Protesto de taxistas contra o Uber em Paris: a empresa já vale 18 bilhões de dólares (Jaoued Idammou/AFP Photo)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2014 às 06h48.
São Paulo - O polêmico aplicativo Uber, que conecta passageiros a motoristas, anunciou a contratação de David Plouffe, de 47 anos, coordenador das duas campanhas que elegeram o presidente americano Barack Obama, para lidar com o embate legal que a empresa enfrenta em diversos países.
Plouffe foi a primeira pessoa citada por Obama, depois de sua família, no seu primeiro discurso de posse. Ele chefiava a equipe de estrategistas políticos do presidente americano quando foi sondado para assumir a vice-presidência de políticas e estratégias do Uber, cargo que passará a ocupar na empresa em setembro.
O cofundador e presidente executivo do Uber, Travis Kalanick, declarou ter encontrado um "brilhante general" que possui o conhecimento político que uma empresa cheia de profissionais de tecnologia não possui "para lidar com o cartel das empresas de táxi".
"Nos seus esforços para se protegerem da competição, elas (as empresas de táxi) começaram uma campanha política da qual nós não percebemos fazer parte inicialmente", afirmou Kalanick em comunicado.
"No início deste ano eu tornei uma prioridade encontrar um líder que pudesse ajudar as cidades e cidadãos a entender a missão do Uber. Alguém que acreditasse na nossa causa, que entendesse como construir uma marca significativa, que soubesse escalar uma campanha política e obter suporte para vencermos", disse.
Plouffe declarou que seu papel será criar uma estratégia para eliminar as barreiras existentes ao Uber atualmente. "O Uber tem a chance de ser a empresa de uma década, se não de toda uma geração. É claro, isso se torna uma ameaça para alguns, e eu tenho visto como o cartel da indústria de táxi tem tentado ficar no caminho da mudança e da tecnologia", afirmou por meio de um comunicado.
A companhia, considerada a maior startup da atualidade, recebeu em junho um investimento de US$ 1,2 bilhão, que elevou seu valor de mercado para US$ 18,2 bilhões. Mas apesar do sucesso entre investidores, o aplicativo se tornou alvo de protestos de taxistas e cooperativas de todo o mundo, inclusive no Brasil, acusado de realizar transporte ilegal de passageiros e de promover concorrência desleal.
A contratação de Plouffe chega em um momento em que a empresa se vê diante de desafios cada vez maiores para operar no mercado. Enquanto em cidades como Londres o serviço foi considerado legal após alguma resistência, o app foi banido em cidades como Berlim e Hamburgo, na Alemanha.
No Brasil, as prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro, onde o Uber funciona atualmente, declararam o serviço ilegal. A empresa se defende alegando estar disposta a discutir com os governos locais das cidades onde atua a criação de novas regras que contemplem o serviço ofertado pelo aplicativo.
"Somos uma indústria totalmente nova. E as leis em vigor atualmente foram escritas há décadas, quando não existiam os smartphones", disse o diretor de comunicação do Uber, Lane Kasselman, em entrevista recente ao Link.