Carreira

Cuidados para quem muda de cidade a trabalho

Morar em outra cidade ou em um país diferente é uma realidade cada vez mais comum entre os brasileiros que querem crescer na carreira, ganhar aprendizado ou participar de programas de expatriação. Veja que cuidados tomar antes de fazer as malas

Cynthia Marin, gerente de produtos da L’Oréal (Andre Valentim / VOCÊ S/A)

Cynthia Marin, gerente de produtos da L’Oréal (Andre Valentim / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 21 de fevereiro de 2013 às 19h42.

São Paulo - Quando o engenheiro de produção João Batista Momesso Júnior, de 30 anos, foi contratado pela Maersk, empresa dinamarquesa de logística e transporte marítimo de carga, fez questão de deixar claro para seus gestores que tinha interesse em passar uma temporada trabalhando na sede da companhia.

Em 2011, quatro anos depois, ele trocou o clima tropical de Santos, no litoral paulista, pela gélida Copenhague. "Talvez eu crescesse mais rápido na carreira se tivesse ficado no Brasil, mas acredito que é melhor pensar no longo prazo", afirma. "Prefiro aprender bastante agora e construir uma base sólida para chegar mais longe, não necessariamente para chegar antes."

João não se arrependeu. Apesar de ter enfrentado 10 graus negativos e de estar a mais de 10.000 quilômetros da namorada, viver na Dinamarca, o país menos desigual do mundo e que ostenta um dos maiores índices de desenvolvimento humano do planeta, deixa o saldo da balança positivo.

Nos três meses que antecederam a mudança, o engenheiro pesquisou tudo sobre Copenhague e começou a ampliar sua rede de contatos por lá. Uma das vantagens foi que, como João já tinha viajado a trabalho para a cidade, conhecia alguns funcionários da sede da empresa, que mostraram a dinâmica dos costumes. Para quem muda de estado ou país, é importante saber antes como é a cultura local, porque será preciso se adaptar rapidamente a ela.

"No Brasil, eu tinha faxineira e uma pessoa que passava as minhas roupas. Aqui, tenho de fazer tudo sozinho. Assim como os europeus, limpo a casa, cozinho, lavo", diz João. Outro acerto na rotina foi dispensar o carro e, quando o clima permite, pedalar até o trabalho, como fazem os dinamarqueses. Durante o inverno rigoroso, ele vai de ônibus.

Esse xadrez da mobilidade foi planejado ainda aqui no Brasil, quando João decidiu que o melhor seria alugar um imóvel a apenas 3 quilômetros da empresa, num local de fácil acesso ao transporte público. "Quem recebe uma proposta de trabalho longe de sua cidade natal deve considerar não apenas as possibilidades futuras de crescimento, mas também os ganhos pessoais", diz Walter Zucca, gerente da área de benefícios da consultoria de recursos humanos Aon Hewitt. 


Um sonho de muitos, mostra um levantamento feito pela Análise, Pesquisa e Planejamento de Mercado (APPM): só na capital paulista, chega a 45% o número de profissionais que se mudariam por causa do emprego, sendo que o fator determinante para 34% deles é ter mais qualidade de vida.

Garimpo de imóveis

Mesmo quem não vai cruzar as fronteiras precisa reservar um tempo para procurar o lugar ideal para morar. E se não houver conhecidos na cidade, o jeito é gastar a sola do sapato. Foi o que fez a paulista Cynthia Marin, de 28 anos. Quando foi convidada para trabalhar como gerente de produto no escritório carioca da gigante de cosméticos L’Oréal, ela negociou um prazo para procurar um apartamento antes de efetivamente começar.

Selecionou anúncios de jornal e da internet e passou dez dias visitando imóveis em cinco bairros diferentes. "Como queria um apartamento próximo da praia e do metrô, escolhi um em Ipanema", diz. Logo que chegou ao Rio, ela já percebeu alguns hábitos diferentes.

Na hora do almoço, por exemplo, não se fala de trabalho. E o atendimento em lojas e restaurantes não segue o ritmo frenético de São Paulo.  "Quem é mais sistemático e acelerado pode não se adaptar ao Rio", afirma Cynthia. "Eu estou adorando: faço muitas amizades e aprendo a levar uma vida mais leve."

Voos maiores

Se o objetivo é mudar com a família para outro país, será preciso ponderar sobre a compra de um imóvel. E aí é necessário contratar uma imobiliária e um advogado com experiência nos trâmites internacionais. Para atender à legislação brasileira, é preciso providenciar uma série de documentos para declarar o novo bem. Outro motivo que justifica recorrer à ajuda especializada é o comportamento dos mercados.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o cenário imobiliário está mudando — e só quem acompanha de perto pode fornecer as melhores informações. De acordo com o órgão regulamentador das transações — a Federal Housing Finance Agency —, os preços subiram 1,8% no segundo trimestre de 2012 em comparação com o primeiro, o maior crescimento desde o final de 2005. Só em maio, a alta foi de 3,7%, se for considerado o mesmo mês de 2011.

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