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(Daniela Duncan/Getty Images)
Repórter de Mercados
Publicado em 29 de outubro de 2025 às 11h00.
A nova edição do Índice de Demanda Imobiliária (IDI) , que mede a atratividade das cidades para novos projetos, mostrou a força do mercado para além do eixo Rio-São Paulo. No Nordeste, o destaque ficou para Fortaleza, que já registrava forte demanda no padrão econômico, mas agora assume a liderança nacional, superando Curitiba, que historicamente ocupava o primeiro lugar. O IDI é uma parceria do Ecossistema Sienge, CV CRM e Grupo Prospecta, em colaboração com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Para os especialistas à frente do estudo, o avanço pode estar relacionado ao fortalecimento do programa Minha Casa Minha Vida, mas também reflete um aquecimento real do mercado na região.
Recife é outro exemplo dessa movimentação: a capital pernambucana saltou para a terceira colocação no ranking de alto padrão, impulsionada por investimentos significativos de construtoras em empreendimentos voltados para esse público. O IDI Brasil mostra que essa oferta desperta o interesse da população, alterando consistentemente a demanda local.
Salvador, por sua vez, ilustrou o dinamismo nordestino em todos os padrões. A cidade apresentou crescimento em praticamente todos os critérios analisados, revelando uma população diversa e uma busca ativa por empreendimentos que atendam às suas diferentes necessidades.
“Esses resultados reforçam que o Nordeste não apenas está em expansão, mas também se consolidando como uma das regiões mais promissoras do mercado imobiliário brasileiro”, afirma Gabriela Torres, gerente de inteligência estratégica do Ecossistema Sienge.
O último trimestre também marcou a ascensão de Belém, que teve um avanço expressivo em todos os padrões analisados, especialmente no médio, em que saltou da 35ª posição no primeiro trimestre para a 12ª no terceiro de 2025. A capital do Pará, que será a sede da COP30, vem recebendo investimentos públicos em infraestrutura urbana, como BRTs, parques, praças e a revitalização de canais.
“Esses fatores têm impactado significativamente a qualidade de vida da população, especialmente em um contexto que, segundo dados do Censo de 2022 do IBGE, cerca de 75% das residências são irregulares e 57% da população vive em favelas”, afirma Gabriela.
A expectativa é que a capital paraense continue atrativa para o mercado imobiliário mesmo após o evento, já que esse tipo de movimentação tende a impactar um ciclo de desenvolvimento mais amplo e duradouro do mercado imobiliário local. “Ainda é difícil prever com precisão os impactos de longo prazo, mas os dados indicam que Belém já se tornou mais atrativa para quem busca moradia”, diz a gerente de inteligência.
No segmento de renda familiar entre R$ 2 mil e R$ 12 mil, Fortaleza assumiu a liderança no lugar de Curitiba, que vinha sendo líder seguidamente desde que o índice foi estruturado. O avanço da capital cearense foi baseada em indicadores de mercado que apontam para uma liquidez crescente e redução da oferta de imóveis de terceiros. A leitura é de que há menor estoque disponível no mercado secundário, o que sugere ritmo mais acelerado de vendas na capital cearense.
O movimento reforça o protagonismo das cidades do Nordeste no atual ciclo do mercado imobiliário. Cinco das dez primeiras colocadas do ranking são capitais da região. Salvador subiu cinco posições e agora ocupa o 6º lugar, Recife avançou três e aparece na 5ª colocação, e São Luís teve o salto mais expressivo entre as nordestinas, com seis posições a mais, alcançando o 14º lugar.
A sustentação dessa performance vem de dados consistentes de demanda direta e maior atratividade de novos lançamentos, segundo analistas do setor. A combinação desses fatores tem reforçado o ciclo positivo do mercado no Nordeste, com forte adesão a empreendimentos recentes e redução da vacância.
No Centro-Oeste, o destaque é Campo Grande, que teve o maior avanço entre todas as capitais: ganhou 11 posições e chegou ao 15º lugar. O resultado se deve à alta na atratividade de lançamentos — tanto de projetos inéditos quanto de obras retomadas —, o que sinaliza novo fôlego para o mercado local.
