Economia

Mercado imobiliário dos EUA ainda apresenta riscos

São Paulo - A exposição ao mercado imobiliário dos Estados Unidos ainda representa um risco significante à economia do país, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI), no novo Relatório de Estabilidade Financeira Global (GFSR, na sigla em inglês). Segundo o documento, os bancos regionais são os que estão mais expostos, com cerca de 12 instituições […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.

São Paulo - A exposição ao mercado imobiliário dos Estados Unidos ainda representa um risco significante à economia do país, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI), no novo Relatório de Estabilidade Financeira Global (GFSR, na sigla em inglês). Segundo o documento, os bancos regionais são os que estão mais expostos, com cerca de 12 instituições com excessiva exposição ao mercado de imóveis comerciais. O relatório afirma que o governo, por meio do Tesouro, já socorreu o setor com cerca de US$ 128 bilhões até o final de 2009, mas analistas estimam que será necessário esticar a ajuda para US$ 300 bilhões.

O texto fala do crescimento do número de imóveis que estão fora do mercado, geralmente por causa de execução de hipotecas, o chamado "inventário sombra", que deve se traduzir em pressão futura no mercado imobiliário. A preocupação com o mercado imobiliário se estende para a Europa, segundo o relatório, especialmente a Espanha, onde houve um crescimento mais acelerado de empréstimos ruins, os NPLs (nonperforming loans, em inglês), devolução de ativos imobiliários após execução de hipotecas nos últimos dois anos e as estimativas seguem ascendentes.

Bancos pelo mundo
As estimativas para as baixas contábeis e provisões no sistema bancário no mundo por causa da crise financeira global entre 2007 e 2010 caíram para US$ 2,3 trilhões, dos US$ 2,8 trilhões projetados em outubro de 2009, informou hoje o FMI. Deste total, cerca de US$ 1,5 trilhão já havia sido contabilizado até o final de 2009. O documento ressalta que o sistema bancário de alguns países ainda mostra deficiência na área de crédito, especialmente onde há maior exposição ao mercado imobiliário comercial.

De acordo com o relatório, os bancos têm pela frente novos desafios por causa do lento processo de estabilização dos financiamentos, a possibilidade de uma regulação mais rígida, levando-os a reavaliar seus negócios assim como levantar mais capital e tornar seus balanços menos arriscados. "A recuperação do crédito de um modo geral deverá ser lenta, superficial e irregular. O ritmo de aperto nos padrões de empréstimo do bancos desacelerou, mas o suprimento de crédito deve permanecer limitado uma vez que os bancos continuam a se desalavancar", afirma o documento.

Segundo o texto, o risco nos mercados emergentes tem se reduzido e o capital está correndo para a Ásia (excluindo Japão) e América Latina, atraído pelas perspectivas de crescimento forte, moedas apreciadas, preços de ativos em ascensão e empurrado pelos juros baixos na maior parte dos países desenvolvidos.

Bancos nos EUA
O FMI reduziu a estimativa de baixas contábeis dos bancos dos Estados Unidos com empréstimos e provisões de 2007 a 2010 em US$ 66 bilhões, para US$ 558 bilhões, ante projeção feita em outubro de 2009. A revisão se justifica pela melhora das perspectivas econômicas do país, com o Produto Interno Bruto (PIB) novamente em crescimento e a estabilização dos preços de imóveis, ressalta o relatório divulgado hoje.

No entanto, o documento cita como fatores que estão pesando contra o processo de retomada da economia o crescimento contínuo da execução de hipotecas e a taxa de desemprego ainda muito alta. No caso dos bancos da zona do euro, a melhora nas estimativas para crescimento na região e na taxa de desemprego também motivou o FMI a reduzir a projeção de perdas com empréstimos e provisões em US$ 38 bilhões, para US$ 442 bilhões desde o relatório de outubro de 2009.

O Fundo também reduziu em US$ 287 bilhões as baixas contábeis globais estimadas sobre ativos, para US$ 629 bilhões, refletindo o processo de cura do sistema financeiro e a normalização do mercado, que levou a uma melhora substancial dos preços dos ativos.

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