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Moura Dubeux (MDNE3) tem alta de 60% no lucro: 'É o novo patamar da companhia', diz CEO

Com modelo único, incorporadora vem driblando as dificuldades de financiamento para média e alta renda, crescendo as vendas em mais de 100% no ano — e aumentando a rentabilidade

Diego Villar, CEO da Moura Dubeux: bom resultado isso veio de uma combinação de crescimento operacional com despesas controladas (Leandro Fonseca /Exame)

Diego Villar, CEO da Moura Dubeux: bom resultado isso veio de uma combinação de crescimento operacional com despesas controladas (Leandro Fonseca /Exame)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 13 de agosto de 2025 às 18h00.

Última atualização em 13 de agosto de 2025 às 20h13.

A Moura Dubeux (MDNE3) segue sustentando a promessa de que o ano de 2025 será transformador para a companhia, que entrou para a bolsa brasileira em 2020 e é a única incorporadora do Nordeste — e com foco no Nordeste — listada.

A construtora reportou lucro líquido de R$ 120 milhões no segundo trimestre de 2025, um recorde para a empresa e uma alta de 60,6% na comparação anual. No semestre, chegou a R$ 190,7 milhões de lucro líquido.

“Os números do segundo trimestre consolidaram o novo patamar da companhia. Estamos vindo com um crescimento significativo de lucro desde o ano passado, mas até então existia a dúvida se aquilo era um bom resultado isolado ou de fato o novo patamar. Já estamos na metade do ano e mais próximos da meta de R$ 400 milhões de lucro do que dos R$ 300 milhões”, afirma Diego Villar, CEO da Moura Dubeux.

Além do recorte regional, a Moura Dubeux também tem um jeito particular de construir: o condomínio fechado. Neste modelo, ela desenvolve o produto, mas, em vez de recorrer a bancos para financiar o projeto, é contratada por um grupo de pessoas interessadas no empreendimento. Os clientes, na prática, compram o terreno da Moura Dubeux e pagam um fee pelos serviços de construção.  

Isso permite que ela drible o momento de mais dificuldade para financiamento dos empreendimentos de médio e alto padrão, setor onde tem a maior parte da sua atuação, para entregar um forte crescimento nas vendas. A receita líquida da companhia ficou em R$ 665 milhões no segundo trimestre de 2025, ante os R$ 392 milhões de 2024. Para o acumulado do primeiro semestre de 2025, a receita líquida foi de R$ 1.103,9 milhões, aumento de 57,6% em comparação com os R$ 700,6 milhões do primeiro semestre de 2024.

O aumento veio combinado com despesas controladas, num modelo verticalizado, em que todas as etapas, do design à construção, são feitos dentro de casa. “É de se esperar, inclusive, uma empresa mais rentável de agora em diante”, afirma.

Não à toa, o retorno sobre patrimônio líquido foi mais um êxito para a incorporadora pernambucana: ele ultrapassou, pela primeira vez na história, o patamar de 20% de ROE, atingindo 20,6% ao final do período.

Já a margem bruta, que Villar avalia como “bem posicionada” para o segmento de média e alta renda, tem suportado bem os custos de obra. Para o trimestre, a margem ajustada foi de 34,9%, redução de 2,2 pontos percentuais em relação ao ano passado.

“Pontualmente, neste trimestre, tivemos a questão do reconhecimento de uma torna maior de um terreno comprado a dinheiro, que jogou a margem um pouco para baixo. Mas nada afetou a lucratividade”, afirma o CEO.

Lançamentos a um baixo endividamento

Na Moura Dubeux, a regra é clara: “Não queremos crescer contratando dívida”, afirma Diego Villar. Por isso, a alavancagem da companhia se mantém baixa.

Assim, foi estabelecido um limite: a dívida líquida da empresa não poderia superar 20% do patrimônio líquido após o pagamento de pelo menos R$ 100 milhões em dividendos.

A companhia tem dois modelos de negócios que compuseram os resultados do segundo trimestre. No altíssimo padrão, ela trabalha com condomínio fechado. No alto padrão, pode trabalhar tanto em condomínio fechado como em incorporação. Há, ainda, a Mood, que é 100% incorporação e que tem metade de seu portfólio na faixa 4 do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

No modelo chamado de condomínio, a obra é feita a preço de custo e a empresa atua na administração da construção, ficando remunerada por meio de taxas de consultoria imobiliária e administração das obras.

A companhia vende as frações ideais do terreno para os interessados, que formam um grupo de condôminos. Essa receita é obtida praticamente à vista. Os custos da construção ficam a cargo do grupo de condôminos, não sendo necessário que a empresa desembolse caixa para financiar a obra.

“Com isso, as obras se autofinanciam, mitigando os riscos”, afirma Villar.

A dívida líquida da Moura Dubeux no segundo trimestre foi de R$ 181,7 milhões, representando 10,7% do patrimônio líquido da companhia.

Crescimento acelerado

No segundo trimestre, a Moura Dubeux reportou R$ 1,9 bilhão em lançamentos, aumento de 192% em relação ao ano anterior.  Já as vendas líquidas totalizaram R$ 1,2 bilhão, aumento de 143% em comparação ao mesmo período de 2024.

O VSO (velocidade de vendas sobre a oferta), indicador que mede a velocidade de vendas em relação à oferta disponível, atingiu 49% nos lançamentos, enquanto o VSO líquido ficou em 29,9%. Outro ponto positivo foi a redução do consumo de caixa, que caiu para R$ 5 milhões no trimestre.

Esses números, divulgados em prévia operacional no começo de julho, já tinham impressionado os analistas, que destacaram o bom desempenho da companhia em várias frentes, impulsionado pela forte absorção de projetos de condomínios de alta renda, desenvolvimento acelerado na região do Novo Cais, em Recife, e potencial de crescimento apoiado na faixa 4 do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

Com um ritmo forte de expansão e foco em uma região pouco explorada pelos concorrentes, os analistas acreditam que a Moura Dubeux tem grandes perspectivas de crescimento futuro. Apesar de as ações da Moura terem mais que dobrado de valor e subido 118% no ano, o Itaú BBA, por exemplo, ainda vê espaço para mais. O preço-alvo do banco para os papéis ao fim de 2026 é de R$ 31 – potencial de alta de 33% em relação ao fechamento de hoje.

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