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Cury bate o consenso e chega a receita recorde — sem deixar a margem cair

Implementação da nova faixa do programa, que ampliou o teto de enquadramento para imóveis de até R$ 500 mil, tem se refletido no desempenho da companhia

Estratégia de longo prazo da Cury inclui a meta de vender 30 mil unidades por ano até 2027 (Leandro Fonseca/Exame)

Estratégia de longo prazo da Cury inclui a meta de vender 30 mil unidades por ano até 2027 (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 5 de agosto de 2025 às 18h09.

A Cury (CURY3) registrou uma receita líquida recorde de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre, aumento de quase 35% em comparação ao mesmo período de 2024. Já o lucro líquido foi de R$ 236,7 milhões no segundo trimestre, alta de 37,5% na comparação anual e superando o consenso de mercado, que apontava para R$ 218 milhões.

A companhia se manteve gerando caixa pelo 25º trimestre seguido, com R$ 103,3 milhões. No entanto, houve uma queda de 32,1% em comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado do semestre, a geração totalizou R$ 129,1 milhões, com redução de 23,7%.

De acordo com a incorporadora, a diminuição na geração de caixa foi causada por uma mudança no procedimento da Caixa, responsável pelos repasses do Minha Casa, Minha Vida (MCMV). A partir de agora, os repasses só são feitos após o registro dos contratos em cartório, o que aumenta o tempo para o pagamento chegar ao caixa.

Dias antes da divulgação do balanço, analistas do mercado financeiro já cantavam a bola de que Cury seria um dos destaques da temporada.

Em relatório, os especialistas da XP afirmaram que a manutenção das margens fortes traria mais um trimestre de forte expansão dos lucros das companhias ligadas ao MCMV. No entanto, os analistas projetavam um aumento menor no lucro líquido da Cury, de 31% na comparação anual. Já o time do Santander projetava um aumento de apenas 25,8% no lucro líquido da construtora.

A margem bruta ajustada da Cury ficou em 39,8%, aumento de 1,3 ponto percentual na comparação anual. A margem líquida ficou em 19,8%, 2,2 pontos percentuais acima da registrada no mesmo período de 2024.

Vice-presidente comercial da Cury, Leonardo Mesquita afirma que as margens são motivo de orgulho para a companhia. “Chegamos a números recordes, tanto de receita, quanto de vendas, conseguindo manter — e aumentar — nossas margens brutas e líquidas”, diz.

Em 2015, quando a Cury vendia cerca de R$ 600 milhões, ela já era apontada como uma empresa com bons indicadores financeiros.

“Na época, havia a dúvida se os bons indicadores só existiam porque a companhia era menor. Hoje, chegamos na posição que estamos, conseguindo melhorar ainda mais estes indicadores. Conseguimos escalar mantendo a eficiência”, explica. No segundo semestre de 2025, a empresa está próxima de R$ 5 bilhões em vendas.

Minha Casa Minha Vida como motor de vendas

A implementação da faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, que ampliou o teto de enquadramento para imóveis de até R$ 500 mil, já tem refletido no desempenho da companhia.

No trimestre, quase 93% das vendas realizadas tinha preço unitário de venda até o teto do programa, superando a média de 70% registrada nos trimestres anteriores.

Não à toa, o VGV (Valor Geral de Vendas) repassado no trimestre totalizou o valor recorde de R$ 2,1 bilhões. "Começamos a ter uma capacidade de repasses muito maior quando colocamos mais unidades dentro do programa", afirma Mesquita.

O repasse imobiliário é a parcela do valor do imóvel que será financiada pelo banco para o cliente. No caso da Cury, o repasse é sempre realizado com a Caixa por meio do Crédito Associativo, que financia a obra desde o seu início.

Resultado operacional

A Cury registrou nove lançamentos no segundo trimestre, totalizando R$ 1,96 bilhão em VGV, considerando apenas a participação da empresa nos empreendimentos. Esse valor representa um crescimento de 16,9% em relação ao mesmo período de 2024.

No acumulado de 2025, os lançamentos da Cury somaram R$ 4,6 bilhões, com um aumento de 45,6%, distribuídos em 23 novos projetos.

O preço médio dos imóveis vendidos pela incorporadora teve um aumento de 2,7% nos últimos 12 meses, atingindo R$ 309,7 mil. Com a inclusão da nova faixa 4 do MCMV, a Cury obteve 92,8% de suas vendas dentro do programa.

O índice de vendas sobre oferta (VSO) no segundo trimestre apresentou uma queda de três pontos percentuais, indo para 47,5%. Já a VSO acumulada nos últimos 12 meses até junho teve uma redução de 0,8 ponto, totalizando 74,3%.

Os distratos da companhia aumentaram 33,7% em volume, somando R$ 236,6 milhões. Ao fim de junho, o estoque da Cury era avaliado em R$ 2,5 bilhões, o que representa um crescimento de 45,8% em relação ao ano anterior. A expectativa é que esse estoque seja reduzido até o final de 2025, em função de um semestre mais forte em lançamentos.

A Cury possui um banco de terrenos avaliado em R$ 21,1 bilhões, um aumento de 20% em relação a junho de 2024.

Expectativa

Em conversa recente com analistas do Santander, Ronaldo Cury, diretor de relações com investidores e de crédito imobiliário da Cury, disse que a companhia está disposta a lançar mais R$ 8,5 bilhões em 2025 e tem como meta alcançar R$ 10 bilhões até 2027, com foco em São Paulo e Rio.

A empresa se beneficia de um bom ambiente financeiro, com orçamento FGTS robusto e discussões para expandir os recursos do faixa 4 para 2026.

A estratégia de longo prazo da Cury inclui a meta de vender 30 mil unidades por ano até 2027. Além disso, a empresa planeja lançar mais projetos, antecipando três inicialmente programados para 2026. A Cury espera manter margens brutas em torno de 39% devido a mudanças no programa MCMV e à inflação moderada.

A empresa também está investindo em inovação e eficiência operacional para sustentar o crescimento. Entre as iniciativas estão a construção enxuta, a compra de novos equipamentos e a expansão da divisão Cury Install.

Apesar de desafios no mercado de trabalho, Cury não vê riscos significativos em relação à disponibilidade de mão de obra.

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