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Essa pastelaria de palmeirenses quase impediu a expansão do Zaffari em SP

O grupo gaúcho está há mais de dez anos tentando negociar o terreno da Pastelaria Brasileira, que virou reduto de torcedores do Palmeiras

Pastelaria Brasileira: de mudança, após acordo com donos do Shopping Bourbon Pompeia (Letícia Furlan/Exame)

Pastelaria Brasileira: de mudança, após acordo com donos do Shopping Bourbon Pompeia (Letícia Furlan/Exame)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 10h53.

Última atualização em 31 de outubro de 2025 às 15h11.

Na rua que recebe de shows internacionais a grandes clássicos do futebol, um estabelecimento resiste ao tempo e à especulação imobiliária. A receita? Pastéis, centos de salgadinhos e caldo de cana.

Era quinta-feira, final de tarde, dia de jogo de Palmeiras. A Pastelaria Brasileira fervia de palmeirenses de todos os tipos. O local fica ao lado não só do shopping Bourbon, como também do Allianz Parque.

“Essa pastelaria aí deve lucrar, viu. Tá sempre cheia de gente em dia de show e jogo. Fora que vira e mexe venho buscar gente comprando caixas e caixas de salgado”, diz o Uber espontaneamente, enquanto procurava um lugar para desembarcar o time da EXAME no meio do tumulto em dia jogo pela Libertadores.

A partida mesmo só começaria às 21h30, mas o esquenta já estava a mil às 17h30.

No meio do caminho tinha uma pastelaria

Desde 1975, a Pastelaria Brasileira, localizada na Rua Palestra Itália, na Pompeia, é um ponto de encontro na região. Ela foi fundada por uma família de portugueses e comprada em 1996 pelos atuais donos do negócio. E, ao contrário de outros estabelecimentos, engolidos pelo avanço de empreendimentos maiores na região, resistiu. Deu uma canseira, inclusive, para o Grupo Zaffari, um vizinho do outro lado da rua.

O grupo gaúcho via no terreno ocupado pela pastelaria o local perfeito para a expansão de suas atividades com o Shopping Bourbon Pompeia. À reportagem, Claudio Luiz Zaffari, o diretor da companhia, já adiantou que as obras de expansão podem começar ainda no final deste ano.

A história da pastelaria é também a história de um pedaço de São Paulo que passou por transformações marcantes. A própria rua, que antes se chamava Turiassu, teve seu nome alterado para Palestra Itália em 2015, refletindo o vínculo histórico com o estádio do Palmeiras.

Outra transformação significativa para a região ocorreu a partir do final da década de 1990, quando o Grupo Zaffari comprou a massa falida do antigo Shopping Matarazzo e demoliu o empreendimento para construir o shopping Bourbon, inaugurado em 2008.

Desde então, o grupo passou a ter planos ambiciosos de expandir o centro comercial para o outro lado da rua, aproveitando o crescente valor da área — que conta também com um Sesc e a futura Linha Laranja do Metrô.

O Zaffari foi adquirindo terrenos um por um, numa tentativa de adquirir todo o lote necessário para essa expansão. Mas, desde 2013, a pastelaria se manteve como um obstáculo importante. Eles tentaram comprar o imóvel diversas vezes, mas a negociação não avançava.

Hoje, a pastelaria é praticamente o único estabelecimento ativo no meio de um lote já completamente tomado. Os andares de cima do prédio onde fica a Pastelaria Brasileira, inclusive, também já estão todos comprados pelo Zaffari.

Faltava, literalmente, apenas a lanchonete, que detém a matrícula do térreo do prediozinho de dois andares.

Negócio fechado, mas com algumas condições

A conclusão dessa negociação veio após dez anos, via permuta. A pastelaria cedeu, com a condição de permanecer no mesmo quarteirão. Vai ficar a 50 metros de distância do atual endereço, na altura do número 467.

“Oferecemos um terreno na ponta do lote e uma reforma. A nova loja vai ficar maior e vai ganhar vagas para carros. Mas em compensação, liberou o terreno para o nosso novo prédio, que deve ser ligado por uma passarela ao shopping. A gente tem que ter uma visão mais de cima para poder entender o negócio, e isso pode demorar”, explica Claudio Luiz Zaffari.

“Agora, vamos ficar bem em frente à saída do Bourbon. A negociação foi tranquila e topamos na hora. Para nós, ter um espaço maior é fundamental”, afirma Zezito Brito Bonfim, sócio da pastelaria.

Falar com Zezito não é tarefa fácil: ele está sempre correndo para atender a clientela, que não para de chegar. Além dos clientes que vão em loco se deliciar com os salgados e pastéis, há também a fila de motos que se forma na fachada do estabelecimento para as entregas em domicílio.

Não há data para a mudança, mas o sócio espera que ela ocorra logo. Afinal, como a EXAME pôde constatar no local, a estrutura atual da Pastelaria Brasileira é pequena para caber tantos palmeirenses.

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