Marketing

Quando o marketing vai além: o papel dos profissionais na transformação social

Projeto Eggs for Good mostra como a iniciativa de executivos pode gerar impacto real em comunidades e criar novos modelos de negócio sustentáveis

Projeto Eggs for Good, da DSM-Firmenich: dois executivos seniores da empresa usaram experiência na cadeia produtiva para estruturar um programa voltado à segurança alimentar (Getty Images/Getty Images)

Projeto Eggs for Good, da DSM-Firmenich: dois executivos seniores da empresa usaram experiência na cadeia produtiva para estruturar um programa voltado à segurança alimentar (Getty Images/Getty Images)

Publicado em 27 de março de 2025 às 17h29.

Última atualização em 28 de março de 2025 às 15h28.

O marketing sempre foi visto como uma ferramenta para atrair consumidores e gerar vendas. Mas, nas abordagens mais recentes e estratégicas, ele assume um papel muito maior: o de conectar todos os stakeholders e criar verdadeiras comunidades em torno das marcas.

O envolvimento das pessoas com as empresas não acontece apenas pelo consumo, mas pela relação de significado que as marcas constroem. Isso vale, inclusive, para os colaboradores, que, quando se sentem parte de uma missão maior, ganham motivação para usar sua influência e seus recursos para iniciativas que transcendem o ambiente corporativo e se tornam agentes reais de mudança na sociedade.

O problema é que, muitas vezes, falta justamente essa iniciativa. Vivemos em um momento onde muitos profissionais se sentem desmotivados ou indiferentes, acreditando que mudanças reais só podem vir "de cima", da liderança ou de políticas institucionais. O comodismo e a falta de engajamento fazem com que oportunidades sejam desperdiçadas. Mas há exceções – e elas mostram o enorme potencial que temos quando indivíduos resolvem agir.

Um exemplo desse impacto é o projeto Eggs for Good, da DSM-Firmenich. Nele, dois executivos seniores da empresa, Luiz Leite e Maurício Adade, usaram sua experiência na cadeia produtiva para estruturar um programa voltado à segurança alimentar.

O projeto nasceu não apenas da visão desses executivos, mas da conexão genuína entre os princípios da organização – sustentabilidade, nutrição acessível e impacto social – e a vontade de transformá-los em ações concretas. Isso prova que propósito corporativo não precisa ser apenas discurso: quando há pessoas dispostas a fazer acontecer, ele se traduz em mudanças reais, sem que a empresa perca sua visão de negócios.

A mecânica do projeto é relativamente simples: a DSM-Firmenich capacita pequenos produtores para garantir a produção sustentável de ovos enriquecidos, que são vendidos a escolas públicas e comunidades vulneráveis a preços acessíveis. A empresa forneceu a estrutura, a gestão e o fluxo de caixa necessário para que pequenos produtores rurais se tornassem granjeiros, criando uma operação financeiramente sustentável e escalável.

Além disso, ao participar dessa cadeia produtiva, a DSM-Firmenich conectou os pequenos produtores a fornecedores que, sozinhos, não conseguiriam garantir as matrizes e a alimentação necessárias para que o projeto ganhasse escala. Uma vez implantado, o programa se torna autossustentável e continua a crescer.

Os impactos já são visíveis. No Brasil, o projeto foi implementado em Rebouças, no Paraná, beneficiando mais de 12 mil crianças com ovos fortificados na merenda escolar. Além disso, 2,3 mil famílias foram impactadas, fortalecendo a economia local e criando uma nova cadeia de valor.

Esse resultado só foi possível porque executivos decidiram agir. Vale lembrar que empresas, por si só, não têm sentimentos ou interesses comunitários – elas são entidades impessoais. Mas as pessoas que as compõem podem ter. Quando indivíduos dentro da organização tomam a iniciativa, conseguem mobilizar recursos e influenciar a cultura corporativa para gerar impacto real. E, quando esse engajamento se espalha, mais atores podem se juntar à causa: clientes da DSM-Firmenich (que são grandes multinacionais), fornecedores, a comunidade local e até incentivos governamentais podem ser angariados e fazer o projeto crescer.

A relação entre essa iniciativa e o Marketing H2H é evidente. Projetos com impacto social não apenas beneficiam comunidades, mas fortalecem a reputação da empresa e aumentam o engajamento interno.

Quando colaboradores percebem que fazem parte de uma organização que age de acordo com seus valores, a motivação cresce – e, com ela, a vontade de se envolver em novas iniciativas.

Como destacou Luiz Leite, gestor do projeto: "O sucesso desse projeto está diretamente ligado à participação ativa dos nossos colaboradores, que ajudaram a ajustar e aprimorar o modelo ao longo do tempo." Esse tipo de engajamento gera um efeito multiplicador: quanto mais envolvimento e impacto, maior a capacidade da empresa de mobilizar sua rede para novas iniciativas.

No fim, grandes mudanças não acontecem apenas por meio de políticas corporativas bem desenhadas. Elas dependem do engajamento individual de cada profissional.

Cada colaborador tem o potencial de usar seu conhecimento e sua posição para criar iniciativas de impacto. Empresas podem – e devem – ser mais do que fornecedoras de produtos e serviços: elas podem ser agentes ativos de transformação social. Mas isso não acontece sozinho. É preciso sair da inércia, deixar o conformismo de lado e assumir a responsabilidade de agir. Se cada profissional decidir fazer sua parte, o impacto coletivo será muito maior do que imaginamos.

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