia — desde ferramentas de gestão e planejamento até métodos construtivos industrializados", afirma Gabriela Torres, gerente de inteligência estratégica do Ecossistema Sienge.

"Essa modernização traz mais integração entre as etapas, reduz desperdícios e torna os processos mais previsíveis e eficientes. Com a reforma tributária e outras mudanças estruturais em andamento, a tendência é que essa digitalização se acelere ainda mais, impulsionando ganhos de produtividade e fortalecendo a sustentabilidade das empresas no longo prazo”, explica.

Case de sucesso

Um dos destaques do relatório é a análise de uma obra de alto padrão iniciada em 2022. No início, a maior parte das compras foi direcionada à estruturação da obra, com 97% dos gastos voltados para materiais básicos.

A partir do final de 2023, os materiais de acabamento passaram a representar mais de 50% do total das aquisições, sinalizando a transição para as fases finais da construção, onde a atenção à qualidade e à experiência do cliente se torna mais evidente.

Paulo Engler, presidente da Abramat, aponta que a previsão para 2026 é de um avanço significativo na eficiência do setor.

“A evolução das práticas de industrialização e a crescente adoção de soluções sustentáveis devem impactar diretamente o consumo de materiais, com os produtos de acabamento superando a marca dos 30% de participação nas compras totais”, prevê Engler.

A mudança nas práticas do canteiro de obras, que se aproxima de uma linha de montagem, também deverá ter um papel importante nesse processo, permitindo a redução de retrabalho e encurtando os prazos. “A disputa no mercado de materiais de construção não será mais apenas por preço, mas também por performance e velocidade”, acrescenta Engler.

Além disso, o uso de ferramentas analíticas tem se tornado essencial para as empresas do setor, permitindo um planejamento mais estratégico de compras e investimentos. Com acesso a dados históricos e projeções de tendências, as construtoras e incorporadoras podem ajustar seus estoques e cronogramas de maneira mais eficaz, o que é crucial em um setor de margens apertadas e projetos de longo prazo.

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