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Ricardo Gontijo: “Se os juros caírem mais cedo, e mais rápido, poderemos ofertar um leque maior de produtos”, afirmou. (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Mercados
Publicado em 13 de agosto de 2025 às 11h26.
A Direcional (DIRR3) divulgou na última segunda-feira, 11, os resultados do segundo trimestre de 2025. O lucro avançou quase 26% na comparação anual, chegando a R$ 183,7 milhões. A margem bruta ajustada ficou em 41,7% e a receita líquida, em R$ 1,1 bilhão — ambas recorde.
Mas, para Ricardo Gontijo, CEO da incorporadora, o maior motivo de comemoração é o fato de o lucro líquido crescer num patamar superior à receita. Além disso, a Direcional reportou um ROE (retorno sobre patrimônio) recorde, consolidando seu título de boa pagadora de dividendos.
“Enquanto o lucro cresce, o patrimônio é praticamente estável, porque temos sido um bom pagador de dividendos. E isso, inclusive, mantém a atratividade do papel no mercado, pois conseguimos devolver capital para os nossos investidores”, explica Gontijo.
Nesse trimestre, o ROE chegou a 34%, um crescimento de quase 10 pontos percentuais na comparação anual e maior patamar da história da Direcional. “Esse é o principal indicador para medir o quanto geramos de valor para o nosso acionista”, explica.
No primeiro semestre de 2025 a Direcional foi a terceira companhia que mais pagou dividendos, de acordo com levantamento da Economatica, com um dividend yield de 8,26%.
Em entrevista à EXAME, o CEO da Direcional ainda falou com os planos para a Riva. “Se os juros caírem mais cedo, e mais rápido, poderemos ofertar um leque maior de produtos”, afirmou.
Hoje, com a criação da faixa 4 do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, quase todos os empreendimentos da marca da Direcional são elegíveis ao programa. Num cenário econômico menos apertado, Gontijo flertaria com a possibilidade realizar lançamentos para além do MCMV.
Leia a entrevista completa:
As tarifas anunciadas pelo presidente americano Donald Trump podem impactar de alguma forma a Direcional?
A maioria dos insumos que utilizamos no nosso setor [construção civil] são produzidos aqui no Brasil. Além disso, tudo o que vendemos, vendemos internamente. Nosso cliente está aqui dentro, não exportamos absolutamente nada. Eu diria que os impactos das tarifas no nosso setor e nos insumos que compramos é quase irrelevante, sem impacto direto.
É claro que determinados materiais, se tarifados lá, terem uma redução no seu preço, poderíamos ter uma redução no nosso custo de produção. Mas não é nada que consideramos e que vai trazer um grande impacto.
Nesse contexto, ainda por cima, há uma Selic de 15%. Quais as perspectivas com ela?
No nosso setor, temos basicamente duas fontes de funding para o financiamento das famílias que compram um produto da Direcional.
A primeira é o FGTS, elegíveis ao Minha Casa, Minha Vida. Na operação da Direcional, praticamente 100% dos financiamentos vêm daí. Na Riva, a maior parte dos produtos passou a ser elegível a partir do momento que foi criada a faixa 4 do programa habitacional.
Hoje, portanto, a maioria dos produtos disponíveis são elegíveis ao programa habitacional, tendo acesso ao FGTS, que não é impactado pela Selic. Nossa operação roda sem nenhum tipo de desafio vindo desse cenário.
Mas há ainda uma parcela da operação da Riva, pouco representativa, vendida acima dos R$ 500 mil. Naturalmente, a Selic impacta essa parcela.
O plano para a Riva é entrar cada vez mais no Minha Casa, Minha Vida?
Tentamos, sim, ajustar os nossos produtos do pipeline de lançamento para os próximos 12 meses. A ideia é que eles tenham um preço de venda inferior a R$ 500 mil, para ser elegível ao faixa 4 do MCMV, sem depender exclusivamente do funding de poupança.
Pode ter um produto ou outro que ainda esteja fora do programa, mas eu diria que é a minoria. Hoje, a Riva tem representado quase 40% do total dos lançamentos do grupo. O banco de terrenos da direcional está hoje avaliado em R$ 50 bilhões.
O grupo não vai mais voltar a lançar produtos fora do programa?
Em 2022, o teto do Minha Casa, Minha Vida, era de R$ 264 mil, quando a Riva estava totalmente fora do programa. Em junho de 2023, o teto do programa subiu para R$ 350 mil, com a Riva passando ter uma parcela dos imóveis elegíveis.
Agora, com o teto de R$ 500 mil, temos mais de 70% dos produtos elegíveis ao MCMV. Temos sempre a possibilidade de ajustar nossos produtos em processo de aprovação no nosso banco de terrenos num tíquete mais alto, caso vejamos essa demanda. Mas, no contexto atual, com Selic alta, resgate de poupança e uma restrição grande de crédito, evitamos.
O que faria com que vocês mudassem de ideia?
O processo de aprovação de um projeto leva bastante tempo, cerca de um ano e meio. Quando começamos a perceber eventuais sinais de que as taxas de juros vão cair, temos que nos antecipar bastante, para, daqui um ano, tenhamos o produto adequado sendo comercializado.
Nesta terça, tivemos uma inflação abaixo do que era esperado. Já começou a se falar de um início de corte da Selic, que originalmente estava previsto para o ano que vem. Nós, do lado de cá, já começamos a ficar um pouco mais atentos. Se os juros caírem mais cedo, e mais rápido, poderemos ofertar um leque maior de produtos.