As 5 primeiras colocadas do ranking econômico são:
1. Fortaleza (Ceará)
2. São Paulo (São Paulo)
3. Curitiba (Paraná)
4. Goiânia (Goiás)
5. Recife (Pernambuco)
No perfil médio, com renda familiar de R$ 12 mil a R$ 24 mil, São Paulo, Goiânia e Brasília ocupam as três primeiras posições do ranking, sustentadas por uma ampla base de demanda e pela consistência da atividade econômica local.
Salvador aparece na 4ª posição após subir oito colocações no ranking, impulsionada por avanços simultâneos em quase todos os indicadores do índice. Os destaques foram o crescimento da demanda direta e o aumento da atratividade de novos lançamentos. A capital baiana mantém presença consistente entre as dez melhores do país em todos os segmentos avaliados, confirmando o bom momento do mercado local.
Belém também mostrou avanço expressivo. A capital do Pará subiu seis posições e alcançou o 12º lugar, apoiada por uma melhora na dinâmica econômica e no interesse por lançamentos imobiliários.
Segundo Fabrizio Gonçalves, presidente do Sinduscon-PA, o mercado da cidade entrou em fase de retomada após um período de retração no pós-pandemia. Ele afirma que diversos empreendimentos estão sendo entregues em 2025 e que novas obras, ainda na fundação, já têm mais de 90% das unidades vendidas. A expectativa é de continuidade do aquecimento do setor, mesmo depois da realização da COP30.
No segmento de médio padrão, o ranking mostra uma distribuição regional mais equilibrada. Três cidades do Sudeste, três do Sul, duas do Centro-Oeste e duas do Nordeste compõem as primeiras posições, o que aponta para um mercado diversificado e com oportunidades relevantes em diferentes regiões do país.
As 5 primeiras colocadas no ranking médio padrão são:
1. São Paulo (São Paulo)
2. Goiânia (Goiás)
3. Brasília (Distrito Federal)
4. Salvador (Bahia)
5. Curitiba (Paraná)
O segmento de alto padrão manteve estabilidade nas primeiras posições, com presença crescente de capitais do Nordeste. São Paulo e Goiânia seguem no topo desde o início do ano, apoiadas por mercados consolidados e demanda constante por imóveis de maior valor agregado. Recife e Fortaleza, por sua vez, ganharam destaque ao subir no ranking, resultado do equilíbrio entre a procura direta por imóveis e a atratividade de lançamentos recentes, em um contexto de renda média mais elevada e cenário econômico estável.
Natal exemplifica esse avanço. A cidade deu um salto significativo, saindo da 60ª para a 24ª posição, puxada principalmente pelo aumento nos índices de atratividade de lançamentos — tanto de novos projetos quanto do estoque disponível —, o que sinaliza maior interesse do público de alta renda e de investidores.
Entre as dez primeiras colocadas do ranking de alto padrão, a distribuição regional equilibrada se repete: três capitais do Nordeste, três do Sul, duas do Centro-Oeste e duas do Sudeste. O resultado indica um mercado mais pulverizado, com desempenho relevante não apenas nas grandes metrópoles, mas também em praças regionais em processo de consolidação.
As 5 primeiras colocadas do ranking alto padrão, são:
1. São Paulo (São Paulo)
2. Goiânia (Goiás)
3. Recife (Recife)
4. Fortaleza (Ceará)
5. Brasília (Distrito Federal)
O modelo matemático utilizado avaliou a atratividade das cidades brasileiras para projetos imobiliários por meio de seis indicadores principais, que abrangem aspectos essenciais do mercado. Cada indicador foi ponderado por especialistas para refletir sua relevância.
O resultado do modelo é uma lista de cidades com maior atratividade, apresentadas em forma de ranking com base no cálculo do IDI. A escala de atratividade vai de 0,000 a 1,000, onde as cidades que obtiverem um score próximo de 1,000 são consideradas altamente atrativas.
As cidades são classificadas em cinco categorias de atratividade: Muito Alta, Alta, Média, Baixa e Muito Baixa, de acordo com seu score no IDI.