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Edifício Biosquare, na Rebouças, em Pinheiros, está em construção e em breve vai abrigar a nova sede da Amazon (G.D8/Divulgação)
Repórter de Mercados
Publicado em 15 de julho de 2025 às 09h56.
O mercado de lajes corporativas de alto padrão em São Paulo segue em trajetória de recuperação em 2025. No segundo trimestre, a absorção líquida totalizou 22.490 metros quadrados, segundo levantamento da Cushman & Wakefield divulgado com exclusividade pela Exame.
A região de Pinheiros foi a grande responsável pelo desempenho positivo, com 9.304 metros quadrados absorvidos, revertendo o resultado negativo do trimestre anterior.
Berrini (7.950 metros quadrados) e Chucri Zaidan (5.319 metros quadrados) também apresentaram crescimento relevante.
Em sentido oposto, a Faria Lima registrou retração de 3.373 metros quadrados, o pior desempenho entre os eixos analisados.
O resultado chama atenção por ocorrer na área com maior valor de locação da cidade e pode indicar um movimento de realocação de inquilinos ou maior seletividade frente aos preços elevados.
A taxa de vacância nas regiões de negócios consolidadas (CBD) caiu para 14,53% — a menor já registrada desde o início da série histórica. A redução foi de 0,74 ponto percentual em relação ao trimestre anterior e de 3,23 pontos na comparação anual.
Rebouças se destacou, com vacância recuando de 11,23% para apenas 2,04%. O bom resultado ainda nem reflete a mudança da Amazon para a região que deve acontecer em 2026. Pinheiros também não ficou para trás, passando de 13,36% para 9,16%.
Enquanto isso, a Vila Olímpia teve alta na vacância, de 14,99% para 16,12%, e a Chácara Santo Antônio mantém o maior índice da cidade, com 35,28%, apesar de leve melhora.
O preço médio pedido no segundo trimestre foi de R$ 146,13 — alta de 4,9% sobre o trimestre anterior e de 21,6% em relação ao mesmo período de 2024. A valorização tem sido puxada pela maior procura por edifícios de alta qualidade e pela absorção de ativos abaixo da média de preço, o que pressiona os valores médios para cima.
Alessandro Estevam, gestor de portfólios da Kinea, afirma que regiões como a Faria Lima têm ficado caras e sem espaço. Isso justificaria tamanha concorrência na região de Pinheiros.
A gestora tem 70% de participação no Biosquare, um dos empreendimentos mais icônicos em construção na Rebouças e que terá a Amazon como locatária quando for entregue, no primeiro trimestre de 2026.
“Na minha visão, quem consegue pagar um aluguel tão caro, são empresas do mercado financeiro, como as assets e os grandes bancos, escritórios boutiques, que não precisam de tanto espaço, e os grandes escritórios de advocacia”, afirma.
A Faria Lima continua com o preço de locação mais alto da cidade, a R$ 297,51 metro quadrado, com variação trimestral de 2,9%. O maior avanço, no entanto, foi observado na região da JK, onde o preço subiu 7,8%, para R$ 275,70s.
Na outra ponta, a Marginal Pinheiros registrou nova queda nos preços e agora tem o segundo menor valor médio de São Paulo: R$ 84,26.
A tendência é de uma absorção líquida ainda maior em Pinheiros.
“Quando o edifício Biosquare for entregue, ele já entra como 100% ocupado, não impactando a vacância da região”, afirma Renato Almeida, líder de escritórios da Cushman & Wakefield. Hoje, a plataforma de ecommerce ocupa 20 mil metros quadrados na Vila Olímpia e, no novo empreendimento, passará a quase 40 mil metros quadrados.
Os seis primeiros dos 25 andares serão destinados a estacionamento. Do sétimo ao vigésimo quinto andar, a Amazon é a única locatária.
Depois de um longo caminho, que começou em 2018, o Biosquare vai ser o primeiro empreendimento corporativo deste porte na região.