Carlos Terepins, fundador do Grupo Nortis e ex-CEO da Even (Nortis/Divulgação)
Repórter de Invest
Publicado em 5 de março de 2024 às 09h00.
Sete anos após o início das operações, o Grupo Nortis, dos setores de incorporação e construção, alcançou seu “ano do bilhão”. No acumulado de 2023, a companhia chegou à marca de R$ 1,1 bilhão em valor geral de vendas (VGV), alta de 30% mais em relação a 2022, e R$800 milhões em vendas, avanço de 10% em base anual. Foram R$ 4,3 bilhões em lançamentos desde a fundação do grupo, que é composto pela Nortis, voltada para o alto padrão, e a Vibra, dedicada ao segmento econômico.
O segredo dos números está em um crescimento “pé no chão”, segundo o fundador e CEO Carlos Terepins, veterano com mais de quatro décadas de atuação no mercado imobiliário.
“A estratégia e a filosofia foram, desde o princípio, voltadas para um crescimento consistente e sem ousadias excessivas, respeitando a capacidade de execução e a solidez financeira”, disse o CEO em entrevista à EXAME.
Terepins reforçou que a Nortis está pronta para manter a trajetória de ganhos, mas sem se precipitar. “Não será um crescimento a qualquer custo. Vamos respeitar o cenário macroeconômico e o ritmo do mercado imobiliário. Se houver alta no crescimento, será lastreada em solidez de resultados e responsabilidades de entrega”, completou.
Um dos fatores que permite o ritmo mais cauteloso de crescimento é a estrutura societária da empresa. O executivo e seus dois filhos, Fabio e Daniel, são donos de 100% da companhia. “Com um comando definido, a empresa não tem tanta pressão do mercado de capitais e consegue estabelecer estratégias mais voltadas ao longo prazo. Temos calma e tranquilidade para cumprir com nossos objetivos e metas.”
A situação é diametralmente oposta à que Terepins viveu em seu último negócio no mercado imobiliário. O executivo fundou a Nortis em 2017, dois anos depois de ser demitido da construtora e incorporadora Even, da qual era CEO e fundador. Terepins perdeu o controle da empresa em 2015 para um bloco de acionistas que foi aumentando de forma incisiva seu percentual na Even via compra de ações. Apuração da EXAME feita à época apontou que era desejo dos novos acionistas aumentar a distribuição de dividendos e acelerar o crescimento da companhia, que, apesar de elogiada pela estabilidade, avançava em um ritmo mais lento que os pares.
Perguntado sobre uma possível abertura de capital da Nortis, Terepins disse que não é algo que a empresa tenha no radar. “O foco no longo prazo é um dos fatores determinantes para não abrirmos o capital da companhia neste momento.”
O Grupo Nortis hoje atua com duas verticais principais: a própria Nortis, voltada para o alto padrão, e a Vibra, com atuação no segmento econômico. A empresa tem 19 canteiros ativos e já entregou 21 empreendimentos, 13 da Vibra e oito da Nortis. No ano passado, foram dois lançamentos da Nortis e sete da Vibra, com cada vertente respondendo por metade do VGV de R$ 1,1 bilhão. “Foi um período extremamente virtuoso para a companhia, que talvez eu nem imaginasse quando fizemos o primeiro lançamento em 2018”, disse Terepins.
Desde o princípio, o grupo ficou de fora do segmento de média renda, que considera mais sujeita à volatilidade econômica. A companhia nasceu com dois focos distintos, com o filho de Carlos, Fabio Terepins, à frente do segmento econômico, e Daniel Terepins, terceiro sócio e também filho do fundador, como diretor de incorporações da Nortis no alto padrão.
“E na Nortis, o alto padrão não se ateve aos modismos dos últimos anos. O nosso último lançamento do Brooklin, por exemplo, tem apenas 67 unidades e não conta com fachada ativa, estúdio ou NR [dedicadas a aluguel de curta duração]. O cliente que paga de R$ 4 a R$ 5 milhões vai morar em um verdadeiro alto padrão”, afirmou Bruno Ghiggino, CFO do grupo.
A companhia nasceu em momento turbulento para o mercado imobiliário, com um período de baixa entre 2018 e 2019 seguido de um rápido aquecimento dos motores – acompanhado da alta da inflação nos custos de construção.
A boa navegação neste cenário veio, segundo a empresa, de dois pilares. O primeiro é a capacidade de execução do grupo Nortis, garantida pela verticalização da companhia. Hoje o grupo atua em 100% do processo e não depende de terceiros para fazer qualquer tipo de atividade relacionada ao ciclo do empreendimento. O segundo pilar, por sua vez, é a solidez financeira.
“Não adianta somente lançar: lançamos R$ 1,1 bilhão no ano passado, mas vendemos R$ 800 milhões. Tivemos uma margem bruta de 29%, lucro de pouco mais de R$ 73 milhões. O mais importante é o retorno para o acionista, de 38%: estamos entre os melhores ROEs do mercado”, completou Ghiggino.
Para este ano, a expectativa é lançar cinco novos empreendimentos de alto padrão. “Temos um conforto de crédito que nos permite continuar crescendo em 2024.”