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Caro demais? Em leilão, só 57% dos Cepacs da Faria Lima são vendidos – sem ágio

Nesta terça-feira, 19, ocorreu o primeiro leilão da sexta distribuição de títulos de Cepacs da Operação Urbana Consorciada Faria Lima

Na Faria Lima há cerca de 40 mil metros quadrados para uso não comercial atrelado aos Cepacs (Leandro Fonseca/Exame)

Na Faria Lima há cerca de 40 mil metros quadrados para uso não comercial atrelado aos Cepacs (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 19 de agosto de 2025 às 12h55.

Última atualização em 19 de agosto de 2025 às 13h01.

Após alguns impasses, a Prefeitura de São Paulo realizou, nesta terça-feira, o primeiro leilão da sexta — e uma das últimas — distribuição de títulos de Cepacs da Operação Urbana Consorciada Faria Lima. Dos 164,5 mil Cepacs ofertados, apenas 94,8 mil foram comprados (57,6%), totalizando R$ 1,6 bilhão.

O preço dos títulos ficou em R$ 17,6 mil, sem ágio, mostrando que, apesar do forte interesse, o preço inicial do leilão já era elevado e não comportava muito prêmio. Apesar de alguns gestores apontarem que o leilão podia ser disputado e até "uma carnificina", especialistas do setor vinham defendendo que um prêmio muito elevado não traria retorno aos compradores, considerando os custos já elevados para construir na região.

Durante o leilão desta terça, que durou cerca de 15 minutos, houve uma oferta de R$ 45 mil, mas também uma de R$ 0,15. Com isso, o valor final ficou estacionado no valor mínimo previamente estipulado.

Os recursos obtidos serão destinados principalmente para investimentos em habitação popular, infraestrutura e construção de equipamentos públicos no Complexo Paraisópolis. Este é o maior leilão de Cepacs da história recente da cidade de São Paulo, correspondendo a cerca de 75% do estoque autorizado total de 218,5 mil títulos.

A prefeitura prometeu que haverá um segundo leilão dessa distribuição, mas a questão é se haverá estoque do total de 250 mil m².

Trata-se da chance para que donos de terrenos na região da avenida Hélio Pelegrino ao Largo da Batata possam expandir seus empreendimentos. A identidade dos compradores dos Cepacs é mantida sob sigilo por lei, e as áreas onde serão utilizados também permanece incerta até que ocorra a vinculação dos títulos às regiões.

“Hoje compraram os títulos, só que não sabemos em que território o comprador vai vincular. Tem locais em que um título compra dois metros e meio. Em outros, é preciso dois Cepacs para comprar para um metro. Então, só depois que todos protocolarem o pedido de vinculação é que vamos saber quantos metros foram consumidos. A expectativa é que em um mês já vamos saber quanto do estoque foi consumido”, explica Adriana Batista, especialista na aprovação de grandes empreendimentos e referência na legislação da OUCFC.

Impasse às vésperas

Poucos dias antes do leilão, um susto. A Justiça de São Paulo concedeu uma liminar suspendendo um item previsto na revisão da lei da OUCFL. A revisão, aprovada 2024, criou uma regra que determina que os títulos utilizados em imóveis localizados no entorno de eixos de transporte tenham um aumento gratuito — isento de impostos — de 30% na sua conversão em potencial construtivo.

“Você pode construir 30% a mais de área comprando determinado número de Cepacs. Sem este desconto na equivalência, seria necessário comprar mais títulos para construir o volume de área previsto anteriormente, o que encareceria muito a operação”, explica o presidente da CBRE, Adriano Sartori.

A liminar foi concedida na sexta-feira à noite. No sábado de manhã, o prefeito Ricardo Nunes informou em nota que o leilão estaria mantido. Na segunda-feira à noite, a confirmação de que o certame aconteceria: o desembargador considerou não haver inconstitucionalidade e mandou prosseguir com o leilão com os 30% nos eixos.

O horizonte, que já estava nebuloso, fica ainda mais — com esta segunda-feira, 17, sendo decisiva para o leilão. Para os mais pessimistas, a praça pode ser adiada. Mas há quem opine que, caso a liminar seja derrubada, ele deve acontecer sem maiores problemas.

O histórico dos leilões  

O primeiro leilão de Cepacs da Faria Lima aconteceu em 2004, com lance inicial de R$ 1,1 mil e sem ágio.

Por mais de uma década, os preços avançaram lentamente, até dispararem em 2019: o valor inicial subiu de R$ 6,5 mil para R$ 17,6 mil, um ágio de 170%, na venda de 93 mil títulos e arrecadação de R$ 1,6 bilhão.

No leilão seguinte, em 2021, o preço inicial foi mantido, mas apenas 83% dos títulos ofertados foram vendidos — 10,3 mil unidades, somando R$ 183 milhões, sem ágio.

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