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Gigante imobiliário chinês adia pagamento de dívida e relembra caso Evergrande

Incorporadora Vanke, que tem uma estatal como acionista, reacende temor sobre crise no setor imobiliário chinês

Setor imobiliário na China: governo reduziu subsídios (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

Setor imobiliário na China: governo reduziu subsídios (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 26 de novembro de 2025 às 18h50.

O gigante do setor imobiliário chinês Vanke desencadeou uma nova onda de inquietação no mercado ao propor, pela primeira vez, o adiamento do pagamento de um título local. A decisão, vista como um sinal de fragilidade inesperada, reacende dúvidas sobre até onde governo chinês está disposto a dar suporte financeiro às grandes incorporadoras do país.

Segundo comunicado enviado à câmara de compensação de Xangai na noite de quarta-feira, a Vanke pretende postergar o pagamento do principal de uma nota de 2 bilhões de yuans (US$ 283 milhões) que vence em 15 de dezembro. Uma reunião com os detentores dos títulos está marcada para 10 de dezembro.

Surpresa no mercado e questionamento sobre apoio estatal

O pedido de adiamento é um sinal de que o governo central pode ter se recusado a ajudar a Vanke financeiramente. Uma estatal, a Shenzen Metro Group, é dona de um terço da empresa e já lhe havia concedido empréstimos bilionários este ano.

"Agora, rumores de mercado sugerem que Shenzhen buscou ajuda de Pequim, o que deixa dois cenários possíveis: nenhum resgate [por parte da acionista] ou não houve apoio do governo central", disse Yao Yu, fundador da agência RatingDog, segundo a Reuters.

Os crescentes problemas da Vanke, historicamente classificada entre as incorporadoras mais sólidas da China, tornaram-se um termômetro sobre a tolerância do governo em intervir ou não num setor que há anos pesa sobre a economia e acumula defaults em escala recorde.

Venda maciça de ações e títulos pressiona a incorporadora

A turbulência ganhou força após uma rodada intensa de vendas de ações e títulos da empresa no início da semana. Os ativos despencaram nesta quarta-feira e tiveram negociações temporariamente suspensas. O bônus em dólar com vencimento em 2027 caiu para cerca de 40 centavos por dólar, enquanto as ações listadas em Hong Kong recuaram 6,3%, para HK$ 3,88, o menor patamar em mais de um ano.

Mesmo assim, dois papéis que vencem no próximo mês continuavam negociados perto do valor de face, sinal de que parte do mercado ainda apostava no pagamento em dia. Além da nota de 15 de dezembro, a Vanke tem outro título de 3,7 bilhões de yuans vencendo em 28 de dezembro.

Visão pessimista

A leitura fora da China também é de cautela. O UBS projeta que os preços das casas continuarão caindo por pelo menos mais dois anos. A Fitch Ratings estima que as vendas de novos imóveis, em área construída, ainda podem recuar entre 15% e 20% antes de qualquer estabilização.

Diante das pressões, os reguladores chineses redobram o escrutínio sobre emissões, buscando falhas de transparência e violações envolvendo defaults, especialmente entre incorporadoras. Um calote da Vanke agora, segundo Li Gen, do Beijing G Capital, em declaração à Bloomberg teria impacto direto sobre a eficácia das recentes políticas de resgate. “Poderia acelerar a queda dos preços das casas e colocar sob dúvida a credibilidade de outras incorporadoras estatais”, alerta.

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