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Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2011 às 13h38.
Xangai - A explosão do mercado de imóveis na China é uma preocupação do governo central que admite a existência de uma bolha imobiliária no país, principalmente nas cidades mais desenvolvidas como Xangai e a capital Pequim. Em Xangai, o metro quadrado em áreas mais nobres chega a ser comparado com o preço de imóveis em Nova York e Tóquio.</p>
Medidas foram tomadas recentemente pelo governo para conter a demanda. No caso da compra da segunda casa é exigida nos financiamentos a metade do valor do imóvel como entrada e também são cobrados juros mais altos. No entanto, o mercado de imóveis ainda conta com estímulos das administrações locais. Os municípios, por exemplo, fazem receita com leasing dos terrenos, o que acaba contribuindo para incremento do mercado.
Gerente de uma churrascaria brasileira no bairro nobre de Xintiandi, em Xangai, Carlos Alberto, afirma pagar cerca de 50 mil iuans, cerca de US$ 7,3 mil mensais pelo local. "Se eu não faturar mais de 1 milhão de iuans aqui, fico no vermelho", diz o gerente, que nasceu de Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro e está em Xangai desde 2003. Beto, como é conhecido pelos brasileiros que frequentam assiduamente a casa, mora com a família a mulher e um filho em um quarto e sala próximo ao restaurante. Paga pelo pequeno espaço 3 mil iuans, cerca de US$ 440, isso porque contou com um colega chinês que emprestou o nome para o aluguel. "Se fosse alugar no meu nome eu pagaria o dobro."
Entender a lógica econômica da China não é fácil. Ao mesmo tempo que o governo adota políticas para inserir mais pessoas no mercado consumidor, trazendo a população rural para as cidades próximas dos grandes centros, também adota medidas para conter a inflação. Na semana passada, decidiu subir pela terceira vez no ano o depósito compulsório dos bancos, com o objetivo de diminuir oferta de crédito e desaquecer a demanda interna. O percentual do depósito compulsório passou para 17%, bem próximo de seu pico antes da crise que foi 17.5%
Na opinião do consul do Brasil em Xangai, Marcos Caramuru, o grande dilema do governo chinês é "administrar o excesso". Ele citou fatores sólidos da economia chinesa e disse não acreditar em desestabilização da economia no país asiático devido a turbulências internacionais.
Um dos fatores é a poupança que hoje, na China, tem uma taxa de 53% do Produto Interno Bruto (PIB). "Esse dinheiro que fica nos bancos acaba financiando as empresas que encontram aqui financiamentos muito baratos", destacou. Segundo Caramuru, o alto índice de poupança e a procura cada vez maior por investir em imóveis também estão na lógica cultural do chinês que resiste à compra de bens não duráveis. "Ele pensa que é melhor o dinheiro na mão dele que na mão dos outros. Um pensamento diferente do pensamento ocidental", destaca.
A relação dívida/PIB chinesa também demonstra a estabilização da economia. Antes da crise, essa relação era de 10% e depois da crise, o país asiático apresenta índice de 17%.
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