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Com Meli e Shopee, mercado de galpões vai às alturas — mas periga reduzir a altitude

Há sinais de que o mercado está entrando em uma fase de maturação após o período de expansão acelerada logo após a pandemia

Mercado Livre: a empresa mantém 64% de sua operação concentrada no estado de São Paulo (Raquel Brandão/Exame)

Mercado Livre: a empresa mantém 64% de sua operação concentrada no estado de São Paulo (Raquel Brandão/Exame)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 17 de junho de 2025 às 11h45.

Última atualização em 17 de junho de 2025 às 13h23.

Vacância em baixa, preço médio em alta e absorção líquida superando o novo estoque.

O cenário do mercado de galpões é de boas notícias, segundo estudo da consultoria Jones Lang LaSalle (JLL) sobre o primeiro trimestre de 2025. Isso, sobretudo, devido ao segmento de varejo e e-commerce, que continua predominando. Fora do eixo São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, por exemplo, a Shopee é a maior locatária de galpões.

Apesar da recente expansão do setor de e-commerce para estados fora deste eixo, todo o território nacional sentiu o impacto expressivo do crescimento de empresas como Mercado Livre, Shopee, Magazine Luiza, Amazon, Via Varejo, Shein e Americanas s.a.

ANÁLISE: A disputa se acirrou no e-commerce – e o Mercado Livre subiu o tom

Atualmente, elas representam 12% do estoque total no país, um avanço significativo comparado aos 4% registrados há cinco anos — além de representarem 24% da área locada em 2024.

Se fora do eixo Rio, São Paulo e Minas Gerais quem predomina é a Shopee, no território paulista e brasileiro como um todo quem desponta é o Mercado Livre.

A empresa mantém 64% de sua operação concentrada no estado de São Paulo. Quando somados Minas Gerais e Rio, essa concentração atinge 78% dos seus espaços. Fora desse eixo central, a Bahia se destaca como o estado com maior ocupação da empresa, representando 6% dos 2,7 milhões de metros quadrados utilizados pela companhia e 20% de todo o estoque logístico baiano.

A distribuição atual do mercado de galpões logísticos revela uma clara transformação no setor. Para o Brasil, o comércio e varejo — incluindo e-commerce — lideram com 33% das áreas ocupadas, seguidos pela indústria com 30% e pelos operadores logísticos com 26%.

Esta configuração apresenta variações regionais significativas: fora do eixo Rio, São Paulo e Minas Gerais, a distribuição é de 34% para comércio e varejo, 24% para indústria e 26% para operadores logísticos. Enquanto isso, no eixo, os números são 33%, 31% e 21%, respectivamente.

“Essa nova configuração evidencia uma transição importante no mercado. Os operadores logísticos, que anteriormente dominavam o setor [representados por empresas como DHL, ID Logistics, Solistica e Grupo Luft] hoje ocupam a terceira posição, tendo sido superados não apenas pelo comércio (especialmente e-commerce), mas também pelo segmento industrial”, afirma André Romano, gerente da divisão Industrial e Logística da JLL.

Esta reorganização setorial, consolidada desde meados de 2021, reflete as mudanças estruturais nas dinâmicas de consumo e distribuição no mercado brasileiro.

Sinais de maturação

No entanto, há sinais de que o mercado está entrando em uma fase de maturação após o período de expansão acelerada logo após a pandemia.

Embora ainda exista espaço para crescimento na demanda, o panorama atual de juros elevados afeta o setor. Isso acontece com o encarecimento de projetos de construção, reduzindo a atratividade do investimento imobiliário frente a alternativas financeiras mais rentáveis no curto prazo. Além disso, impacta também o poder de consumo da população, já que uma parcela significativa das vendas no Brasil depende de financiamento e parcelamento.

“O crescente endividamento dos brasileiros sugere uma possível moderação no consumo nos próximos trimestres. Esse cenário pode, efetivamente, desacelerar o ritmo de expansão do setor imobiliário logístico, particularmente no segmento de e-commerce” afirma André Romano.

No entanto, o especialista afirma ser importante considerar que o setor demonstrou notável resiliência e capacidade de adaptação desde 2021, e fatores estruturais como a contínua digitalização do varejo e a necessidade de modernização das cadeias logísticas podem sustentar um crescimento mais moderado, porém consistente, mesmo em um ambiente econômico desafiador.

O estado de São Paulo tem 46% de todo o estoque projetado para 2025. Enquanto isso, Santa Catarina tem 11,9%, Pernambuco tem 7,8% e Minas Gerais, 7,6%. Ao todo, devem ser quase 3 milhões de metros quadrados neste ano. Esse valor vai se somar aos 34,4 milhões de metros quadrados em estoque dos alpões de alto padrão.

Com isso, nos últimos cinco anos, a oferta anual desses espaços mais que dobrou de tamanho. Antes da pandemia, 1 milhão de metros quadrados por ano era ofertado por ano.

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