Economia

Manhattan vive escassez de apartamentos de até US$ 3 milhões

Número de unidades disponíveis sofreu o maior recuo já registrado, criando uma escassez que dificilmente será aliviada no curto prazo

Prédios em Manhattan: está cada vez mais difícil encontrar um apartamento simples na ilha, já que desenvolvedores estão se focando cada vez mais nos condomínios de super luxo (Andrew Harrer/Bloomberg)

Prédios em Manhattan: está cada vez mais difícil encontrar um apartamento simples na ilha, já que desenvolvedores estão se focando cada vez mais nos condomínios de super luxo (Andrew Harrer/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2013 às 18h10.

Nova York - Com US$ 1 milhão para gastar e sem precisar de uma hipoteca, Laiyan Wong esperava poder comprar facilmente um apartamento de dois quartos no Upper West Side de Manhattan, mas ela não imaginou que teria tanta concorrência.

Wong visitou mais de 10 apartamentos em dois meses e aumentou gradualmente seu orçamento para US$ 1,5 milhão quando ficou claro que outras pessoas estavam procurando propriedades similares em meio a queda na oferta de imóveis na faixa de preços que ela programou.

“Eu fiz quatro propostas e elas foram rejeitadas uma por uma”, disse Wong, negociador em um banco de investimento. “É preciso estar disposto a tomar uma decisão em poucos minutos e pagar o preço que estão pedindo”, afirmou.

Os que têm orçamentos capazes de adquirir uma mansão em grande parte dos EUA estão descobrindo que é difícil achar até mesmo um apartamento de dois dormitórios em Nova York devido à redução do estoque de propriedades. O número de unidades disponíveis por menos de US$ 3 milhões – geralmente consideradas como não de luxo – sofreu o maior recuo já registrado, criando uma escassez que dificilmente será aliviada no curto prazo, já que os desenvolvedores se focam em condomínios de super luxo com preços recorde para os investidores ricos.

As ofertas de apartamentos não luxuosos, que representam cerca de 90 por cento do mercado em Manhattan, encolheram mais de 36 por cento em cada um dos últimos três trimestres em relação ao ano anterior, a maior queda em 12 anos, segundo dados da taxadora Miller Samuel Inc. Em contraste, a oferta dos 10 por cento superiores, em termos de preços, recuou apenas 3,9 por cento no segundo trimestre em relação ao ano anterior.

“Extremamente desafiante”

“Para a maior parte do mercado, o 90%, possivelmente seja o período mais desafiante para um comprador nos mais de 25 anos em que temos observado este setor”, disse Jonathan Miller, presidente da Miller Samuel, em uma entrevista.


No segundo trimestre, 3.638 unidades avaliadas em menos de US$ 3 milhões foram postas a venda, a menor oferta em nove anos, segundo Miller. A taxa de absorção – a quantidade de tempo que se levaria para vender todas as propriedades no atual ritmo de aquisições – foi de 3,9 meses, a mais rápida registrada desde 2004.

A oferta de propriedades disponíveis no extremo inferior do mercado diminui porque os donos, que as compraram durante o boom e sofreram a forte perda do seu valor, esperam que este volte a um patamar que justifique a venda antes de oferecer suas propriedades, explica Miller.

A falta de oferta está causando guerras de ofertas particularmente prejudiciais para aqueles que dependem de hipotecas, diz Jacky Teplitzky, corretora na Douglas Elliman Real Estate. O rápido crescimento do valor das propriedades desatualiza as taxações nas quais os credores se baseiam para financiar um acordo, acrescenta Teplitzky.

Desistindo das contingências

Alguns compradores estão decidindo fechar um acordo mesmo sem obter financiamento. Quando representa seus clientes, Teplitzky requer aos compradores que desistem das contingências de uma hipoteca que provem que eles podem pagar tudo à vista.

Wong, que trabalha num banco, foi uma das que aceitou desistir das contingências além de aumentar o preço a pagar. Ela começou a procurar um apartamento de dois quartos com espaço para um escritório em abril, no intuito de estar mais próxima da escola no Upper West Side a que seu filho frequentará em setembro.

“Um milhão parecia uma cifra boa”, disse Wong a respeito do seu orçamento inicial. “Mas olhando os apartamentos, reparei que precisava aumentá-la”.

Acompanhe tudo sobre:ImóveisMetrópoles globaisNova York

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE