Mercado imobiliário

Com juros mais baixos, venda de imóveis novos em São Paulo cresce 45,5%

Pesquisa aponta que imóveis de dois dormitórios, com até 45 m² e custando até R$ 240 mil estiveram entre os mais procurados na capital em julho

Ponte estaiada sobre o rio Pinheiros: a zona sul é a região que mais atrai o interesse dos compradores de imóveis na capital paulista, que registrou o melhor desempenho de vendas no mês de julho desde 2004 (Eduardo Frazão/Exame)

Ponte estaiada sobre o rio Pinheiros: a zona sul é a região que mais atrai o interesse dos compradores de imóveis na capital paulista, que registrou o melhor desempenho de vendas no mês de julho desde 2004 (Eduardo Frazão/Exame)

A cidade de São Paulo registrou a venda de 4.341 unidades residenciais novas no mês de julho, de acordo com a Pesquisa do Mercado Imobiliário, realizada pelo departamento de economia e estatística do Sindicato da Habitação (Secovi-SP). O resultado é 45,5% superior ao mês de junho, quando foram comercializadas 2.984 unidades.

Os dados mostram a recuperação do mercado imobiliário desde maio e posicionam o mês como sendo o melhor julho registrado na série histórica da pesquisa, iniciada em 2004. “O ano atípico contribuiu para o bom desempenho do mês, já que as férias escolares foram suspensas ou remanejadas”, diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP. “Além disso, foram concretizadas algumas aquisições que vinham sendo adiadas em razão das incertezas decorrentes da pandemia.”

Para o presidente do Secovi-SP, Basilio Jafet, a taxa de juros, que se encontra no patamar mais baixo da história, também vem estimulando as vendas e permitindo que as famílias tenham mais acesso ao financiamento habitacional. Entre os imóveis mais vendidos estão os de dois dormitórios, com menos de 45 m² de área útil, valores de até R$ 240.000,00 e localizados na região Sul da cidade.

Lançamentos

Com a pandemia, muitos dos lançamentos residenciais previstos para o primeiro semestre foram adiados. Uma pesquisa recente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), com 132 municípios em todo o país, apontou uma queda de 44% de janeiro a julho em relação ao mesmo período do ano passado.

Em São Paulo, o cenário não é diferente. De acordo com dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), a cidade teve, no mês de julho, o lançamento de 2.614 unidades residenciais – 37,5% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado (4.183 unidades).

No acumulado de 12 meses (de agosto de 2019 a julho de 2020), porém, os lançamentos na capital paulista somaram 53.171 unidades, 6,2% acima das 50.080 unidades lançadas no mesmo período do ano anterior. Outra boa notícia é que, de acordo com uma sondagem feita pela consultoria Brain Inteligência Corporativa, 69% das 128 empresas consultadas pretendem manter o ritmo de lançamentos previstos – um cenário bem diferente de março, no início da pandemia, quando apenas 13% tinham essa intenção.

Neste momento, a oferta de imóveis na capital paulista é de 29.435 unidades disponíveis para venda. A soma leva em consideração imóveis na planta, em construção e prontos (estoque) lançados nos últimos 36 meses (de agosto de 2017 a julho de 2020). “Os empreendedores estão otimistas e apostam em uma retomada mais consistente”, afirma Emilio Kallas, vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP.

Ele faz, no entanto, uma ressalva quanto às restrições urbanísticas e a escassez de terrenos na cidade de São Paulo. “Em breve ficará difícil colocar no mercado produtos que atendam à diversificada demanda”, afirma. Esta semana, em julgamento de recurso apresentado pela prefeitura, foi mantida a liminar que impede o Executivo municipal de enviar um pré-projeto de ajuste da Lei de Zoneamento para apreciação da Câmara. “A calibragem da lei é indispensável para possibilitar o necessário e inclusivo crescimento urbano da cidade de São Paulo”, afirma Jafet.

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