Economia

Mercado imobiliário no Rio começa a se recuperar da crise

Cidade tem alta de 4,9% no número de imóveis negociados no 3º trimestre

Rio de Janeiro: mercado de alto padrão tem ajudado na recuperação do seto (Crédito: Pintai Suchachaisri/Getty Images)

Rio de Janeiro: mercado de alto padrão tem ajudado na recuperação do seto (Crédito: Pintai Suchachaisri/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 6 de janeiro de 2020 às 07h12.

Última atualização em 6 de janeiro de 2020 às 07h14.

Rio de Janeiro — Enquanto outras cidades do país já experimentam recuperação mais vigorosa do mercado imobiliário, no Rio, a recuperação ainda caminha a passos tímidos.

De acordo com a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-Rio), a estimativa é fechar 2019 com R$ 3 bilhões em valor geral de vendas de lançamentos na capital. A projeção está longe da média de R$ 10 bilhões registrada nos anos de boom do setor, de 2011 a 2013, mas corresponde ao dobro do total de 2017, o ponto mais grave da crise.

Um dos indicadores de recuperação aparece em levantamento do Secovi Rio, sindicato de empresas de habitação, que captou alta de 4,9% no total de imóveis negociados na cidade no terceiro trimestre de 2019: foram 12.827 contra 12.231 no mesmo período do ano passado. Segundo a pesquisa, 62,7% dos apartamentos tinham valores até R$ 300 mil. Já os imóveis de alto padrão — com preços acima de R$ 951 mil — são 6,9%.

O mercado de alto padrão tem ajudado na recuperação do setor. Construtoras que atuam no segmento estão tirando projetos da gaveta, como a Concal, que planeja lançar nove empreendimentos residenciais e comerciais no Rio nos próximos 12 meses, com valor geral de vendas superior a R$ 900 milhões.

A faixa mais afetada pela crise é a formada por compradores de classe média com demanda por imóveis de R$ 301 mil a R$ 900 mil. Esta fatia depende da retomada do emprego e da estabilidade da renda para se comprometer com um investimento de longo prazo.

"Nos últimos quatro anos, o setor de construção teve queda expressiva, especialmente pelo achatamento da renda da classe média. O que manteve o setor produzindo foram os projetos do programa Minha casa minha vida", avalia Sérgio Cano, professor do MBA de Gestão de Negócios Imobiliários e da Construção Civil da FGV.

José Conde Caldas, presidente da Concal, lembra que o novo Código de Obras e Edificações do Rio, aprovado este ano, possibilitou a redução da área mínima útil de apartamentos, e tem animado os investidores a participar de novos empreendimentos:

"Em São Paulo, 28 mil unidades de apartamentos pequenos foram lançadas com sucesso, atraindo jovens, estudantes e casais idosos. O Rio já olha para este potencial."

As reduções nos juros dos contratos de financiamento e a competição entre os agentes financeiros têm levado otimismo ao setor. A Caixa Econômica, que detém cerca de 70% do mercado, baixou a taxa a 6,5% ao ano mais TR para novos contratos. Outros bancos também reduziram taxas.

Para Fabio Azevedo, professor de Direito Imobiliário da Escola Superior de Advocacia da OAB/RJ, na Zona Sul a recuperação do mercado já começou:

"Já há lançamentos previstos em bairros da Zona Sul, que estão com demanda mais aquecida e apresentam recomposição do preço."

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