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Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2010 às 14h58.
São Paulo - A polêmica campanha da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) que vazou na última sexta-feira não será veiculada. A ideia era mostrar 4 peças que combatem o preconceito à religião, em defesa do ateísmo. A propaganda seria exibida nos ônibus de Salvador e Porto Alegre a partir desta segunda.
De acordo com nota publicada no site da Associação, a empresa responsável pela veiculação na capital baiana entrou em contato com a Atea informando que não iria cumprir o contrato assinado com a entidade, temendo ação do Estado e dos empresários de ônibus. A Atea informou que estuda ação legal.
Além disso, de acordo com o site, a Agência de Transportes Públicos em Porto Alegre vetou a campanha local sob argumento de que infringe uma lei municipal que restringe temas religiosos na publicidade de ônibus. A ação aconteceria em 10 ônibus em Porto Alegre, financiados por um único doador paulista, e 5 ônibus em Salvador, financiados com recursos da entidade e outros doadores.
Na sexta-feira a repercussão foi grande. Ganhou destaque em vários portais e jornais ao passo que também gerou polêmica. As peças mostram, por exemplo, que religião não define caráter. Em um dos anúncios, Charles Chaplin e Adolf Hitler aparecem lado a lado, sendo que o primeiro deles dizia não acreditar em Deus e o segundo, sim.
A Atea afirma que a campanha "não procura fazer desconversões em massa". A Associação diz que os objetivos são "conseguir um espaço na sociedade que seja proporcional aos números, diminuindo o enorme preconceito que existe contra ateus, e caminhar rumo à igualdade plena entre ateus e teístas, que só existe quando o Estado é verdadeiramente laico - o que está muito, muito longe de acontecer"
História
De acordo com a Atea, o lançamento da campanha ocorreu pouco depois de o Ministério Público Federal ajuizar ação civil pública contra o jornalista José Luiz Datena pedindo retratação de suas afirmações ofensivas contra ateus. Datena é alvo de um inquérito civil aberto pelo Ministéiro Público Estadual e uma investigação criminal na Delegacia de Crimes de Racismo e Discriminação, em São Paulo, requerida pela Atea.
As iniciativas de autoridades públicas em defesa dos ateus, embora tenham sido provocadas pela Atea e outros ateus, são inéditas no país e, segundo a Associação, "constituem marcos importantes na luta por direitos". Recentemente a Atea exerceu direito de resposta em dois grandes jornais do país com relação a um par de artigos de Frei Betto relacionando tortura a ateísmo militante.