Marketing

Vinci Society transforma empresas em marcas creators e fatura R$ 25 milhões em nove meses

Consultoria liderada por Thay Dantas, ex-G4 Educação e Boca Rosa Company, adota metodologia própria baseada em crescimento orgânico e inspirada em cases globais como Duolingo e Skims

Thay Dantas, CEO da Vinci Society: “O melhor influenciador de um negócio é o criador do negócio” (Divulgação)

Thay Dantas, CEO da Vinci Society: “O melhor influenciador de um negócio é o criador do negócio” (Divulgação)

Juliana Pio
Juliana Pio

Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais

Publicado em 1 de outubro de 2025 às 09h17.

Última atualização em 1 de outubro de 2025 às 09h18.

A creator economy, que transformou influenciadores em marcas globais, começa a ganhar espaço também no mundo corporativo como estratégia para construir reputação e receita. Essa é a proposta da Vinci Society, consultoria que em nove meses de operação afirma ter faturado R$ 25 milhões com margem de 50%.

Fundada por Thay Dantas — ex-G4 Educação e Boca Rosa Company — ao lado de Henrique Guedes, Luiz Ambrósio e Bianca Carnelli, a Vinci adota uma metodologia própria que busca transformar marcas institucionais em creators.

O modelo aposta em estratégias de aquisição orgânica que prometem alto impacto, baixo custo e resultado acelerado. “Acreditamos que a lógica da creator economy não precisa ser restrita a influenciadores. Quando aplicada estrategicamente, se torna um motor de crescimento para empresas tradicionais”, diz Thay Dantas, CEO da Vinci Society.

A tese nasceu da própria trajetória da fundadora. Formada em Artes Cênicas com ênfase em roteiro pela PUC-Rio, ela começou como roteirista e atriz, mas migrou para o marketing ao escrever para marcas, experiência que a levou a criar sua primeira agência. Após uma pós-graduação em liderança criativa em Portugal, atuou em empresas como TAP e Azul, além da Universidade Vila Velha, onde comandou o marketing digital por mais de três anos.

Na sequência, cursou um MBA na Universidade da Califórnia em Los Angeles. A ideia inicial era trabalhar na Apple, mas o interesse se voltou a modelos de crescimento de baixo custo e forte presença orgânica. “Eu estudava cases como Duolingo, Gymshark e Skims, da Kim Kardashian, e entendi que as empresas também pode operar como influenciadoras”, diz.

Com a pandemia, decidiu voltar ao Brasil e aplicar o conceito que intitula de “marca creator”. No G4 Educação, ainda em fase inicial, participou da construção da marca e da geração de demanda, que, segundo ela, tinha 70% da receita vinda de canais orgânicos. Mais tarde, replicou o método na Boca Rosa Company, liderando o lançamento da marca independente de Bianca Andrade após o fim da parceria com a Payot.

Educação, consultoria e agência

A Vinci nasce dessa experiência e hoje reúne mais de 30 profissionais em áreas como branding, redes sociais, growth e geração de receita. "Somos um blend entre educação, consultoria e agência", resume Dantas.

A operação se organiza em dois eixos: programas estratégicos para médias e grandes empresas, que já somam mais de 150 marcas atendidas, e uma frente escalável voltada a PMEs. Em paralelo, oferece produtos digitais que ampliam o alcance da metodologia. O formato combina consultoria, treinamento e comunidade, com duração média de seis meses.

Na área educacional, por exemplo, estão cursos como o Branding Renaissance e o de marca pessoal, com aulas gravadas e encontros ao vivo, entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. O programa Negócios Creator, de consultoria, atende empresas com faturamento acima de R$ 5 milhões, ao custo de R$ 120 mil em seis meses. Já a unidade Signature concentra projetos para grandes companhias, com execução completa de campanhas e canais digitais a partir de R$ 150 mil mensais.

