Mercado imobiliário

Lançamentos de imóveis no país têm queda de 44% no primeiro semestre

Apesar da retração, quase 70% das incorporadoras pretendem manter os empreendimentos previstos para o ano, de acordo com pesquisa da Cbic

Obra em São Paulo: a previsão é que o número de lançamentos cresça no segundo semestre (Germano Lüders/Exame)

Obra em São Paulo: a previsão é que o número de lançamentos cresça no segundo semestre (Germano Lüders/Exame)

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) apresentou nesta segunda-feira (24) um estudo sobre o desempenho do setor no primeiro semestre do ano. De acordo com os dados de 132 municípios em todo o país, os lançamentos de imóveis caíram 44% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas também apresentaram queda, mas em um ritmo menor, de 2,2%.

O levantamento comparou ainda o desempenho da indústria da construção no segundo trimestre do ano em relação ao primeiro. De abril a junho, foram registrados 16.659 lançamentos, uma queda de 60,9%. Já as vendas foram de 42.281 para 32.246 (-23,5%). “Nossas sondagens anteriores já demonstravam que os empresários estavam temerosos em lançar imóveis no período da pandemia”, disse José Carlos Martins, presidente da Cbic.

Demanda reprimida

A boa notícia é que, segundo uma sondagem feita pela consultoria Brain Inteligência Corporativa, 69% das 128 empresas consultadas pretendem manter o ritmo de lançamentos previstos – um cenário bem diferente de março, no início da pandemia, quando apenas 13% tinham essa intenção. “No segundo semestre teremos um boom de lançamentos”, prevê Martins.

Com a retomada, a expectativa da Cbic é que a oferta de imóveis se mantenha saudável. No segundo semestre deste ano, havia 149.700 unidades disponíveis para venda no país – ou 7,1% menos do que no mesmo período do ano passado. “Se não lançássemos mais nada a partir de julho e vendêssemos a mesma média (de imóveis) dos últimos 12 meses, em 11 meses a gente escoaria toda a oferta”, disse Carlos Petrucci, vice-presidente da Cbic.

Intenção de compra

Os números apontam também que as famílias têm retomado a intenção de compra. Se antes da pandemia 43% dos entrevistados ouvidos pela Brain pretendiam comprar um imóvel (expectativa que chegou a cair para 20% em abril), em agosto esse índice avançou para 40%. “Os números mostram uma recuperação no ânimo das famílias brasileiras”, disse Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain, responsável pela sondagem. Segundo ele, 13% das famílias brasileiras que estão em busca de imóvel já retomaram as visitas aos estandes de venda.

A pesquisa, feita com 128 empresas do setor, mostra ainda que enquanto 56% das empresas haviam declarado, em março, ter fechado negócios durante a pandemia, em agosto esse índice saltou para 88%. “Enquanto as pessoas ficaram em casa, elas perceberam a importância da localização e do tamanho do seu lar e resolveram investir”, disse Martins. “Hoje o interesse de compra das famílias está no mesmo nível pré-pandemia”, afirma.

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