Imóveis: foram registrados 9.701 casos de distratos em 2019, 12.556 em 2020 (alta de 29,5%) e 13.104 em 2021 (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter
Publicado em 8 de dezembro de 2024 às 11h00.
Muitas pessoas planejam comprar um imóvel, mas enfrentam muitos desafios diante dos valores elevados. Por isso, quase metade dos brasileiros pretende gastar até R$ 350 mil na aquisição – valor abaixo do esperado para os vendedores que, em sua maioria, desejam receber entre R$ 351 mil e R$ 800 mil.
Este cenário foi apontado por um levantamento feito pela Loft, startup que atua no mercado imobiliário, em parceria com a Offerwise, em outubro de 2024. A pesquisa foi realizada com residentes de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Com uma amostra de 1.200 entrevistas, a pesquisa é representativa para a população dessas cidades, com margem de erro de cinco pontos percentuais e intervalo de confiança de 90%.
Apesar da cautela dos consumidores, muitas empresas estão dispostas a fazer certas concessões. Segundo a pesquisa, 62% dos vendedores responderam que estariam dispostos a oferecer descontos, sendo que 40% deles abririam mão de até R$ 50 mil do valor total do imóvel.
Para Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft, a diferença de expectativas entre os compradores e vendedores pode prolongar a negociação e trazer empecilhos para as vendas.
“Ainda que haja boa vontade para fechar um acordo imobiliário, essa disparidade entre o que se espera receber e o que se espera pagar pode levar a um tempo maior de negociação entre as partes, tornando o processo mais demorado”, explica.
E acrescenta: “O ideal é que houvesse mais informações claras no mercado imobiliário brasileiro, a fim de que as expectativas, tanto do cliente quanto do vendedor, estejam alinhadas com a realidade. Essa é uma das intenções que tivemos ao fazer essa pesquisa”.
Uma pesquisa recente do ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) aponta que o preço médio das vendas nas cidades contempladas é de R$ 605 mil, que se encaixa na faixa de valor considerada atraente para a maioria dos vendedores e bem acima do que muitos dos compradores estão dispostos a investir.
São Paulo e Rio de Janeiro são as que apresentam os preços médios mais altos. As vendas na capital paulista giram em torno de R$ 681 mil, enquanto que na 'cidade maravilhosa' o valor médio é de R$ 639 mil. Por outro lado, as cidades de Porto Alegre e Belo Horizonte contam com o tíquete médio mais baixo (R$ 562 mil e R$ 537 mil, respectivamente).
Segundo a pesquisa, a maioria dos entrevistados pretende adquirir um imóvel por meio de financiamento bancário, especialmente com apoio de programas governamentais, como o Minha Casa, Minha Vida.
O perfil predominante dos compradores interessados em imóveis de até R$ 350 mil é composto por jovens das gerações Millennial e Z, com idades entre 25 e 34 anos, pertencentes às classes sociais B, C e D/E.
Já entre os clientes da classe A, o orçamento costuma variar entre R$ 801 mil e R$ 2 milhões. Nessa faixa, os compradores, em sua maioria entre 45 e 54 anos, preferem realizar o pagamento utilizando recursos próprios.