Economia

Brasil entra no caminho da desaceleração imobiliária

Setor começou a perder força no final de 2012, com contração do crédito, alta da inflação e aumento do desemprego no país


	Zona oeste de São Paulo: queda nos preços e enfraquecimento das vendas obscureceram o setor no ano passado
 (Germano Lüders / EXAME)

Zona oeste de São Paulo: queda nos preços e enfraquecimento das vendas obscureceram o setor no ano passado (Germano Lüders / EXAME)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2016 às 16h53.

São Paulo - A crise econômica que o Brasil atravessa intensificou o freio do setor imobiliário, um mercado que foi desacelerando, após viver uma época dourada entre 2009 e 2011.

A queda nos preços dos imóveis, o enfraquecimento das vendas e a falta de novas promoções obscureceram o setor em 2015, um ano marcado pelo esfriamento da economia e uma aguda crise política.

A contração do crédito, a alta da inflação e o aumento do desemprego minguaram a confiança dos consumidores e aumentaram a pressão sobre um setor que começou a perder força no final de 2012, conforme explicou à Agencia Efe o diretor da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Fernando Moura.

O número de novas promoções caiu 19,3% em 2015 e as vendas do setor acumularam uma queda de 15,1% com relação a 2014, com base em dados da Abrainc.

Apesar da queda da demanda pela conjuntura econômica, o Brasil tem um déficit de mais de 5 milhões de imóveis, o que, na opinião de Moura, não permitiu o surgimento de uma bolha imobiliária.

De fato, apesar dos elevados preços que imperaram no país nos últimos anos, Moura ressaltou que a queda dos valores não significa uma diminuição da bolha porque nunca houve uma especulação desse tamanho.

"Houve uma valorização dos imóveis por conta do aumento do crédito e à melhora dos prazos de financiamento, o que introduziu muitas pessoas no mercado e aumentou a demanda, mas não houve uma bolha", comentou Moura.

Os valores alcançaram níveis inusitados, sobretudo no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília, mas os preços iniciaram uma rota descendente que se refletiu especialmente em 2015.

O preço médio da oferta caiu cerca de 9% em termos reais em 20 cidades brasileiras em 2015, mas a contração ainda pode ser maior (entre 15% e 20%), já que o valor anunciado dos imóveis é superior ao montante pelo qual são vendidos, segundo explicou a vice-presidente e analista do Moody's, Cristiane Spercel.

"Essas quedas dos preços se devem, principalmente, a uma forte contração da confiança do consumidor, que se baseia na incerteza econômica no Brasil, incluindo o emprego deficiente e as taxas de inflação elevadas", acrescentou.

Segundo o Índice Fipe ZAP, que supervisiona os preços anunciados dos imóveis, o valor dos aluguéis registrou uma queda real - descontada a inflação - de 12,98% nos últimos 12 meses, especialmente no Rio de Janeiro.

Em termos nominais, o aluguel no Rio apresentou uma variação negativa de 8,56% em 12 meses, enquanto em São Paulo se retraiu 4,50%, de acordo com o indicador, que apenas leva em conta os novos arrendamentos e não a variação dos contratos vigentes.

Para o maior sindicato do mercado imobiliário da América Latina, o Secovi-SP, a recuperação do setor está ligada à recuperação da economia, já que há demanda, mas está reprimida.

"A demanda existe, mas está reprimida pela incerteza com relação ao cenário e a compra é postergada até que se solucione a crise", afirmou à Agência Efe o presidente da Secovi-SP, Flavio Amary.

Para ele, apesar dos impedimentos para os consumidores internos, o Brasil apresenta grandes oportunidades para os investidores estrangeiros devido à forte desvalorização do real, que caiu 48,3% frente ao dólar em 2015. EFE

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