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Comprar o ágio de um imóvel pode ser vantajoso para adquirir um bem com menor valor de mercado (Cronislaw/Thinkstock)
Publicado em 5 de março de 2025 às 17h48.
A prática de vender um imóvel financiado antes de sua quitação total é conhecida como ágio de apartamento. Nesse processo, o proprietário original transfere os direitos e obrigações do financiamento para um novo comprador, que assume o saldo devedor restante.
Essa transação pode ocorrer devido a diversos motivos, como necessidade financeira ou valorização do imóvel, e é comum em lançamentos imobiliários e imóveis na planta, onde a valorização pode gerar ganhos para o primeiro comprador.
Na prática, o vendedor recupera o investimento já realizado e, muitas vezes, obtém lucro se o imóvel tiver se valorizado. Para o comprador, a vantagem está em não precisar arcar com a entrada integral de um financiamento convencional.
O valor do ágio é calculado somando o montante já pago pelo vendedor às parcelas restantes do financiamento. Além disso, pode-se considerar a valorização do imóvel no mercado. Na hora de fazer as contas, um corretor de imóveis, contador ou outro profissional especializado no assunto pode ajudar a evitar cálculos errados. Veja o que deve ser considerado:
Para realizar a venda de um ágio, é preciso ter atenção a alguns pontos cruciais. É fundamental compreender que o vendedor não detém a propriedade total do imóvel, mas apenas quitou uma parcela do financiamento. Logo, o que está sendo negociado não é a titularidade do bem, mas sim o direito de adquiri-la.
Nesse contexto, o vendedor deve estar ciente de que a obtenção de um novo financiamento imobiliário será improvável, pois, enquanto o financiamento em questão não for quitado, seu acesso a crédito nessa instituição financeira estará restrito.
Considerando que o comprador assumirá o financiamento, ambas as partes devem formalizar um contrato e registrá-lo em cartório, detalhando os termos da negociação. Outro passo importante é contatar a instituição financeira, informando sobre a venda do ágio e buscando orientação sobre os procedimentos para o novo comprador.
É válido ressaltar que, em caso de inadimplência do novo comprador, seja no pagamento das parcelas ou de tributos como o IPTU, o vendedor permanece responsável pelas dívidas, mesmo possuindo o contrato de gaveta da negociação. Nessas situações, o vendedor deverá recorrer à justiça para comprovar a venda do ágio. Adicionalmente, o novo comprador pode revender o ágio, dificultando a quitação do financiamento original.
É importante reforçar que a formalização da transação deve ser feita por meio de um contrato de cessão de direitos registrado em cartório. "Contratos de gaveta", em que a transferência ocorre sem a anuência do banco, podem trazer insegurança jurídica e dificultar a regularização do imóvel no futuro.
Apesar dos cuidados citados, fazer esse tipo de negociação oferece vantagens, como:
A compra de um ágio sem os devidos cuidados pode trazer problemas para ambas as partes. Se a transferência do financiamento não for oficializada, o vendedor continua como responsável legal pela dívida, ficando sujeito a restrições de crédito caso o comprador não pague as parcelas.
Para o comprador, um dos principais riscos é adquirir um imóvel sem garantia legal, o que pode impedir a obtenção da escritura definitiva. Além disso, se houver cláusulas contratuais que dificultem a transferência, o novo proprietário pode ter dificuldades para regularizar o imóvel em seu nome.
O ágio de imóvel pode ser uma alternativa viável para quem busca um imóvel financiado sem precisar pagar uma entrada elevada. No entanto, a negociação exige atenção para evitar riscos e garantir que a transação seja feita de maneira segura e legalizada.
Antes de fechar um negócio, é essencial consultar a instituição financeira, formalizar a cessão de direitos e garantir que todos os documentos estejam regularizados. Assim, tanto o comprador quanto o vendedor podem evitar problemas futuros e garantir segurança na negociação