Demanda orgânica

O modelo se apoia majoritariamente em demanda orgânica. “Hoje 95% da nossa demanda vem do meu Instagram e do perfil da Vinci. Gastamos pouco com impulsionamento, algo em torno de R$ 50 mil por mês. O melhor influenciador de um negócio é o criador do negócio. Depois dele, o próprio time”, afirma a fundadora.

A consultoria acabou virando vitrine. “Quando lançamos a Vinci, a receita entrou no D1 por inbound. Nunca investimos capital além do nosso tempo.” Para sustentar o fluxo, a executiva reserva um dia da semana à gravação e produção de conteúdo. No início, a demanda vinha quase toda de seu perfil pessoal; hoje, cerca de 35% dos leads orgânicos chegam pelo Instagram da Vinci. “A gente nunca prospectou. O fluxo vem de inbound e inside sales.”

Nos contratos, a retenção é um dos pontos ressaltados. Na unidade Signature, não houve registro de churn. Já no Negócios Creator, a taxa de expansão por recompra, renovação ou upgrade é de 35%. A metodologia tem sido aplicada em segmentos como saúde, e-commerce, educação, tecnologia, beleza e serviços.

Entre os exemplos citados pela fundadora, está a Saipos, SaaS de gestão do Grupo iFood, que teria reduzido o custo de aquisição em 40% em quatro semanas e depois migrado para a unidade Signature. A Alva, de produtos naturais, registrou crescimento de 70% em receita no ano e alcançou pico de buscas orgânicas acima do principal concorrente. No Instituto da Face de Brasília, o ticket médio aumentou mais de 20% e o CAC caiu 27% em três meses.

Para a executiva, resultados como esses apontam para uma mudança na lógica de construção de marca. “As empresas não precisam depender apenas de mídia paga ou campanhas tradicionais para crescer. Com a estratégia certa de posicionamento, aquisição e canais, é possível transformá-las em verdadeiras influenciadoras, conectadas à cultura, com awareness, engajamento e desejo de marca.”

O método parte de um diagnóstico cultural do público e se apoia em formatos conversacionais. A proposta é substituir campanhas unidirecionais por ações que provoquem debates e tangibilizem a proposta de valor. No lançamento da Boca Rosa, por exemplo, a diferença entre pó solto e pó compacto viralizou nas redes sociais, ajudando a alavancar o produto e a marca.

Já para a Sympla, o posicionamento foi construído em torno do conceito de “resgatar a vida ao vivo”, conectando a empresa de venda de ingressos ao período de isolamento e ao excesso de tempo diante das telas.

Marcas 'sexys e ricas'

Até o fim de 2025, a meta da Vinci é ampliar em mais de 400 o total de clientes e consolidar o modelo como alternativa para marcas que buscam escalar com rapidez, sem depender de grandes orçamentos de mídia.

“A nossa grande missão é construir as marcas mais sexys e ricas dessa geração e das próximas”, diz Dantas, citando frase que já virou bordão de seus vídeos nas redes sociais para atrair clientes.

O crescimento, porém, encontra limites de talento e treinamento, segundo a fundadora. “Hoje, não consigo vender para todos que nos procuram. Escalamos no ritmo em que treinamos o time.”

Os próximos passos incluem ampliar o portfólio educacional, manter a produção de conteúdo semanal para sustentar a demanda orgânica e reforçar o posicionamento de “marca creator” como alternativa a ciclos longos de branding. “O que a gente entrega não é promessa de viralização. É método.” No horizonte, está a ambição global. “No longo prazo, queremos ser a melhor empresa em solução de brand and revenue.”

Acompanhe tudo sobre:estrategias-de-marketingCreator Economy

Mais de Marketing

YouTube Shopping inicia operação no Brasil com Mercado Livre e Shopee como parceiros

No Tomorrowland Brasil, Beats lança sabor exclusivo e ação que leva fãs ao evento

MMA Smarties 2025 divulga shortlist com 125 finalistas concorrendo à premiação

Outback volta com promoção de canecas colecionáveis; veja como conseguir