Obras no empreendimento Rio Wonder da Cury, no Rio de Janeiro: empresa alcançou R$ 837,4 milhões em receita líquida no 1º trim. (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Invest
Publicado em 7 de maio de 2024 às 18h40.
Última atualização em 7 de maio de 2024 às 19h21.
A Cury (CURY3) tem aproveitado a boa onda do setor construtivo para manter os resultados em níveis recordes. A construtora e incorporadora teve um saldo de 63,8% no lucro líquido no primeiro trimestre deste ano, para R$ 154,1 milhões.
A receita líquida somou R$ 837,4 milhões no período, um aumento de 40,7% frente ao primeiro trimestre do ano passado. A margem líquida, que compara o lucro com a receita, cresceu 2,6 pontos percentuais (p.p.), para 18,4%.
“Apresentamos mais um resultado de recordes, mas o mais importante é continuar crescendo com qualidade. Um grande ponto é a margem líquida, que traduz essa qualidade e mostra como estamos aproveitando o crescimento do mercado a nosso favor”, afirmou Leonardo Mesquita, diretor vice-presidente comercial da Cury, em entrevista à EXAME.
O mercado de construção e incorporação vive um período de bonança com a combinação de alguns elementos-chave: retomada da economia, perspectiva de queda da inflação e novos incentivos ao programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
A reformulação do MCMV foi aprovada pelo governo na metade de 2023, e, segundo a Cury, os efeitos foram sentidos com mais força a partir deste ano. “O volume de financiamentos da Caixa é o grande sinal de que o setor está retomando muito forte no início deste ano, apresentando resultados mais expressivos”, comentou Mesquita.
Outro ponto que deve impactar positivamente os resultados da empresa este ano é a revisão dos planos diretores de São Paulo e Rio de Janeiro, os dois mercados de maior atuação da Cury. O plano paulista foi aprovado no ano passado, e o carioca em 2024. Nos cálculos da Cury, os reflexos das aprovações devem vir com mais força ao longo dos próximos meses.
“Estamos em um momento muito favorável, onde ainda existe espaço para aproveitar o aquecimento do setor”, completa o VP.
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O termômetro que indica esse aquecimento são as vendas. A empresa costuma concentrar os lançamentos no início do ano, e já foram dez neste primeiro trimestre — cinco em São Paulo e outros cinco no Rio —, totalizando um valor geral de vendas (VGV) histórico de R$ 1,88 bilhão, alta de 32,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
As vendas líquidas, por sua vez, somaram R$ 1,6 bilhão – um acréscimo de 43,9% em relação ao primeiro trimestre do ano passado e uma alta de 71,6% em comparação ao último trimestre.
A carteira de terrenos também teve recorde histórico na Cury e alcançou 52,4 mil unidades. O banco de terrenos (landbank) fechou o primeiro trimestre com R$ 15,7 bilhões em VGV potencial, aumento de 57,9% em base anual. O landbank atual da Cury é composto de R$ 9,6 bilhões localizados em São Paulo e R$ 6,1 bilhões no Rio de Janeiro.
O preço médio das unidades lançadas atingiu R$ 316,2 mil no primeiro trimestre – ganhos de 13,5% em base anual. Já o preço médio de vendas registrado no período foi de R$ 292,2 mil, alta de 9,4% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Apesar das altas constantes, Mesquita reforça que existe ainda um espaço de crescimento até que a empresa alcance o teto do MCMV, de R$ 350 mil.
A Cury anunciou na semana passada a distribuição de R$ 383,5 milhões em dividendos – R$ 118,5 milhões em proventos mínimos obrigatórios e outros R$ 265 milhões adicionais.
A distribuição é referente ao ano de 2023, e representa um payout (percentual de distribuição em relação ao lucro) de 80%. A Cury vem aumentando o payout desde o IPO, quando a distribuição rondava entre 60% e 70%.
“Poucas empresas do mercado conseguem crescer, gerar caixa e distribuir. É um dos principais diferenciais da Cury para os investidores”, ressalta o VP.